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ESTUDOS

Migração parcial das aves é um "mistério" que intriga pesquisadores

Suiriri e juruviara são algumas das espécies que podem ser consideradas migrantes parciais. Recurso alimentar e clima são fatores que influenciam aves a migrar.

20 de novembro de 2022
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Suiriri realiza migração parcial, enquanto alguns indivíduos migram, outros permanecem pelo território — Foto: Maicon Mohr/Arquivo pessoal

Quando chega a primavera em Itajubá, predomina no Sul de Minas Gerais, um canto que dá origem ao nome popular da espécie: suiriri (Tyrannus melancholicus). Um dos motivos que justifique a presença dessa ave na região durante é que ela viaja até lá devido a fartura de alimentos encontrada nesta época. “Com as chuvas que começam em outubro e vão até fevereiro, tem muito inseto por aqui e o suiriri encontra um banquete durante o período de reprodução”, explica a bióloga Karlla Barbosa, pós-doutoranda da Unesp de Rio Claro e que mora na cidade mineira.

Por ser considerada uma ave migratória, depois do verão, o suiriri vai embora, ou, pelo menos, parte da população da espécie. Aparentemente alguns indivíduos preferem ficar e aí, surge um grande “mistério” para ser desvendado: Para onde o suiriri vai? E por qual motivo alguns deles escolhem ficar, em vez de viajar? “São perguntas que demandam muito estudo e infelizmente a gente ainda conhece muito pouco sobre migração de maneira geral”, afirma Karlla.

Urubu-de-cabeça-vermelha é espécie que pode realizar migração parcial — Foto: Rudimar Narciso Cipriani

Por causa desse comportamento, o suiriri é considerado um migrante parcial, igual há outras espécies de aves, por exemplo: a juruviara, o urubu-da-cabeça-vermelha, avoante, entre outras. “Às vezes alguns indivíduos apostam em buscar recursos mais longe, outros mais perto, se os dois saem bem sucedidos acontece uma migração parcial, mas se em determinado momento, os que migram acabam sendo mais bem sucedidos, aumenta o número de indivíduos migratórios, até a população inteira se tornar migratória”, explica o biólogo Luciano Lima.

Entre tantos enigmas para serem decifrados na biologia, a migração das espécies é um dos mais desafiadores. São muitas perguntas que precisam ser desvendadas para se obter respostas concretas. Embora, acredita-se que algumas aves realizem a migração parcial, há sempre uma dúvida sobre essa questão. Será que essas aves migram mesmo? Isso é uma incógnita.

Migratória juruviara vive no estrato médio das árvores — Foto: Arquivo TG

Além desse fator, uma curiosidade é que aparentemente algumas regiões são mais propícias a receber a visita desses viajantes alados. Existem poucos estudos sobre o assunto, mas o que é possível observar analisando dados baseados em registros da população, o que é denominado de ciência cidadã, é que no Centro-oeste e Norte de Minas Gerais, algumas espécies migratórias são observadas o ano inteiro.

“Nessas regiões a impressão é que não há migração, ou, há algumas espécies que são migrantes parciais. Ao contrário do que a gente vê no Sul e no Sudeste, onde as populações de aves somem e só reaparecem em determinada época do ano”, explica Karlla.

Em áreas mais frias, por exemplo, na região Sul do país, a oferta de alimentos diminui na época do inverno. “Neste período não há muitos insetos, a disputa por alimentos aumenta e talvez para espécie, seja melhor, sair daquela região e ir para um outro lugar buscar alimento”, completa Karlla.

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