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Protetores se unem para reduzir abandono em Porto Alegre

26 de dezembro de 2011
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Sara dedica boa parte de seu tempo para cuidar dos animais (Foto: Arquivo pessoal)

Basta caminhar pelas ruas de Porto Alegre para perceber um dos problemas da cidade: os animais abandonados. São pelo menos 500 mil. De acordo com estimativa da Secretaria Especial dos Direitos Animais (Seda) e ONGs, para cada três moradores da capital gaúcha, há um cão ou gato sem lar. Para reduzir esses números, amantes dos bichos se unem e criam diversos abrigos independentes.
O G1 conversou com três grupos de protetoras. Duas abrigam animais abandonados em seus sítios, próximos a Porto Alegre. Juntas, elas somam, entre cachorros, gatos e até um cavalo, 638 animais. “Já chegou ao limite. Por falta de espaço, tenho cerca de 20 cães em casas de passagem”, explica Paula Lopes, do Projeto Adoradores de Vira-Latas.
Na ânsia de ajudar, algumas chegam a se endividar. É o caso de Sara Vieira, da ONG Anjos de Patas. Até o início de dezembro, ela acumulava uma dívida de R$ 12 mil na distribuidora de ração. “Levo R$ 3 mil, e compro mais. Faz uns seis meses que não consigo baixar. Já vendi meu carro para comprar o sítio que tenho e que é a casa deles”, conta a protetora, que trabalha em uma empresa de gesso. Apesar das dificuldades, ela dá um jeito de seguir com o projeto: “Jamais tiraria dinheiro dos ‘cuscos’, muito ao contrário, parte do meu eu dou a eles”, completa.
Táxi-dog e hospedagem para garantir ração aos cães
A ajuda que vem de fora é sempre bem-vinda. As protetoras se mantêm com o apoio de pessoas que também lutam pela causa. Recebem doações de ração e até de dinheiro. Outra forma de arrecadação é a organização de brechós e feiras para venda de artigos para animais.
Diferente de Sara, que tem um trabalho paralelo, Paula se dedica integralmente à proteção dos animais. Para amenizar as dificuldades, além das vendas que também promove nas feirinhas, ela criou outros meios para se manter, como o táxi-dog. “Não tenho como ter outro trabalho. Para ter uma renda extra faço hospedagem e táxi-dog, um serviço para quem precisa transportar algum animal machucado que é encontrado nas ruas, por exemplo, e não tem como levá-lo a alguma clínica”, conta.
Paula recebe doações para manter o sítio (Foto: Arquivo pessoal)

O trabalho da Seda
Pelo lado da Prefeitura, a Seda encaminha para atendimento cerca de 70 animais por semana a uma clínica veterinária licitada, localizada na Zona Norte da cidade. Um veículo doado pela Associação de Transportadores de Passageiros (ATP) visita comunidades de Porto Alegre e recolhe os bichinhos. “O ônibus tem capacidade para 31 cães e gatos. Funciona com pré-agendamento. Nas segundas e quartas recolhemos, e terças e quintas devolvemos os animais”, explica a coordenadora da área de medicina veterinária da secretaria, Márcia Gemerasca.
Ônibus da Prefeitura transporta animais para cuidados especiais (Foto: Guerreiro/Divulgação PMPA)

É no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) que os animais sem lar são abrigados. Estão no local 60 cães e 12 gatos que foram abandonados. Assim como muitos outros, eles esperam por adoção. “Não podemos virar um depósito de animais. Eles recuperam-se e voltam aos seus tutores e lares, ou para quem os resgatou. Se não puderem ficar com o animal, eles permanecem aqui, mas sempre procuramos o encaminhamento”, diz Gemerasca.
Para evitar o aumento de animais nas ruas, a Seda investe na castração e na identificação por microchip. Quando um cão ou um gato é adotado, seus dados ficam gravados na internet. Se ele se perder ou for abandonado, é possível fazer a localização. O procedimento também é adotado por clínicas veterinárias.
Internet como aliada
É por meio das redes sociais que as protetoras encontram o principal canal de divulgação da causa e, consequentemente, conseguem mais ajuda. Fotos e informações enviadas por qualquer pessoa que tenha algum animal para adoção, por exemplo, são publicadas nas páginas de blogs e Facebook.
“Só posso agradecer pela ajuda na internet, além de sempre conseguir bons adotantes, todos os dias aparecem pessoas querendo doar R$ 10, doar ração… Tudo ajuda muito”, diz Sara.
A internet também é a melhor amiga de pessoas que se uniram para ajudar a encontrar lares para animais abandonados. É o caso de três amigas que fundaram o projeto Animal é tri!, em Porto Alegre. Ao contrário de Paula e Sara, elas não têm um sítio para abrigo e adoção, por isso mantêm cães e gatos nas próprias casas, em protetoras ou em casas de passagem, que cobram cerca de R$ 120 por mês por animal.
“Hoje temos mais de 20 esperando adoção”, conta Tathiana Jaeger, que é professora estadual e dá aula de artes visuais em duas escolas. Além dela, Cláudia Cantagalo e Marcela Mourão estão no projeto. “Pela nossa página já conseguimos muitas coisas, a internet forma uma corrente do bem muito grande”, acrescenta.
Em um ano de trabalho, o Animal é tri! contabiliza 40 adoções. A página do projeto no Facebook também divulga casos de outras protetoras. Por isso, recebeu o nome de Mural dos Bichos RS. Em quatro meses no ar, já soma mais de 2.700 fãs. Em breve, as amigas pretendem fazer do projeto uma ONG.
Fonte: G1

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