Todos os dias o catador de material reciclável Vacil Rodrigues da Silva, 39 anos, e seu cãozinho Bagé fazem o mesmo trajeto. Juntos, percorrem as ruas próximas Ney da Gama Ahrends, na zona leste de Porto Alegre (RS). Silva à procura de latas, papelões e papéis, e Bagé, em busca de restos de comida. Na manhã deste domingo, ao revirar um lixo, na esquina com a Avenida Protásio Alves, o cachorro despencou em um buraco de pelo menos três metros de profundidade.
“Estávamos ali, perto de uma lixeira. Bagé começou a fuçar em uma sacola e acabou caindo em um rombo aberto no asfalto. Só ouvi os gritos dele. Quando percebi que estava lá embaixo me apavorei”, conta o tutor do animal.
O sargento da reserva da Brigada Militar, Aldo Paim, 50 anos, trabalha em um posto de gasolina e lembra que observou Silva, que mora ali perto e é conhecido na região, olhando ininterruptamente para o chão e foi saber o que estava acontecendo. “Me aproximei e encontrei o Valcir desesperado, sem saber o que fazer. Conversei com ele e disse que tentaria ajudar”, recorda-se o sargento aposentado, que também atuou no batalhão ambiental da BM.
Não demorou para que vizinhos e curiosos se aproximassem para assuntar. Um homem colaborou com as ferramentas, outro com uma corda, um terceiro com uma coleira. Depois de quase três horas, Bagé foi laçado e retirado do orifício.
“Usamos a picareta para abrir mais o asfalto. Então, preparei um laço para colocar no pescoço dele e fizemos força para levantá-lo. Nem sei como ele caiu ali. É um animal de grande porte, pesa mais de 12 quilos.”
“Havia uma obra aqui, mas tem uns 90 dias que terminou. Não sei como podem deixar isso assim, tudo aberto. Hoje foi o Bagé, que também é uma vida, mas imagina se fosse uma criança? Pode até terminar em morte”, questiona Silva.
Bagé, o vira-latas, que há quatro anos faz companhia para Silva, saiu mancando e muito arisco do buraco, mas já está em casa, se alimenta e passa bem. Passado o susto, os moradores sinalizaram o local com a parte de cima de uma parada de ônibus, que estava caída por ali.
“Foi uma atitude de emergência, mas algo tem que ser feito para evitar problemas ainda maiores. Por aqui passam caminhões de grande porte, que podem ajudar a alargar a fenda”, relata Dalto Severo, 66 anos, que também auxiliou no salvamento.
Fonte: Zero Hora