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Metade da população de Curitiba (PR) tem animais em casa

24 de julho de 2013
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 Flávia Twardowski abandonou o curso de Design de Moda para abrir um hotel para cães: “Sempre cabe mais um”. (Foto: Gazeta do Povo)

Flávia Twardowski abandonou o curso de Design de Moda para abrir um hotel para cães: “Sempre cabe mais um”. (Foto: Gazeta do Povo)

Dos mais de 56% dos curitibanos que têm animais domésticos em casa, quem está na maioria dos lares é o “melhor amigo do homem”. De acordo com uma pesquisa realizada pela empresa de inteligência estratégica iBrain, o cachorro é o companheiro de 83% dos entrevistados. “Ficamos surpresos com o porcentual tão elevado de pessoas com animais em casa, ainda mais em todas as faixas de renda”, comenta o sócio da empresa, Fábio Tadeu Araújo. Em relação ao cachorro, sem surpresas. “Imaginávamos que ele seria o mais popular.”

Os índices obtidos pela pesquisa podem estar ligados ao que as pessoas ganham na relação homem-animal, cachorro ou não. “Os bichos desenvolvem nossas habilidades de interação social. Crianças e idosos, que acabam expostos a um maior grau de isolamento, encontram nos bichos importantes companheiros”, comenta o coordenador do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Naim Akel Filho. A personalidade canina intensifica essa aproximação, já que os cães são mais dependentes que os gatos, por exemplo. “Eles precisam mais dos humanos para sobreviver e se entrosam mais facilmente”, explica a veterinária Ana Paula Sarraff Lopes.

A maneira com que a sociedade vê os animais domésticos contribui para que eles se tornem cada vez mais importantes. “A presença de um animal requer que os tutores mudem suas rotinas e estabeleçam prioridades. Os cães e gatos acabam se tornando verdadeiros membros da família”, destaca.

Energia boa

A empresária Flávia Twardowski, proprietária do Recanto Canino Tio Fred, que está em funcionamento desde o fim de 2011, concorda com esses benefícios. “Os cachorros passam ‘uma energia boa’ e fazem com que a gente se sinta bem”, comenta. Ex-estudante de Design de Moda, a vida dela mudou completamente por causa dos animais. Largou tudo para cuidar dos cães e mantém cerca de 30 em seu hotel: oito são cuidados por ela e 14 foram resgatados pelo projeto “Animais Sem Teto”. Os demais são hóspedes. “Fico das 9 às 18 horas de olho nos cães, o que me deixa cansada. Mas o que importa é que eles recebam atenção”, conta Flávia, que cogita cursar Medicina Veterinária.

Além do bem-estar, o companheirismo entre as espécies pode trazer benefícios à saúde humana, atuando na prevenção e no combate de doenças. “Quando alguém brinca com um cachorro, por exemplo, a sensação de solidão, que leva à depressão, é minimizada”, explica Akel Filho. Condições como o estresse, a ansiedade e até o Mal de Alzheimer também podem ser evitadas por meio do contato com animais. “Isso acontece porque eles nos ajudam a evitar a liberação do cortisol, o ‘hormônio do estresse’, como é conhecido”, completa o psicólogo.

Adoção requer atenção e planejamento

A ONG Animais Sem Teto existe desde 2007 e surgiu para lutar contra um problema sério: o abandono de animais. “Morava no Hauer e reparei que os animais eram maltratados. Falta responsabilidade e conscientização às pessoas, o que faz com que eles sejam abandonados”, explica a presidente do projeto, Ana Paula Slesaczek. Ela, três amigas e a filha resgatam cachorros e gatos em estado de risco e providenciam tratamento até que surja alguém que queira adotá-los.

Segundo a veterinária Ana Paula Sarraff Lopes, uma das principais causas para o abandono é o desconhecimento dos tutores. “Quem quer um cão precisa pesquisar as especificidades de cada raça. Além disso, não se pode esquecer que um filhote é diferente de um adulto”, alerta.

Para quem estiver pensando em adotar um cachorro, ela dá algumas recomendações. “É preciso verificar se há espaço suficiente para o bicho e se o futuro tutor terá tempo para cuidar dele”, diz. A existência de crianças na casa também faz toda a diferença, já que há raças com mais dificuldade em conviver com elas, como rottweilers e pit bulls. “O animal não tem culpa que foi comprado ou adotado por alguém que não teve responsabilidade. Um cachorro vive entre 15 e 20 anos e ele precisa de atenção”, ressalta.

A quem já tem um animal em casa, a veterinária destaca a importância de passear pelo menos duas vezes por dia, principalmente para aqueles que vivem em apartamentos. “O cachorro precisa se sociabilizar com outros, porque isso contribui para seu desenvolvimento”, diz.

Apesar de ser quase um membro da família, cachorro não é gente

Não se sabe exatamente a data e o motivo para a proximidade entre humanos e cachorros ter começado, mas uma pesquisa publicada na revista científica Nature realizada pela Universidade de Uppsala, na Suécia, sugere que as duas espécies se aproximaram quando os lobos, mesmo carnívoros, teriam incluído o amido, presente em cereais, em suas dietas.

A partir daí, teria se iniciado uma relação mais próxima com os seres humanos. “Os cães eram usados na proteção de vilarejos e também na criação de gado. Ao longo do tempo, a convivência com o homem deu origem às diversas espécies que conhecemos”, explica a bióloga e professora da Universidade Positivo Simone Umbria.

Fonte: Gazeta do Povo

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