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ONG de Portugal afirma que o desemprego e a crise econômica podem agravar o abandono de animais

4 de outubro de 2011
3 min. de leitura
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Os custos com a alimentação e o veterinário levam muitos a abandonar os seus animais (Foto: Carla Carvalho Tomás)

São dezenas os pedidos que chegam diariamente à União Zoófila, em Portugal, para entregar animais. Quem o diz é Luísa Barroso, presidente da Instituição. Maria do Céu Sampaio, presidente da Liga Portuguesa dos Direitos dos Animais (LPDA) confirma que o número de abandono de animais tem aumentado desde o ano passado. “Não há um dia que não recebamos uma chamada”, lamenta.

Vítimas de maus-tratos, considerados empecilhos ou encontrados a vagar pelas ruas, os animais que chegam a União Zoófila encontram uma “casa” com a lotação quase sempre esgotada, pois as saídas de animais não conseguem ultrapassar as entradas.

A crise pode contribuir para o aumento do número de casos de abandono de animais, mas segundo Luísa Barroso é a mentalidade “facilitista e descartável” que leva as pessoas a deixarem de querer cuidar dos animais em casa.

O desemprego que muitos casais com filhos enfrentam reflete-se na perda de capacidade para pagar a alimentação e as idas ao veterinário dos seus animais domésticos. Maria do Céu Sampaio afirma que “é inadmissível” que a comida para os animais seja considerada um “luxo” e que não se possa deduzir no IRS os cuidados de saúde prestados ao animal.

A presidente da União Zoófila considera que ter um animal não é demasiado dispendioso e que os benefícios superam largamente os gastos que se podem ter com ele. Evitar depressões, fomentar a responsabilidade nas crianças e combater a obesidade através de passeios diários com um cão são alguns exemplos identificados pela presidente da União Zoófila.

Luísa Barroso aponta o dedo às câmaras municipais, pois considera que deviam assumir um papel mais ativo na vacinação e na castração dos animais, em vez de os matar. E deveriam também potenciar uma “vigilância em massa” sobre os criadores de animais que por vezes têm licenças ilegais, acrescenta. A polícia deviria ter mais formação para atender a casos que envolvam queixas de animais em risco, adianta ainda a responsável da União Zoófila.

Para além das associações de defesa e proteção dos animais estarem superlotadas, a presidente da Liga conta que os donativos que chegam às mesmas têm vindo a diminuir, quer da parte da sociedade civil quer de algumas empresas, devido à diminuição do poder econômico.

Maria do Céu Sampaio afirma que as leis de proteção dos animais “não funcionam” e que o Código Civil precisa de ser alterado através da introdução da ideia de que os animais são “seres sencientes” para que posteriormente seja possível estabelecer sanções para quem os abandone sistematicamente.

A União Zoófila não vai participar em nenhuma iniciativa de comemoração do Dia Mundial do Animal, pois segundo a presidente “o dia do animal é todos os dias”.

No mês de agosto, a União levou a cabo a campanha “Não compre, adopte” que juntou 20 figuras públicas nacionais com o intuito de sensibilizar a sociedade civil para as “desculpas” que as pessoas dão quando querem abandonar os seus animais domésticos, desde uma mudança de casa, passando pela separação de um casal até ao nascimento de uma criança.

No próximo fim-de-semana no jardim Vieira Portuense em Belém estarão presentes mais de 20 associações com 200 a 250 animais para adopção, uma iniciativa organizada pela Câmara Municipal de Lisboa e pela Liga Portuguesa dos Direitos dos Animais (LPDA), onde serão recolhidas assinaturas com o intuito de sensibilizar a comunidade política para a alteração do Código Civil. Maria do Céu Sampaio deixa o alerta. “Pense bem se pode ou não ter um animal”.

Fonte: Público

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