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POLÍTICAS PÚBLICAS

Pandemia reduziu até 38% castrações de animais em Campinas (SP)

Devido à pandemia, o serviço itinerante utilizado por um Castramóvel funcionou de forma fixa na sede do Departamento de Proteção e Bem-estar Animal (DPBEA) entre 2020 e 2021 em Campinas, reduzindo consequentemente os atendimentos, aumentando também o número de animais abandonados na cidade. O Castramóvel voltará a rodar de forma itinerante no mês de abril deste ano e a expectativa é que sejam realizadas até 10 mil cirurgias por ano

29 de março de 2022
Felipe Cunha | Redação ANDA
5 min. de leitura
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Foto: Lubna Nogueira

O Departamento de Proteção e Bem-estar Animal (DPBEA) de Campinas (SP) teve os serviços itinerantes interrompidos durante a pandemia e reduziu em até 38% o número de castrações de cães e gatos na cidade.

Além do prejuízo para os animais e tutores, o hiato também atrasou cerca de dois anos a meta de microchipagem de 200 mil animais da cidade. O serviço, iniciado em 2015, abrangeu aproximadamente 50 mil chipagens até agora.

Paulo Anselmo Nunes Felippe, veterinário do DPBEA, explicou ao portal G1 que para evitar aglomerações, o Castramóvel permaneceu durante quase toda a pandemia na sede do departamento, fazendo operações por ‘drive-thru’, reduzindo, consequentemente, os atendimentos.

Além disso, outra consequência da redução das castrações foi o aumento de animais abandonados nas ruas da cidade. Segundo Flávio Lamas, membro do Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais “a gente até já nota isso com o aumento, nos bairros, de mais animais abandonados na rua. E estava bem controlado, a gente já estava notando uma curva descendente e agora essa curva virou para cima, de leve. Esperamos a retomada em breve para estabilizar isso”.

Em 2020, segundo o DPBEA, foram realizadas 4.927 castrações, número 38% a menos comparado com o ano 2019, que foi de 7.956. Em 2021, o departamento de proteção animal castrou 5.146 animais. Apesar do aumento em relação ao primeiro ano de pandemia, o total de cirurgias ainda foi 35,3% abaixo do que foi feito em 2019.

O veterinário Paulo Anselmo explica que “a castração é uma política de reduzir a fertilidade e (…) o importante não é tanto quantos você castra, mas sim o quanto a gente deixa de castrar, porque os que continuam férteis podem repor a população”.

Foto: Pedro Santana | EPTV

Flávio Lamas, que também atua como presidente da Associação Amigos dos Animais de Campinas (Aaac), uma entidade que resgata animais abandonados na cidade, disse que uma cadela pode gerar de 10 a 12 filhotes por ano a partir dos seis meses de vida, elevando, portanto, a população animal caso não haja castração.

Além disso, o conselheiro contou ao portal G1 que os abandonos e a queda nas adoções animais prejudicam a atuação das ONGs, aumentando a demanda do trabalho. “A política pública é que evita um excesso de animais nas ruas, e esses animais acabam indo para as ONGs de proteção animal. A pandemia também atrapalhou muito a adoção, então a gente tem um menor número de adoção, maior número de animais na rua e maior número de problemas para todo mundo”.

Castramóvel voltará a rodar

Apesar da pandemia ter flexibilizado, o serviço itinerante chegou a rodar em janeiro de 2022, percorrendo o distrito de Campo Grande e realizando 3 mil castrações, entretanto, precisou ser interrompido devido ao fim do contrato com a empresa que realizava o serviço.

Segundo o veterinário do DPBEA Paulo Anselmo, com  nova licitação para atuação do Castramóvel, o serviço retomará em abril e prevê a realização de 10 mil castrações por ano, mil operações a mais do previsto no contrato anterior.

O primeiro bairro a ser contemplado pelo serviço itinerante será o Jardim Marisa, onde o Castramóvel ficará nos dias 18, 19, 20, 25, 26 e 27 de abril. Em seguida, um cronograma para os próximos bairros passará por alinhamento.

“Nós vamos apresentar as regiões que nós estamos planejando para o Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais, que é um conselho consultivo de proteção”, relatou o conselheiro Flávio Lamas.

Em informações do portal G1, o Castramóvel é capaz de realizar até 200 cirurgias por dia. O Departamento abre para cadastro de agendamento de cirurgias uma semana antes do início da campanha no bairro.

Os tutores devem procurar o ponto de cadastro e levar documentos como comprovante de endereço.

Após agendar a data da castração, o tutor recebe a data e horário da cirurgia, além de orientações sobre os cuidados do pré e do pós-operatório.

“Esses dois anos atrapalharam completamente o programa de castração da cidade de Campinas e a gente espera a retomada forte esse ano, bem robusta, para recuperar esse atraso”, disse Flávio Lamas.

Foto: Reprodução | EPTV

Atraso da microchipagem

A política de implantar microchip nos animais objetiva cadastrar e manter um banco de dados sobre os pets. O chip, cujo tamanho é menor que um grão de arroz, é implantado na nuca do bicho em questão de segundos e dura a vida toda.

No chip constam informações como endereço, telefone do tutor, nome, além de dados como as vacinas e se foi realizada castração. A consulta dos dados é feita através de um leitor.

Paulo Anselmo explica que a prefeitura tem uma meta de implantar microchips em 200 mil bichos até o ano de 2025. “A gente tinha uma previsão de ir alimentando o banco de dados de animais cadastrados para terminar em 10 anos [iniciados em 2015]. Então a gente perdeu praticamente dois anos desse registro”.

Como a implantação é feita junto com a castração e vacinação, o serviço sofreu impacto da pandemia. “A gente tem que correr atrás nos próximos anos”, finaliza.

 

 

 

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