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INTERVENÇÃO HUMANA

Pesquisa mostra que agrotóxicos estão causando a morte e araras-azuis e mutação de antas em biomas do Brasil

14 de março de 2022
Thayanne Magalhães l Redação ANDA
2 min. de leitura
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Araras foram encontradas mortas e pesquisa investigou causa (Foto: Instituto Arara Azul/Reprodução)

Pesquisadores analisaram os corpos de araras-azuis encontradas mortas por produtores rurais do Mato Grosso do Sul e identificaram a presença de agrotóxico nos organismos das aves. Outros cientistas também estão preocupados com outro animal, a anta.

A espécie que já é ameaçada de extinção em razão do tráfico de animais silvestres, agora sofre nova ameaça vinda dos seres humanos.

Os pesquisadores publicaram o resultada da análise na revista “Scientific Reports”, um braço da conceituado grupo Nature, confirmando que a morte dos animais foi ocasionada por um intoxicação por organofosforado, um tipo de pesticida.

As araras-azuis foram analisadas no Centro de Assistência Toxicológica, em São Paulo, após passarem por exames necroscópicos em Mato Grosso do Sul.

“Nós fizemos necropsia, aqui em Campo Grande, coletamos os órgãos e enviamos para o laboratório, em Botucatu, com suspeita de envenenamento por agrotóxico”, afirmou Neiva Guedes, pesquisadora do Instituto Arara Azul, ao G1.

O Instituto Arara Azul atua há mais de 30 anos no Pantanal e ainda depende de parcerias para realizar o trabalho de análise da presença de substâncias tóxicas em aves vivas.

Antas
Outro grupo, o Instituto de Pesquisas Ecológica, coletou amostras de mais de 100 antas mortas, atropeladas em rodovias e também de animais vivos capturados em campo. O estudo começou em 2016, em regiões cercadas por lavouras e pastagens, e constatou que, no Cerrado, a Anta está perdendo a luta para os agrotóxicos.

Pesquisa aponta que as antas estão ingerindo os agrotóxicos por meio das plantas que comem em seu habitat natural (Foto: Reprodução)

Os especialistas explicam que as exposições das antas aos agrotóxicos são feitas no próprio habitat, seja pela ingestão de plantas em contato com o solo ou água contaminada. “A análise estomacal demonstra exposição pela ingestão de plantas nativas contaminadas e de itens das culturas agrícolas eventualmente utilizados como recurso alimentar”, descreveram os cientistas do Instituto de Pesquisas Ecológica em um artigo.

Os cientistas identificaram que antas do Cerrado vivem até dez anos menos que em outros biomas e encontram alguns animais com deformações, como dedos a mais nas patas. De cada 10 amostras, quatro tinham altas concentrações de diferentes tóxicos.

“Quase metade de tudo o que a gente coletou para amostra foi positivo para um ou mais agroquímico. a gente tem caso de três ou quatro. O que é de fato preocupante é que a maioria desses agroquímicos são altamente tóxicos pro meio ambiente, altamente tóxicos pros seres humanos e pros animais, certamente”, enfatizou a coordenadora de pesquisa do Instituto de Pesquisas Ecológicas, Patrícia Médice.

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