Por Cibele Clark (em colaboração para a ANDA)
Atualmente existem projetos de aquários de grande porte em Brasília, Fortaleza e Rio de Janeiro. O aquário de Brasília pretende trazer para as suas instalações espécimes com origem no ambiente marinho e nas principais bacias hidrográficas brasileiras. Várias espécies estão ameaçadas de extinção como pinguins-de-magalhães, tubarão-porco, tubarões-bambu, espécies de arraias — prego, ticonha e borboleta, três de moreias — verde, pintada e comum. Além de caranguejos, enguias, lagostas, ouriços, camarões e diversos outros peixes.
Entre outras espécies dos rios brasileiros, o aquário pretende expor pacus, tambaquis, jaús, tucunarés, piranhas, matrinxãs, pirarucus, cascudos e cruzeiros-do-sul. “Queremos explorar o máximo do nosso potencial de atração de público e ultrapassarmos a marca atual de um milhão de visitantes por ano com os aquários”, afirma o diretor do Zoológico de Brasília, José Belarmino.
Em Fortaleza um aquário de 21,5 mil metros quadrados de área construída com 38 tanques com capacidade total de 15 milhões de litros d’água para abrigar 500 diferentes espécies de animais pretende se tornar um dos principais atrativos turísticos do Ceará. A obra está orçada em R$ 150 milhões.
Quanto ao aquário do Rio de Janeiro, o AquaRio, está sendo construído no que sobrou de um antigo frigorífico na área portuária cedido em 2007 pela prefeitura. Sócias na obra desde 2012, as empresas Cataratas do Iguaçu (que opera no Parque Nacional do Iguaçu e no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha), Esfeco (administradora da Estrada de Ferro do Corcovado) e Bel-Tur (transportadora) têm o patrocínio de R$ 10 milhões da Coca-Cola. Está previsto o investimento de outros R$ 80 milhões na primeira fase, mas o total pode passar de R$ 140 milhões quando tudo estiver pronto. A obra está sendo feita pela Kreimer Engenharia. O projeto prevê cinco andares e 22 mil metros quadrados de área construída, e pretende trazer um urso polar aos trópicos.
Entre as espécies, aparecerão por trás do acrílico tubarões mangona e lambaru de até três metros, arraias e grandes peixes oceânicos como xaréu, olho-de-boi e dourado. Parte dos animais será pescada ou comprada no comércio internacional, outra, trocada com aquários do mundo. Ao todo, serão 25 tanques com oito mil animais de 300 espécies. Há uma parceria com o Departamento de Biologia Marinha da UFRJ para a criação do Centro de Pesquisas Científicas. São esperados até cinco mil visitantes por dia, das 9h às 18h.
Estes projetos de prisões marinhas onde se pretende iludir as pessoas com uma falsa imagem de que os animais serão bem tratados é um desserviço à luta dos ativistas internacionais da causa animal, que, com o apoio de celebridades do cinema e da música, demonstram com fatos, que os peixes são vitimas de todo tipo de torturas para que fiquem detidos em ambientes mínimos onde as suas vidas valem o lucro dos comerciantes e biólogos que chefiam os projetos.
Não há qualquer intuito educativo e de preservação dos animais, pois se deprimem e morrem em cativeiro e nada se aprende com peixes que tem o comportamento completamente alterado fora de seu ambiente de origem. Os peixes nadam quilômetros num dia e ficam extremamente estressados nadando em círculos sentindo as vibrações das mãos das pessoas nos vidros ou acrílicos. Este barulho é aumentado em muito no ambiente aquático.
O comércio de peixes é alimentado pelo tráfico internacional de animais, ambiente perverso de captura e venda de seres sencientes. A maioria morre no momento mesmo da captura. Animais não existem para entretenimento e sim para levar a sua vida em seu habitat natural.
A coca-cola visa trazer um urso polar (símbolo de sua marca) para o aquário do Rio de Janeiro, o AquaRio, em pleno engajamento mundial para a transferência para o Canadá do urso polar Arturo que está morrendo de depressão no zoo de Mendoza, Argentina. Seu sistema neurológico está afetado depois de 29 anos em cativeiro, seu pelo todo queimado devido ao sol dos trópicos.
É preciso que as pessoas saibam que os animais sentem dor e angústia, não são objetos de pesquisa, a não ser para defendê-los do massacre a que são submetidos pelos próprios humanos. Devem ser preservados em seus ambientes naturais para que o ecossistema seja mantido. Qualquer tentativa de aprisionamento de um animal é cruel. Animais marinhos vivem no mar assim como os terrestres vivem nas terras. Alterar esta ordem é uma demonstração de que o interesse está no lucro. Para conhecer as maravilhas dos oceanos basta que se faça um curso de mergulho, adultos e crianças, ou mesmo de snorkel podem-se observar os peixes em seus ambientes marinhos e interagir com eles como visitantes reais de um mundo submerso que jamais será sequer imaginado nas paredes frias de concreto cheias de peixes confusos e tristes.