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O paradoxo natalino e a compaixão de Jesus

25 de dezembro de 2018
4 min. de leitura
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| Reprodução Facebook / Espiritualidade dos Animais
O nascimento de Jesus, celebrado no Natal, teria ocorrido entre os animais segundo a Bília | Foto: Reprodução Facebook / Espiritualidade dos Animais

Mesa farta, muita comida, presentes, família e celebração. São estas imagens que nos vem à mente quando ouvimos a palavra “Natal”. Imagens estas, amplamente exploradas pelo meio publicitário e repetidas à exaustão em veículos midiáticos, geralmente com os “pratos tradicionais” em lugares de destaque à mesa, ao redor da qual toda a família se reúne.

Esses pratos tão aguardados nada mais são do que cadáveres de porcos, aves, vacas e bois, vitimados pela doutrinação comercial a que somos submetidos desde cedo, assim como nossos pais, avós e inúmeras gerações antes dessas, tanto em nossa, como em tantas outras famílias.

Festa de origem religiosa, o Natal é comemorado no Brasil em 25 de dezembro, já em outras partes e culturas pelo mundo é celebrado em datas e de formas diferentes. Ou sequer é comemorado.

Embora não haja consenso ou evidências comprovadas sobre a data correta do nascimento de Jesus, o Natal é uma data estipulada para comemorar seu nascimento. Segundo a Bíblia, Jesus, o filho de Deus, teria vindo ao mundo para redenção dos pecados da humanidade e teve como missão servir de exemplo, ensinando a todos o perdão e o amor sublime e incondicional.

Ainda de acordo com a Bíblia, Jesus teria vindo ao mundo em um estábulo, local onde Maria, sua mãe, teria dado à luz e onde viviam os animais, por este motivo ele estava cercado por eles ao nascer.

De ponto de vista pragmático e segundo a análise do discurso literal, podemos observar que a escolha não teria sido ao acaso. Celebrado como rei e salvador, segundo o livro que deu conhecimento de sua existência ao mundo, o primeiro exemplo de amor de Jesus começa no lugar ele nasceu: entre os animais.

Com um discurso permeado pela compaixão extrema, onde a humildade, o perdão, a igualdade, e acima de tudo o amor, são as bases de sustentação, o paradoxo mais cruel – e que salta ao olhos – é exatamente o fato da festa para “comemoração” de seu nascimento seja celebrada com morte e especismo servidos a mesa em quantidades generosas.

Hipocrisia e comodismo levam a humanidade a ignorar ano após ano, a decadência do planeta e o desrespeito aos animais. Especismo conveniente e lucros volumosos são usados para justificar o assassinato desses seres considerados matéria prima para indústria de alimentos, indignos de direitos ou de compaixão e que são mortos das formas mais cruéis imagináveis (espancamento, hemorragia).

Se a morte fosse o pior talvez não fosse tão incômodo tocar no assunto, mas esses animais são criados de maneiras desumanas, em cubículos apertados onde mal podem se mexer, convivendo com seus próprios excrementos, reproduzidos forçadamente de forma sistemática e comercial, abusados, explorados e em sofrimento eles aguardam a morte para só então se libertar.

Sim, eles sentem. Documentado e corroborado pela ciência, a capacidade de sentir, amar e se relacionar de forma inteligente entre si e com os homens já é de conhecimento público. Há anos.

Durante todo o tempo em que são submetidos a essas condições sórdidas e finalmente mortos de forma cruel, eles sentem tudo pelo que passam. Dor, frio, solidão, tristeza. As mães vacas, porcas ou galinhas são tão mães como qualquer uma de nós mulheres e seus filhos lhes são arrancados covardemente sem que muitas vezes possam chorar sua perda ou antes mesmo que possam sentir seu cheiro.

Porcos, machos ou fêmeas, gritam pavorosamente antes de terem suas gargantas rasgadas com facas manipuladas por executores alienados, escravos de um sistema sustentado pela ambição e movimentado pelo lucro.

Perus, aves que infelizmente são muito requisitadas nesta época de festas de final de ano, são drogados com álcool na véspera ao ato “para deixar a carne mole” antes de terem seus pescoços quebrados e perfurados em um ritual macabro, em que o assassinato é feito introduzindo uma faca de dois gumes pela garganta do animal, assim cortando as artérias e as veias do pescoço.

Sem falar nos “super-frangos”, aves modificadas geneticamente que tem seu desenvolvimento natural alterado pela ingestão de hormônios para se tornarem maiores e serem comercializadas a um custo mais alto. Essa alimentação não natural causa desconforto e dor ao animal.

Além de um paradoxo triste é no mínimo revoltante que Jesus, cujo exemplo de valores e conduta tenha inspirado a tantas pessoas no mundo todo, religiosas ou não, tenha a celebração de seu nascimento feita às custas de sangue, tortura e morte.

Encerro com as últimas palavras do Mestre, num exemplo máximo de compaixão e bondade, possam elas inspirar a humanidade neste e nos Natais vindouros: “Perdoai-os Senhor, eles não sabem o que fazem”.

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