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Passagens ajudam animais a atravessar rodovias sem risco de atropelamento

5 de maio de 2015
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

A primeira visão pode ser dois pontos vermelhos brilhando na densa escuridão à frente. A segunda, um vulto com que o carro se choca. De acordo com o Centro Brasileiro de Estudos em Ecologias de Estradas (CBEE), cerca de 450 milhões de animais silvestres – ou selvagens –­ morrem atropelados todos os anos nas rodovias brasileiras. Isso corresponde a 15 animais mortos por segundo, tempo que levamos para piscar os olhos.
Quase sempre fatal para o animal, um acidente desses também representa risco para os motoristas: uma capivara ou onça chegam fácil aos 90 kg. E o problema, comum em rodovias e ferrovias de todo Brasil, se agrava quanto maior o fluxo de veículos, a velocidade permitida e a largura da via. “Em estradas próximas ou que cruzam áreas naturais bem preservadas, a situação é ainda pior, principalmente onde não há passagens suficientes para a fauna”, afirma Ana Elisa Bacellar Schittini, coordenadora de apoio à pesquisa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Os acidentes acontecem com todo tipo de animais silvestres, mas os de pequeno porte, como sapos, ratos e passarinhos, são os mais vulneráveis. “Além de serem percebidos com dificuldade pelos motoristas, são abundantes na natureza, e, por isso, atropelados com mais frequência”, diz Ana Elisa. Além do fator estatístico, algumas características do comportamento dos animais também os coloca em perigo. Jacarés, cobras e lagartos, por exemplo, gostam de ir para o asfalto porque ele é quente. Já tatus e tamanduás escorregam no contato de suas unhas com a pista.
E há ainda outro agravante: a crença de alguns motoristas de que alguns animais trazem má sorte quando cruzam seu caminho e, por isso, devem ser atropelados. Segundo o Centro Brasileiro de Estudos em Ecologias de Estradas (CBEE), tamanduás-bandeira, corujas, urubus, gaviões, serpentes e sapos estão no topo desta lista absurda.
Essas passagens, que podem ser subterrâneas ou construídas por cima das estradas e permitem que os animais cheguem ao outro lado sem ter de cruzar a pista, é uma das alternativas para reduzir a incidência de acidentes. Há 87 passagens de fauna em rodovias paulistas, segundo a Agência de Transporte do Estado de São Paulo e a previsão é que sejam 150 até o fim do próximo ano. Mas são 6,3 mil km de rodovias sob concessão no estado de São Paulo.
Além da construção de passagens de fauna, outros recursos para reduzir o número de atropelamentos são redutores de velocidade, radares, placas de sinalização, além de campanhas de sensibilização para o motorista. Mas só a instalação desses recursos nas estradas não é suficiente para resolver a questão. “O mais importante é monitorar constantemente a eficiência dessas ferramentas com câmeras e reposicioná-las, se for o caso, sempre que necessário”, alerta a coordenadora do ICMBio.
Dez animais, entre silvestres e domésticos, também são capturados diariamente. E fazer sua reintegração à natureza é responsabilidade das concessionárias. No Grupo CCR, por exemplo, que entre outras administra SPVias, AutoBan, MSVia e NovaDutra, há parcerias com organizações de defesa dos animais, Polícia Militar Ambiental e zoológicos locais para esse trabalho.
Fonte: Revista Auto Esporte

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