Moradores do edifício que teve que ser completamente esvaziado após incêndio que começou em academia vizinha na madrugada desta sexta-feira (80, no Centro de São Paulo, deixaram seus apartamentos apenas com os animais domésticos. A fumaça invadiu o prédio que tem 145 apartamentos e moradores ficaram intoxicados.

Cerca de 100 pessoas precisaram de atendimento no local e 30 delas foram encaminhadas a hospitais da região, como Santa Casa, Vergueiro e Hospital São Paulo. Um homem teve queimaduras de segundo grau.

O fogo começou por volta de 1h da madrugada, quando alguns moradores se preparavam para dormir no prédio da Avenida Rio Branco.

O aposentado Fernando Guimarães, de 77 anos, que mora há 4 anos no 14º andar do edifício foi socorrido com sua sobrinha e suas duas cachorras pelos bombeiros.

“Eu ia dormir quando escutei o barulho lá embaixo. Eu e a minha sobrinha vimos a fumaça e começamos a descer”, afirmou. “Nós descemos dois lances de escada e não conseguíamos mais por causa da fumaça, mas encontramos um apartamento com a porta aberta. Lá conseguimos ficar longe da fumaça até a chegada dos bombeiros”, contou. Ele disse só ter se lembrado de pegar as duas cachorras: Bianca, de 14 anos, e Daiane, de 7. “Deus me livre de deixar elas lá”, disse.

Vizinha de seu Guimarães, a aposentada Floripes Oliveira, de 68 anos, que mora há 20 anos no prédio, já estava dormindo e não conseguiu pegar seu papagaio. “Escutei o barulho e, primeiro, pensei que fosse o baile”, contou Oliveira que afirma ter deixado o apartamento no terceiro andar com o “coração na mão”.

“Eu deixei o Tadeu [papagaio] lá em cima e fiquei tremendo. Até a minha dor nas costas passou na hora do sufoco”, disse. Mais tarde, ela pediu para um bombeiro tirar a ave do apartamento. O papagaio foi levado para o apartamento de um amigo em um prédio vizinho. “Vou ficar agradecida até o fim da minha a vida. Esse papagaio é mais que um amigo para mim, é o meu filho”, disse a aposentada, que mora com o marido e não teve filhos. Nesta manhã, ao ver imagens dela na TV familiares ligavam para a sobrinha, que lhe prestava ajuda. “Estavam todos chorando.”

Já a assistente administrativo Damiana Santana de Assis conseguiu pegar o cão Johny, de 3 anos, na hora incêndio. “Nem lembrei de documento. Ventava e fazia muito frio”, afirmou enrolada em uma manta térmica do Corpo de Bombeiros.

A aposentada Maria Helena Moreira, de 72 anos, que mora no prédio desde 1975, aguardava a liberação dos bombeiros e da Defesa Civil para buscar os remédios para a coluna. “Estou com muita dor. Sentei na calçada do prédio do outro lado da rua”, disse. Ela disse que se preparava para dormir quando escutou os vizinhos gritando “fogo”. “Foi um sufoco. Estou tremendo até agora.” Ela deve ficar na casa de uma cunhada, que mora em Pirituba.

O prédio deve permanecer interditado porque sofreu danos na estrutura. O responsável pela Defesa Civil do município, coronel Jair Paca de Lima, informou que os moradores poderão retirar seus pertences, mas a liberação do prédio exigirá reformas. “A liberação do prédio vai depender da rapidez com que os proprietários vão fazer as obras. O sistema elétrico ficou danificado e o elevador também”, disse de Lima.

Incêndio

O incêndio que atingiu o edifício localizado na esquina da Rua do Boticário com Avenida Ipiranga, começou por volta da 1h. Cerca de 150 homens foram mobilizados para controlar as chamas ou resgatar moradores, de acordo com o Corpo de Bombeiros. O fogo teve origem em academia de ginástica.

Fonte: G1