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UCRÂNIA

Mulher de 77 anos consegue salvar e proteger centenas de cães e gatos em meio à guerra

27 de abril de 2022
Bruna Araújo | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Heidi Levine | Washington Post

Apesar do corpo frágil e dos cabelos brancos, a ativista Asya Serpinska, de 77 anos, não se curva facilmente. Diante do risco de bombardeios e de ser alvo do exército russo, a idosa ucraniana se recusou a fugir do país natal e gerencia um abrigo que acolhe centenas de cães e gatos resgatados desde o início do confronto, há 60 dias. Asya perdeu as contas de quantos animais salvou e não se importa com número, o que realmente vale para a ativista é saber que eles estarão protegidos.

Ela atuou a maior parte da vida como professora de matemática e após se aposentar queria ser útil de alguma forma aos mais indefesos e mirou seus olhos para os animais, por quem sempre teve profunda compaixão. “Eu sabia que era minha responsabilidade cuidar deles”, disse. Com a ajuda de três colegas, ela ajudou mais de 700 cães e 100 gatos, além de cavalos, galinhas e, até mesmo, um leão abandonado em um zoo particular, onde era explorador para entreter turistas.

Foto: Heidi Levine | Washington Post

Ela casou aos 18 anos com Valentyn, que hoje tem 78 anos, e eles se tornaram companheiros fiéis. O homem, atualmente, enfrenta um câncer em estágio 4, mas ajuda a sua esposa, dirigindo em aldeias e cidades devastadas pela guerra para salvar animais em situação de risco. Quando começou a guerra, ela sabia exatamente o que precisava fazer. “O primeiro pensamento que me passou pela cabeça foi que eu tinha que correr para salvar os animais”, lembra.

Para muitos abrigos, a invasão russa significou uma grande tragédia. Na cidade de Borodyanka, voluntários e funcionários foram expulsos de um abrigo que acolhia mais de 500 cães. Sozinhos, sem receber nenhum alimento, cerca de 350 cachorros morreram de fome. Outros locais foram atingidos por bombas. Muitos animais morreram, ficaram feridos ou foram mortos. Esse é o maior receio de Asya, que se recusa a deixar os animais. “Meu lugar é aqui”, disse.

Foto: Heidi Levine | Washington Post

Ela relembra um triste episódio envolvendo o exército russo. “Dois soldados vestidos como exterminador marcharam em direção ao portão do abrigo. Quando alguns começaram a latir, um dos soldados levantou a arma e atirou em uma cadela. Eu fui até e perguntei ‘por que você está atirando? Eles são bons e gentis’ e ele respondeu com a um nível extremo de frieza: ‘bem, por que eles estão latindo para mim?’ e foi embora”. O cão baleado não sobreviveu.

A ativista conta que alguns cães estão tão traumatizados que estão cavabdo buracos com metros de profundidade para se esconderem. Muitos dos animais resgatados viram seus próprios tutores serem fuzilados e estão muito estressados e deprimidos. “Temos um ditado, e é importante. Para nós, salvar animais é ser humano”, finalizou a ucraniana.

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