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IRRESPONSABILIDADE

Para 53%, esforços do governo na Amazônia são “ruins” ou “péssimos”

Cerca de sete a cada 10 brasileiros concordam que a preservação ambiental é uma meta muito importante no combate aos impactos ambientais

14 de junho de 2022
4 min. de leitura
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Percepção sobre política ambiental do governo federal da Amazônia é ruim ou péssima para 53% dos Brasileiros (FOTO: Amazônia Real/Flickr/Creative Commons)

Uma pesquisa de opinião pública lançada na última quinta-feira (9) pela ONG NOSSAS, em parceria do Instituto Ideia, revela que os esforços do governo federal em defesa da Amazônia são considerados “ruins” ou “péssimos” para 53% da população brasileira.

O levantamento Amazônia e Eleições: percepções dos brasileiros sobre mudanças climáticas e Amazônia retrata a visão nacional da crise ambiental. O estudo inédito ouviu 2 mil pessoas entre 1° e 13 de dezembro de 2021, alcançando um intervalo de confiança de 95% e margem de erro de aproximadamente 3 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Participantes de todas as regiões do Brasil responderam a um questionário por telefone, aplicado por entrevistadores treinados. A amostra de pessoas foi representativa da população brasileira e seguiu a distribuição nacional por sexo, faixa etária, escolaridade, raça, religião, classe e renda.

Cerca de sete a cada 10 brasileiros concordam que a preservação ambiental é uma meta muito importante. A maioria disse acreditar nas notícias sobre mudanças climáticas, no aumento do desmatamento de florestas e na influência humana no clima. Para 93%, a humanidade é responsável pelas alterações climáticas; já 6%consideram que humanos não têm culpa nisso.

“A proteção da Amazônia entrou na agenda da eleição 2022. Esta é uma prioridade na escolha dos candidatos para 64% dos entrevistados, com destaque para mulheres e jovens, dois públicos em que o governo federal encontra resistência”, analisa Cila Schulman, vice-presidente do Instituto Ideia, em nota.

A porta-voz ressalta também que, para metade dos entrevistados, o governo deve ser o responsável pela fiscalização do desmatamento ilegal na Amazônia. “O tema do meio ambiente tem impacto no desenvolvimento e crescimento do país para 69% dos pesquisados, num momento em que a economia tem maior peso na decisão de voto dos brasileiros”, avalia Schulman.

Reconhecimento dos grupos indígenas e ONGs

De acordo com Anderson Bento, cientista político e gestor de dados da ONG NOSSAS, que contribuiu com a pesquisa, as causas, consequência e responsabilização do aumento do desmatamento na Amazônia são os assuntos que geram mais divergência entre os entrevistados.

Em meio ao debate, porém, os povos Indígenas e ONGs foram reconhecidos como os mais confiáveis quando o assunto é proteger o bioma. Esses dois grupos foram os mais citados como fontes de informação confiável para defender a Amazônia: 53% e 49% dos entrevistados os mencionaram, respectivamente.

Já 38% das pessoas citaram pastores e a ONU, e 35% falaram da imprensa tradicional. O governo federal, por sua vez, esteve entre as fontes menos confiáveis no tema da preservação ambiental, com só 26% de confiabilidade.

Na pesquisa, grupos indígenas e Ongs foram considerados as fontes mais confiáveis quando o  assunto é defender a Amazônia (FOTO: Christian Braga/MNI/Greenpeace)

Os participantes da pesquisa responderam também que o aumento da temperatura e do calor são as principais consequências do desmatamento. Os resultados mostram que 69% veem que a derrubada ilegal na Amazônia aumentou nos últimos cinco anos; entre os habitantes da região Norte, esse número sobe para 79%.

Os mais citados pelos crimes ambientais são as empresas madeireiras (40%), o garimpo (25%) e a agropecuária (16%). Já os grupos que mais ajudam a preservar a floresta, de acordo com os entrevistados, são os povos indígenas (27%), moradores locais (21%) e ONGs (16%).

A partir do resultado do estudo, a ONG NOSSAS apresentou o projeto de lei de iniciativa popular “Amazônia de Pé”, que obriga o governo a transformar 50 milhões de hectares de terras não destinadas na Amazônia — hoje desprotegidos — em Unidades de Conservação da Natureza, territórios indígenas e quilombolas.

Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental na Amazônia, a área de terras não destinadas na região corresponde a 50 milhões de campos de futebol e é o território mais atacado por grileiros, sendo alvo de desmatamento. “A ideia é que essas terras fiquem sob proteção de quem cuida da floresta, transformando territórios desprotegidos em áreas ocupadas”, explica a NOSSAS.

Fonte: Galileu

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