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AMOR AOS ANIMAIS

ONG que resgata cavalos precisa de ajuda para concluir santuário

24 de maio de 2022
13 min. de leitura
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Associação Pé de Chulé precisa de ajuda para fornecer cuidados a animais vítimas de maus-tratos

Ao perceberem a necessidade por resgates de animais de grande porte, como os cavalos, 14 amigos de Porto Alegre (RS), uniram forças para fundar a Associação Pé de Chulé , ONG focada principalmente no resgate de cavalos em situação de abandono e maus-tratos, mas que também atua no resgate de animais como bois, porcos e, claro, cães e gatos.

Tudo começou em 2015, quando houve uma grande inundação na Região Metropolitana da capital gaúcha e os amigos começando a reunir roupas e alimentos para as pessoas afetadas pela enchente. Foi quando perceberam que havia muitas pessoas cuidado de pessoas e vários animais de estimação abandonados à própria sorte; e decidiram acolhê-los.

Para ajudar com qualquer valor basta acessar o link da campanha e participar.

Atuando no resgate de cães e gatos, passaram a receber pedidos de resgate também para cavalos.

Quando perceberam que esses grandes animais, muitas vezes, eram invisíveis para a sociedade, decidiram focar os esforços também para o resgate dos equinos. Em fevereiro de 2018 foi fundada a Associação Pé de Chulé.

A ONG não recebe ajuda de órgãos públicos ou privados, atuando somente com o auxílio de voluntários e doações. Atualmente são 12 membros a frente da Pé de Chulé. O Canal do Pet conversou com o cofundador e vice-presidente, Alexandre Giordani, que atua também na parte jurídica e administrativa da instituição.

“Todos nós [fundadores] pagamos uma mensalidade para a ONG. Ela vive de nós e não nós dela”, diz Alexandre. “Todos nós temos profissões e doamos o nosso tempo para a causa animal. Dois de nós abandonaram suas profissões e hoje vivem no sítio cuidando dos 71 animais que temos lá hoje, ao lado de nossa veterinária e estagiaria de veterinária”.

É possível conhecer o trabalho da Pé de Chulé por meio das páginas no Facebook e no Instagram.

O principal foco e a mudança para um espaço maior.

 

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Em dezembro de 2020, a ONG precisou se mudar para um local maior, onde poderiam abrigar as dezenas de animais resgatados. Para isso precisaram adaptar o ambiente para os animais em recuperação e construir baias com UTI, onde são realizados os atendimentos de animais mais debilitados.

Contudo, devido à alta demanda com alimentação e cuidados médicos, não sobra verba suficiente para a manutenção e ampliação da estrutura.

Além dos cavalos, há também bois e porcos que seriam enviados para matadouros e foram acolhidos no local. “Nós temos ainda alguns patos e galinhas. Todos nós os resgatamos de locais onde estavam abandonados ou seriam mortos”, conta Alexandre, que destaca: “Todos nós [da ONG] somos vegetarianos, porque é incompatível você resgatar um animal e depois comemorar comendo churrasco”.

Apesar de recolherem também outros animais, o principal foco são os equinos. A ONG atua em municípios próximos a Porto Alegre, onde há uma lei que proíbe o uso de VTAs (Veículos de Tração Animal). Mesmo com a proibição, órgãos como o EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) não conseguem fiscalizar tudo e muitas pessoas ainda usam os animais para transporte de grandes cargas.

Atuando em quase todo o Rio Grande do Sul, a ONG também acolhe animais resgatados em operações públicas.

A negligência que leva à morte

 

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“A maioria dos carroceiros utilizam o animal até a quase morte. Quando o animal já não consegue mais andar, eles simplesmente retiram a carroça e deixam o cavalo abandonado em via pública. É só aí que as pessoas começam a chamar para o resgate, onde existem as leis que proíbem as VTAs”, diz Alexandre.

“Onde existem órgãos de acolhimento nós acionamos, cobramos e fiscalizamos. Na maioria das vezes eles recolhem e levam para setores de cuidados, mas naqueles que se omitem, nós vamos até lá e acolhemos esses animais, levando-os para a nossa própria sede, onde a nossa veterinária faz todo o trabalho de recuperação”.

Muitos animais não sobrevivem após os resgates por receberem por muito tempo uma alimentação baseada em milhos e outros alimentos inadequados para cavalos.

Os resgates que viram caso de polícia

Atuando em toda a Região Metropolitana de Porto Alegre e municípios mais afastados, a cerca de 200 km, a ONG atende a pedidos de resgate de animais abandonados ou em situação de maus-tratos.

“Quando conseguimos identificar o carroceiro que maltratou o animal, registramos uma ocorrência para que ele responda criminalmente por isso”, explica o advogado. “A nossa veterinária faz todo um laudo para que nós possamos recuperar esses animais”.

Quando o resgate acontece em uma região considerada perigosa, a Guarda Municipal ou Polícia Militar é acionada para que seja realizada uma assistência. “Nós já fomos escoltados várias vezes para que pudéssemos resgatar alguns animais”, conta Alexandre.

O cofundador da ONG lembra de situações bem peculiares pelas quais já passaram ao acolher animais vítimas de violência. “Já aconteceu de nós irmos até uma região de tráfico, onde nem a polícia subia, e conseguimos uma autorização do chefe do tráfico para que nos acompanhassem em segurança durante o resgate”.

Trabalho de conscientização

Além dos resgates, a Pé de Chulé também realiza um trabalho de conscientização sobre a causa animal. “Nós conversamos com a pessoa para mostrar que ela não tem a mínima condição de manter aquele animal que está sob maus-tratos. A veterinária faz um atendimento para mostrar o que há de errado”, continua Alexandre.

“Encontramos muitos animais em condições absurdas. São fraturas nas patas, nos olhos, nos dentes, entre outras. Nessas hipóteses esses animais são doados, com a documentação, para que possamos acolher em nossa sede. Em algumas situações também ajudamos com cesta básica e acompanhamento”.

Quando não acontece um acordo, a Polícia Militar é acionada para que o animal possa ser resgatado.

Áreas em construção e reforma para manter os animais resgatados. Foto: Associação Pé de Chulé

“Há algumas semanas, a presidente da ONG, Ana Paula, estava vindo para a sede quando encontrou uma carroça com excesso de peso. Ela imediatamente chamou a EPTC e, após uma discussão, o animal foi recolhido e hoje está sob os nossos cuidados”, conta. Assista ao vídeo:

Como funcionam as adoções de cavalos

Assim como em abrigos de cães e gatos, os cavalos também ficam disponíveis para encontrar um novo lar quando já estão totalmente recuperados, mas há todo um cuidado. Os cavalos não são doados; na verdade, tudo acontece por meio de um acordo de guarda responsável.

Os pretendentes a adotantes passam por entrevistas divididas por etapas, sendo a primeira em conversa por estrito e a segunda de forma presencial. Após isso, uma equipe da ONG vai ao local ver se há um espaço adequado e condições para que o animal continue recebendo todos os cuidados necessário.

 

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“A ONG continua como a tutora do animal e apenas fornecemos a guarda. Se nós doássemos o animal, a pessoa passaria a ser a proprietária dele e teríamos um problema caso esse animal estivesse novamente em maus-tratos”.

Mesmo quando um animal deixa a sede da Pé de Chulé e segue para o novo lar, a ONG continua como a tutora e realizando consultorias em relação a alimentação e um acompanhamento veterinário periódico para certificar de que o equino está em boas condições.

“Um dos pré requisitos é que os animais jamais sejam colocados para tração e montaria. Todos eles são animais libertos”, garante.

As principais necessidades da Pé de Chulé no momento

– Concluir as duas baias da UTI, feitas para prestar atendimento de alta complexidade para animais debilitados e que precisam de isolamento;

– Comprar tapetes emborrachados para as baias UTI, visto que os animais internados ali estão muito debilitados e podem cair no chão (mesmo com sustentação da talha). Com o tapete, a queda é amortecida e impede o animal de desenvolver novas fraturas e ferimentos;

– Terminar a expansão das baias normais, onde ficam os casos de menor complexidade (animais idosos, com deficiência e outros);

– Trocar as telhas das baias que estão com furos e causam goteiras e alagamentos nas cocheiras durante as chuvas, o que representa grande risco aos animais em tratamento;

– Reformar e concluir o cercamento, para evitar que os cavalos caiam em lagos e açudes espalhados pela propriedade;

– Reformar o canil onde dormem os cachorros que foram acolhidos pela ONG.

Fonte: Canal do Pet

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