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BATALHA POLÍTICA

Países europeus planejam proibir a importação de troféus de caça de elefantes e incomodam países africanos

Autoridades de Botsuana se revoltaram com a informação, pois a prática é muito lucrativa para o país

3 de abril de 2024
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

O presidente de Botsuana ameaçou enviar 20 mil elefantes para a Alemanha em uma disputa sobre a proteção desses animais. Isso foi dito pois, no início deste ano, o Ministério do Meio Ambiente da Alemanha sugeriu que deveria haver limites mais rígidos na importação de troféus de caça de animais.

Mokgweetsi Masisi, presidente de Botsuana, disse à mídia alemã que isso só empobreceria as pessoas no país. Ele afirmou que o número de elefantes explodiu como resultado dos esforços de proteção e que a caça ajudava a mantê-los sob controle.

Botsuana abriga atualmente cerca de um terço da população mundial de elefantes, mais de 130 mil. O país já concedeu anteriormente 8 mil elefantes ao vizinho Angola e ofereceu centenas a mais para Moçambique, como meio de reduzir a população.

Números da Agência Federal de Conservação da Natureza da Alemanha mostram que o país importou 26 troféus de caça de elefantes africanos em 2023, de um total de quase 650.

A onda de ódio aos elefantes por parte das autoridades de Botsuana começou no mês passado, quando o Ministro da Vida Selvagem do país, Dumezweni Mthimkhulu, falou que enviaria 10 mil elefantes para o Hyde Park, em Londres, para que os britânicos pudessem “experimentar viver ao lado” deles.

Em março, os deputados do Reino Unido votaram a favor de apoiar uma proibição da importação de troféus de caça, mas a legislação ainda precisa passar por mais escrutínio antes de se tornar lei. O compromisso de proibir a importação de troféus de caça foi incluído no manifesto eleitoral dos Conservadores em 2019.

Juntamente a outros países da África, Botsuana ganha muito dinheiro com turistas ricos que pagam milhares de dólares por uma licença para matar um animal e depois levam sua cabeça ou pele de volta para casa como troféu. Eles afirmam que esse dinheiro é usado para ajudar esforços de proteção e as comunidades locais, para que tenham menos chances de serem tentadas a caçar os animais ilegalmente.

A prática foi proibida na Botsuana em 2014, mas levantou as restrições em 2019 após enfrentar pressão das comunidades locais. O país agora emite cotas de caça anuais.

Os grupos de direitos animais argumentam que a caçar os elefantes é uma prática cruel e deveria ser proibida novamente.

Sobre as declarações de Masisi, Mary Rice, diretora executiva da ONG Environmental Investigation Agency, disse em entrevista à CNN que é uma “ameaça bastante vazia” e não está claro “o que alcançaria se fosse remotamente possível”.

Austrália, França e Bélgica estão entre os países que já proibiram o comércio de troféus de caça.

Zimbabwe, Botsuana e Namíbia, argumentaram que deveria ser permitido vender seus estoques de marfim, material obtido dos dentes dos elefantes, para poder lucrar em cima das populações desses animais. Países da África Oriental, bem como grupos de direitos animais, têm se oposto a isso, dizendo que isso incentivaria a caça ilegal.

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