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Primata de Madagascar pode ser extinto devido a crenças regionais

26 de março de 2012
3 min. de leitura
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Por Natalia Cesana  (da Redação)

Foto: Reprodução/Daily Mail

Com seus olhos amarelos esbugalhados e suas orelhas caídas, este lindo bebê de lêmure aye-aye só quer ser amado.

Mas com apenas seis semanas de vida já é cruelmente vítima de mais uma crueldade humana: considerado um mau presságio para parte dos povos nativos da ilha de Madagascar, é muitas vezes sacrificado para que a chegada da ‘má sorte’ seja evitada.

Acredita-se que se a ponta do dedo médio do aye-aye, que é longo e fino justamente para alcançar o alimento, encostar em alguém, essa pessoa está condenada à morte.

Alguns ainda dizem que a aparição deste animal em um vilarejo indica a morte de algum morador.

O aye-aye é considerado por muitos como o primata mais diferente do mundo, com características físicas incomuns, incluindo incisivos que nunca param de crescer, orelhas muito grandes e um dedo do meio que lembra o de um esqueleto e tem função sensorial.

O bebê da foto nasceu no Centro Duke Lemur, na Carolina do Norte, e foi batizado de Elphaba, o nome real da Bruxa Má do Oeste, da história O Mágico de Oz.

Elphaba carrega também alguma semelhança com o Mestre Yoda, da série Star Wars.

Sua dieta é muito específica e inclui larvas, nozes e matéria animal. Ele caminha de árvore em árvore, tocando-as com o dedo comprido e auscultando o tronco com suas grandes orelhas para perceber qualquer movimentação interna.

Quando ele encontra algum túnel de inseto, quebra a casca e insere o dedo como se fosse um gancho para conseguir alcançar o conteúdo.

Ao contrário de muitas espécies, os aye-ayes são presas e muitas vezes mortos para evitar que virem pragas nas plantações agrícolas.

Pesquisas recentes mostram que esse animal, único integrante ainda vivo da família Daubentoniidae, está mais difundido do que se imagina anteriormente, mas ainda é classificado como sendo uma espécie perto da ameaça de extinção.

Uma das razões pelas quais se pensava que o aye-aye era raro se deve à dificuldade em acontrá-lo. Ele tem hábitos noturnos, é solitário e passa 80% da noite se alimentando e andando pelas florestas.

O Centro Duke Lemur abriga 20 dos 32 aye-aye que existem no mundo.

Por milhões de anos, os lêmures, ancestrais dos macacos, símios e humanos, evoluiram de forma isolada em Madagascar.

Com poucos predadores naturais e uma exuberante vegetação, os lêmures floresceram na ilha paradisíaca até 2.000 anos atrás, quando os humanos começaram a se estabelecer por lá.

Desde que os primeiros imigrantes chegaram, um terço das espécies de lêmures se extinguiu.

Como a população de Madagascar está dobrando a cada 25 anos, existe uma grande pressão por terras, principalmente a agricultura de corte e queima.

Assim, a preservação e a proteção são as únicas e verdadeiras formas de abordagem.

O Centro Duke Lemur foi criado em 1966 e hoje é o maior santuário do mundo para primatas raros e ameaçados de extinção.

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