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Projeto Bicho Preguiça recupera animais em Pernambuco

16 de agosto de 2015
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Sara tem o lado esquerdo paralisado e é carregada no colo pela bióloga Fernanda Foto: Mariana Mesquita/JC Imagem
Sara tem o lado esquerdo paralisado e é carregada no colo pela bióloga Fernanda
Foto: Mariana Mesquita/JC Imagem

Agarrada ao pescoço de Fernanda, Sara olha placidamente para a copa da embaúba, a dez passos de distância.As folhas continuam sendo seu principal alimento, mas a preguiça não tem mais condições de escalar a árvore. Há um ano sob os cuidados da bióloga Fernanda Justino, Sara vem fazendo fisioterapia e até recebeu a doação de um sling para poder ser carregada, como um bebê, várias horas por dia.
Desde que chegou, quase morrendo, ela recuperou a saúde, mas provavelmente jamais poderá ser solta na natureza, porque tem o lado esquerdo do corpo totalmente paralisado. Ainda assim, a dócil Sara exerce um papel muito importante dentro do projeto Bicho Preguiça, realizado em parceria com a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH): ela atua como “mãe adotiva” para as preguiças-bebês que chegam ao órgão. Caso de Binho, um machinho de quatro meses que é alimentado com mamadeiras de leite sem lactose para recém-nascidos e, quando estiver mais crescido, será reintegrado à mata do zoológico de Dois Irmãos.
O projeto inovador existe há quatro anos e tomou mais força em 2014, quando a responsabilidade pelos animais silvestres foi estadualizada, passando do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) para a CPRH. Fernanda, apaixonada pelas preguiças desde criança, trabalha junto com o veterinário responsável pelos mamíferos do zoológico, Dênisson Souza. De tanto atuarem juntos, acabaram namorando. E é com naturalidade que chegam a levar os animais doentes para as próprias casas, cuidando deles noite e dia e alcançando resultados que vêm se tornando referência no País.
Até 2011, os animais com problemas precisavam ser levados para Ilhéus, na Bahia, onde a bióloga Vera Lúcia de Oliveira realiza um projeto pioneiro com a espécie preguiça-de-coleira. As nativas de Pernambuco são de um tipo diferente (preguiça comum ou de garganta marrom), mas por conta da falta de suporte local, os bichos eram encaminhados para lá. Hoje, Fernanda e Dênisson comemoram ter conseguido devolver vários animais à natureza, com um índice de sucesso sem precedentes. A bióloga lembra com especial carinho de Clarice, que ficou sob sua guarda por um ano e meio e depois ganhou a liberdade. “Pintei as unhas dela com esmalte colorido e continuo mapeando, para saber se está bem”, ri Fernanda, feliz.
Fonte: Jornal do Commercio

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