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Passagens subterrâneas poderão minimizar atropelamento de animais em Cáceres (MT)

19 de junho de 2011
3 min. de leitura
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Em um trecho de 57 quilômetros da rodovia federal BR-174, que liga Mato Grosso a Rondônia, no percurso entre Cáceres (MT) e o trevo do Cacho (acesso a Mirassol D´Oeste), a reportagem encontrou, na manhã do último dia 11, um total de 18 animais silvestres mortos por atropelamento.

O patrulheiro da Polícia Rodoviária Federal do posto de Cáceres, Wilson Souza Santos, que é formado em Biologia, chegou a fazer um estudo sobre este tipo de ocorrência. “Como fiz o curso de Biologia, me interessei pelo assunto, pois a profissão de patrulheiro me faz deparar-me com este quadro todos os dias”. Segundo ele, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) chegou a manter contato, se interessando pelo estudo, “mas foi um único contato”.

A região de Cáceres tem uma fauna rica silvestre. Como a rodovia BR-174 corta trechos pantanosos, os animais acabam morrendo atropelados quando tentam atravessar a pista. Há trechos mais críticos, especificamente entre os quilômetros 16 e 21, na região do Pé de Anta. E nos 31 quilômetros entre Cáceres e Caramujo, nos pontilhões de vazantes, na época de cheia, quando a água sobe e os animais não conseguem atravessar por baixo das pontes. Além da ameaça à preservação de várias espécies, existe o perigo de acidentes com vítimas. A PRF já registrou acidentes com mortes devido a animais na pista.

A solução, segundo o patrulheiro Wilson, seria a adotada em estradas parques: criar passagens subterrâneas e cercar as laterais das pistas onde a ocorrência de atropelamentos é maior. Além disso, aumentar a sinalização e, mais ainda, realizar um trabalho de educação ambiental.

No trecho citado, as espécies que mais morrem são o lobete, a capivara e o tatu, mas a reportagem encontrou também um jabuti. Já na extensão de 80 Km da BR-070, que liga Cáceres a San Mathias, na Bolívia, a ocorrência maior é do atropelamento de jacarés. O inspetor-chefe da PRF em Cáceres, Nei Pedroso de Barros, afirma que em muitos casos é a maldade dos motoristas que causa a morte do animal, pois ele sabe que não vai danificar seu carro ao passar por cima de um jacaré, então, nem ao menos tenta desviar.

O estudo feito pelo patrulheiro Wilson foi desenvolvido ao longo de sete meses de pesquisa em 2001. Neste período, foram contados 456 animais mortos, sendo que mais da metade – 52,41% – era mamíferos. O patrulheiro esclarece que dados mais atualizados carecem de pesquisa, “mas certamente não houve diminuição destes números, pois a frota automobilística somente aumentou de 2001 para cá.”

“A maior incidência”, diz ele, “é mesmo de tatus, sendo galinha, 33 ocorrências e peba (ou tatu cascudo ou tatu peludo), 17, seguido do jacaré, 24, lobete, 19, e capivara, 18. Se considerarmos que de setembro de 2000 a abril de 2001 tem 242 dias, naquele trecho e naquela época havia uma média de 1,88 animais atropelados e mortos por dia. Mas este é o índice de mortos instantaneamente no local, pois não temos como aferir os que são feridos e vêm a óbito noutra depois”.

Há ainda o registro de atropelamentos de aves (17,32%), possivelmente ao se alimentarem na rodovia ou mesmo atravessarem de um lado para o outro; 16% de répteis e 14,25% de anfíbios. A grande maioria dos atropelamentos desse táxon ocorre no período chuvoso, época reprodutiva. O maior índice de atropelamentos ocorreu no mês de janeiro, pico da estação chuvosa, quando a maioria das áreas marginais está alagadas. Portanto, os animais utilizam as rodovias como refúgio. Algumas espécies foram mais frequentes: sapo, teiú, sucuri e anu preto.

Fonte: Diário de Cuiabá

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