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RISCO DE EXTINÇÃO

Mudanças climáticas impactaram o genoma das aves da Amazônia

Estudo brasileiro publicado na revista Ecology and Evolution mostra como as mudanças climáticas dos últimos quatro séculos afetaram, sobretudo, os pássaros da Amazônia

26 de abril de 2024
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O rendadinho do Xingu, espécie típica do Brasil, também afetada – (crédito: Pablo Cerqueira)

Detalhado na revista Ecology and Evolution, um estudo brasileiro revelou que as mudanças climáticas dos últimos 400 mil anos impactaram profundamente o genoma das aves da Amazônia. O artigo, liderado por Alexandre Aleixo, cientista do Instituto Tecnológico Vale (ITV), mostra que as linhagens de aves do gênero Willisornis, presentes em partes específicas da Amazônia, exibem menor diversidade genética e padrões mais variados de flutuação populacional em comparação com grupos de outras regiões do bioma. O que sugere reduções significativas na quantidade de espécimes e migrações intensas ao longo dos milênios.

O estudo concentrou-se nas aves do gênero Willisornis, conhecidas como rendadinhos ou formigueiros no Brasil. Utilizando técnicas de sequenciamento genômico, os pesquisadores analisaram o DNA de nove indivíduos pertencentes a diferentes grupos encontrados na região amazônica.

Utilizando modelos computacionais, os pesquisadores puderam investigar como as mudanças ambientais afetaram o tamanho das populações, as relações de parentesco e a diversidade genética ao longo do tempo.

Segundo Alexandre Aleixo, ao pensar em mudanças climáticas, automaticamente se imagina a possibilidade de extinções. “Sabemos que a Amazônia está ficando mais seca, que a vegetação está mudando e que a floresta está mais aberta. Entender quais são as espécies, as variedades, as populações e as características genéticas dessas populações que conseguiram se adaptar no passado será chave para o manejo dessas espécies no futuro.”

O estudo sugere que os mecanismos naturais de expansão e contração da cobertura vegetal na floresta amazônica desempenharam um papel crucial nesse processo. Regiões como o sul e o sudeste, localizadas sobre essa “sanfona” ambiental, experimentam transformações significativas durante períodos secos, quando a floresta úmida se converte em ambientes mais abertos, como cerrados. Essas mudanças levam a flutuações na população das aves estudadas, deixando marcas genéticas que podem afetar sua capacidade de adaptação às futuras perturbações climáticas.

“Se for necessária a reintrodução de espécies em uma determinada área, devemos saber quais indivíduos vamos pegar, quais características genéticas eles devem ter para aumentar as chances de sobreviver. Se entendermos quais são os genes envolvidos nessa adaptação, podemos fazer o resgate evolutivo das populações mais ameaçadas pelas mudanças climáticas futuras”, finalizou o autor.

 

Fonte: Correio Braziliense

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