A empresa biomédica Laboratórios Charles River, avaliada em mais de US$ 12 bilhões, pretende construir um centro de pesquisa no condado de Brazoria, perto de Houston, nos Estados Unidos, para criar e alojar até 43 mil macacos para serem usados em experiências laboratoriais.
O local escolhido para a instalação é uma área de 500 acres na fronteira com terras pertencentes e protegidas pela The Nature Conservancy, pelo Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA e pelo Refúgio Nacional de Vida Selvagem de San Bernard.
Mas a ideia cruel está enfrentando resistência por parte dos moradores e autoridades, devido a preocupações com o impacto nos valores das habitações, nos níveis de ruído e na propagação de doenças.
“Quanto barulho fazem 43 mil macacos?”, questionou Jason Robert, um trabalhador das proximidades, ao Wall Street Journal. “Tenho certeza de que eles não são quietos.”
John Stern, um veterinário aposentado que construiu um retiro para sua família no condado, acrescentou: “Achei que este seria um lugar para fugir de tudo. Agora uma fazenda de macacos é minha vizinha”.
“Catástrofe ética, ambiental e científica”
A People for the Ethical Treatment of Animals (PETA) juntou-se aos residentes e representantes do condado em manifestações que levaram o Conselho de Comissários da região a adotar por unanimidade uma resolução recomendando que as autoridades estaduais e federais não emitam as licenças ambientais necessárias para a empresa construir o centro.
“Charles River está propondo a maior catástrofe ética, ambiental e científica da história americana”, disse Lisa Jones-Engel, cientista de primatas da organização de direitos animais, em comunicado. “A PETA aplaude as autoridades do condado de Brazoria por tomarem medidas para bloquear este plano perigoso e insta as autoridades federais e estaduais a fazerem o mesmo.”
A entidade destaca que a instalação proposta produziria cerca de 100 mil galões de resíduos líquidos todos os dias, representando um grande risco de danos ambientais aos pântanos, lagos e pradarias costeiras protegidos que fazem fronteira com a propriedade.
Além disso, introduziria saliva, sangue e outros fluidos corporais de macacos no meio ambiente. E é sabido que esses animais explorados pela indústria de experimentação carregam e transmitem uma série de patógenos e doenças, incluindo vírus do herpes B, tuberculose, vírus semelhantes ao Ebola, vírus da febre hemorrágica símia, shigelose, salmonelose, Campylobacter, malária e dengue.
Após tamanha repercussão, os laboratórios Charles River, que foram fundados em 1947 e operam mais de 150 instalações em 21 países, informaram que os planos foram suspensos por ora.
Nota da Redação: A ANDA expressa veementemente sua oposição à criação desta fazenda de macacos. Tal iniciativa é contrária aos princípios éticos, e dos direitos animais. A criação de macacos para fins de experimentação científica não apenas representa uma ameaça à integridade e bem-estar desses seres sencientes, mas também contradiz os avanços em métodos alternativos e éticos na pesquisa. Devemos promover práticas que respeitem e preservem a dignidade dos animais, buscando alternativas mais humanitárias e eficazes no campo científico.
