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Animais silvestres não são animais de companhia

29 de julho de 2013
4 min. de leitura
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Por Loren Claire Canales (da Redação)

Ao retirar animais silvestres de seu habitat natural e tentar domesticá-los, são causados danos ao ecossistema e inclusive o ser humano é colocado em situações de risco. As informações são do El Nacional.

Araracanga ou arara-vermelha-pequena (Foto: Jean-Christophe Verhaegen/AFP)
Araracanga ou arara-vermelha-pequena (Foto: Jean-Christophe Verhaegen/AFP)

A beleza exótica dos animais silvestres pode seduzir a muitos que tentam capturá-los ou comprá-los de maneira ilegal para tê-los como animais de companhia.

Para muitas pessoas é uma situação comum tutelar um papagaio, macaco ou uma cobra em casa, na cidade e distantes de seu habitat natural. “Para domesticar um animal devem decorrer milhões de anos”, disse Gracia Marquís, médica veterinária e idealizadora da Fundação Penas e Caudas em Liberdade (Fundación Plumas y Colas en Libertad), ONG que resgata espécies selvagens e mantém programas de educação sobre o tema.

O que muitos ignoram é que manter espécies silvestres como animais de companhia não causa danos apenas aos animais, mas pode também ser um risco para a saúde dos humanos que convivem com eles.

As razões

Luis Morales, professor e zoólogo do Instituto de Zoologia e Ecologia Tropical da Universidade Central da Venezuela, explica que há vários fatores que levam as pessoas a manter estes animais em casa. O primeiro fator são as tradições locais em várias partes do país, como por exemplo o costume de ter papagaios e maritacas.

Grecia Marquís também acredita que, além do capricho de possuir um animal exótico em casa, a ignorância das pessoas sobre o quanto sofrem estes animais é atribuída a falta de informação e campanhas por parte das autoridades e por isso as pessoas praticam o comércio e a captura.

“Os animais selvagens não devem ser capturados para serem domesticados, nem presos em residências ou em qualquer outro tipo de construção. Uma grande parte dos filhotes de aves retirados da natureza morre antes de ser vendida ou presa em gaiolas na cidade”, explica Luis Morales.

De acordo com o especialista, muitas espécies jamais chegam a ser realmente domesticadas, pois quando são filhotes, os mamíferos selvagens parecem ser amistosos, mas ao chegar a idade adulta sua conduta pode mudar de forma imprevisível. Tanto as aves como os mamíferos silvestres desenvolvem condutas anormais quando estão confinados e existe a possibilidade de se tornarem perigosos.

Morales também explica que cada animal é parte de uma rede de interações com animais da mesma espécie e que em contato com outras. Ao destruir um ninho de aves ou uma família de mamíferos, por exemplo, estamos exercendo um grande impacto sobre o ecossistema. E adverte que também há consequências negativas para os humanos que confinam estes animais, pois estes podem ser portadores de doenças, parasitas e outros agentes patogênicos que são transmitidos a animais domésticos e possivelmente a pessoas.

Proteção

As leis na Venezuela penalizam a captura e o comércio destes animais. “É ilegal capturar fauna silvestre, exceto com fins concretos, delimitados no regulamento vigente e com uma licença extremamente rigorosa”, disse Morales. Acrescenta que a Lei Penal do Ambiente estabelece sanções com multa e detenção para diferentes tipos e graus de transgressões ambientais, incluindo o assédio, a captura, aprisionamento e qualquer outro dano causado a fauna silvestre, sobretudo as espécies durante o período de reprodução, ameaçadas ou em perigo de extinção.

Outro grande problema que denuncia a Fundação Penas e Caudas em Liberdade é a libertação destas espécies que vivem em lugares que não correspondem ao seu habitat natural, e que em alguns casos andam com cordas amarradas a cintura, causando cortes na pele a medida que crescem e por isso se tornam muito agressivos.

Com relação a criação de aves, mamíferos e peixes silvestres para serem vendidos nas estradas, pequenas cidades e lojas, Morales acredita que isto continua acontecendo porque as leis não são cumpridas. Para Marquís, a legislação deve vir acompanhada de outras ações. Na sua opinião, em um país com a diversidade que a Venezuela tem, fazem falta centros de reabilitação e de resgate de fauna silvestre que recebam os animais apreendidos na fronteira ou nos aeroportos e que ofereçam tratamento médico e psicológico para logo serem libertados em seu habitat.

Na Fundação Penas e Caudas em Liberdade acreditam que os cidadãos podem ajudar a evitar o comércio ilegal. Em seu site, a ONG expõe que a melhor forma de deter este tipo de mercado é não comprando estes animais. “Basta somente nos questionarmos se queremos um prisioneiro em casa”, enfatizam.

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