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Por mês são sacrificados 800 cães e gatos no Recife

4 de setembro de 2011
4 min. de leitura
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Foto ilustrativa (s/c)

Mensalmente, cerca de 800 cães e gatos que foram abandonados ou fugiram para as ruas, no Grande Recife, PE, são recolhidos. Por falta de iniciativa pública e social, esses animais são levados, praticamente sem direito a uma segunda chance, para o Centro de Vigilância Animal (CVA), localizado no bairro de Peixinhos, na Região Metropolitana. Cerca de 10% deles, apenas, são recuperados pelos tutores ou adotados, o restante é sacrificado.

Segundo o Diretor do CVA, Amaro Fábio de Albuquerque, a unidade só retira das ruas os animais doentes. “Eles vêm para o centro receber tratamento veterinário, feito gratuitamente. Não recebemos animais sadios”. Ele também informou que o processo de eutanásia foi reformulado e agora age com base na lei 14.139, do Governo do Estado, que proíbe o sacrifício de animais sadios.

Porém, quando questionado sobre o destino dos animais que recebem o tratamento adequado e possivelmente deveriam voltar às ruas, o diretor não se pronunciou. Ele defende que a matança também é realizada para evitar a transmissão de zoonoses (doenças de animais transmitidas ao homem). “Nós não vamos soltar um animal doente na rua. Então ele é recolhido e passa pelo processo de esterilização. O CVA também faz o controle da dengue e da água”, disse.

O Código Municipal de Saúde, de 20 de janeiro de 1995, diz que o animal deve permanecer no CVA por três dias úteis. Após esse período, se o proprietário não resgatá-lo, ele será sacrificado. A nova lei não anula o código, e a prática da eutanásia indiscriminada continua sendo uma realidade. As carcaças dos bichos eutanasiados são encaminhadas ao incinerador da prefeitura, no Curado, ou ao aterro sanitário da Muribeca, em Jaboatão.

Controle de natalidade e educação ambiental

O problema seria menor se políticas de controle reprodutivo desses animais fossem aliadas à educação pública. “Criar um animal não se resume a comprar ração e dar banho. O número de animais mortos ainda é grande ainda falta nas pessoas educação nesse sentido. O correto seria implantar uma política eficiente de castração”, disse o Zoólogo André Pimentel.

A eutanásia é considerada como ‘a morte boa’, porém, deve ser usada em última instância, quando um animal já não tem mais nenhuma chance de sobrevivência. A diferença é que as pessoas fazem a eutanásia por uma questão de números, só para diminuir os animais que estão em abrigos, isso não é correto”, disse André.

Entidades de defesa dos direitos animais cobram a apresentação, pelo CVA, de nota fiscal da compra de anestésicos. “Se existe um estoque de medicação porque eles não apresentam as notas? Não existe lei que impeça o gestor de fazer isso.”, declara a ativista Maria Padilha, da Associação Amigos Defensores dos Animais e do Meio Ambiente.

“Hoje a extinção da eutanásia é quase uma utopia. Existe um paradigma da sociedade que vê apenas o homem como o centro, no dia que isso mudar iremos achar a melhor forma de preservar outras vidas, acabar com o sacríficio animal e controlar as zoonoses. Mas, para mim, não existe morte boa”, disse a defensora.

Ainda segundo Maria Padilha, a prática muitas vezes é feita quando o animal envelhece e os sinais da idade começam a aparecer. “A idade média de um cão hoje, dependendo da raça e do tamanho, varia entre 15 e 16 anos. Quando ele fica velhinho chegam as doenças da idade e os guardiões (chamados de proprietários) mandam o veterinario fazer a eutánasia para o animal. Como médico e humano ele não deveria fazer. O papel do veterinário é sensibilizar e mostrar à pessoa que da mesma forma que um ser humano envelhece e precisa de cuidados, os animais também precisam.”

Um ato de amor

A estudante de fisioterapia, Marília Rodrigues, 21 anos, é tutora de Lucky, um yorkshire de três anos. Ela conta que o animal é tratado como um membro da família e que, apesar de saber que um dia ele vai envelhecer e precisar de cuidados especiais, ainda não pensa nisso.

“Quando escolhemos ele a gente sabia que um dia ele iria ficar velho, mas fizemos uma opção. Sei que vai ser difícil, não gosto nem de imaginar, mas tenho certeza que vamos continuar cuidando dele. Acho que as pessoas que abandonam os animais quando eles mais precisam da gente não têm amor à vida.”

Muitos também abraçam a causa por solidariedade, como a estudante de psicologia, Deborah Cavalcanti, 27, que já chegou a ter 12 gatos adotivos em casa. “Já cheguei a ter 12 gatinhos em casa. Uns foram cria de uma gata que eu tive e outros eu pegava na rua ou apareciam aqui e a gente adotava.”

A jovem também disse já ter passado pela experiência de ter que eutanasiar um animal. “A minha primeira gata teve câncer e estava em estado terminal. Ninguém agüentava vê-la sofrer e os veterinários já tinham condenado a gata. Decidi, com muita dor, fazer o procedimento. Sei que foi melhor para ela, mas é um caso bem específico. Não sou a favor da matança, e sim de aliviar a dor de um animalzinho”, lembra Deborah.

Fonte: Ciência e Meio Ambiente

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