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Pesca e ingestão de plástico ameaçam tartarugas marinhas, diz estudo

14 de agosto de 2010
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A bióloga Juliana de Azevedo Barros defendeu nesta sexta-feira, 13, dissertação de mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Biológica da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) sobre os hábitos alimentares da tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta).

Intitulada “Alimentação da tartaruga-cabeçuda em hábitat oceânico e nerítico no sul do Brasil: composição, aspectos nutricionais e resíduos sólidos antropogênicos”, a dissertação mostra que estes animais estão alimentando-se de iscas e descartes de pescarias. E isso aumenta as chances de captura desta espécie na pesca.

A bióloga observa que, segundo especialistas do mundo todo, esta é, atualmente, a principal ameaça às tartarugas marinhas, que são animais em risco de extinção. Seu trabalho comprova que essa interação com a pesca ocorre também no Rio Grande do Sul.

A conclusão foi obtida a partir da análise de animais mortos capturados incidentalmente na pescaria de espinhel pelágico e também encontrados à beira de praia. O trato gastrointestinal (esôfago, estômago e intestino) deles foram removidos e analisados quanto à presença de resíduos. Na averiguação, foi constatado que a tartaruga-cabeçuda frequentemente ingere resíduos sólidos, sendo o plástico com maior incidência, seguido por madeira.

De 35 tartarugas analisadas no ambiente oceânico gaúcho, 34 apresentaram resíduos sólidos no trato gastrointestinal (91,43%), “a maior frequência já registrada na bibliografia disponível”, segundo Juliana. A autora relata que este trabalho, realizado durante dois anos e meio, teve como proposta a caracterização quali-quantitativa da dieta da tartaruga-cabeçuda em hábitat oceânico e nerítico.

De acordo com a bióloga, a poluição do mar hoje é apontada como uma das principais ameaças às tartarugas marinhas. “Elas possuem um complexo ciclo de vida. Após deixar as praias de desova, seguem em direção ao mar, rumo ao oceano aberto, onde passam cerca de uma década até retornarem para zonas costeiras. As juvenis, quando em ambientes oceânicos, frequentemente ingerem resíduos sólidos quando se alimentam. “Os efeitos desta ingestão podem ser letais ou subletais e, direta ou indiretamente, responsáveis pela morte do animal”, destaca. Isso porque estes resíduos obstruem o trato gastrointestinal, o que pode ocorrer mesmo com a ingestão de pequenas quantidades. Os efeitos subletais afetam a fisiologia, causando a redução do crescimento e da reprodução.

“Estudos sobre a ingestão de resíduos sólidos por tartarugas marinhas permitem o conhecimento sobre este impacto, o entendimento da qualidade das áreas de alimentação e como as atividades humanas têm interferido nesses ambientes. Desta forma, auxiliam na elaboração de estratégias de conservação dos hábitats de alimentação, considerados uma prioridade para aumentar as chances de sobrevivência das tartarugas marinhas”, conta.

O sul do Brasil é uma importante área de alimentação da tartaruga-cabeçuda. Das sete espécies de tartarugas marinhas existentes, cinco habitam o litoral do Rio Grande do Sul – a cabeçuda, a verde, a de couro, a oliva e a de pente, as quais são ameaçadas de extinção.

Fonte: Agora


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