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Menina de 11 anos cria dispositivo de detecção de chumbo na água devido a crise nos EUA

25 de outubro de 2017
3 min. de leitura
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Inspirada pela crise de água intoxicada em Flint, no Michigan (EUA), uma estudante de 11 anos criou um dispositivo rápido e barato para testar o chumbo na água, conforme relata o site The Cut.

Gitanjali Rao apresenta sua invenção no Desafio Jovem Cientista
Foto: Andy King/Discovery Education

Gitanjali Rao, uma menina de 11 anos que cursa o sétimo ano da escola na cidade de Lone Tree, no Colorado (EUA), recentemente ganhou o Desafio do Jovem Cientista 3M de Descoberta na Educação 2017, recebendo 25 mil dólares pela inovação criada por ela para testar a qualidade da água, batizada de Tethys.

A crise em Flint

Rao se inspirou para criar o dispositivo após observar a crise em Flint acontecendo ao longo dos últimos anos. Em 2014, após a cidade começar a cortar custos substituindo as fontes de água potável e sem conseguir tratá-las adequadamente, os níveis de chumbo na água da cidade aumentaram rapidamente.

Em 2015, testes de pesquisadores mostraram que 40% das casas na cidade tinham níveis elevados de chumbo em suas águas e recomendaram que o estado declarasse que o líquido não era saudável para beber ou cozinhar. Em dezembro daquele ano, Flint declarou estado de emergência. Foi descoberto também que a água envenenada por chumbo teve forte impacto nos índices de morte fetal, além de um surto de doença que levou a 12 mortes.

Animais sofrem as consequências

Além de toda a crise social, os efeitos da contaminação também atingem animais, especialmente os domésticos. Pelo menos dois casos de intoxicação por chumbo foram confirmados até o início de 2016, de acordo com o veterinário James Averill, da Universidade do Estado do Michigan. Em um cachorro foi revelada a contaminação em outubro de 2015; e, em janeiro de 2016, foi detectado o segundo caso devido a testes praticados por veterinários aleatoriamente.

Cachorro correndo na água
Foto: Pixabay

Mas os números reais devem ser muito maiores. Para Averill, os casos não têm sido registrados como consequência da crise porque os animais são “a última coisa com a qual a população está preocupada” neste momento, conforme o veterinário afirmou ao dvm360.

A invenção do Tethys

Rao é filha de engenheiros e assistiu aos pais tentarem testar o nível de chumbo em casa, acompanhando o quão complicado poderia ser. Ela viu notícias de uma tecnologia de ponta criada para detectar substâncias perigosas no site de engenharia do MIT (Massachussets Institute of Technology) — o qual ela checa regularmente só para “acompanhar as novidades”, de acordo com a ABC News — e a partir daí começou a criar o Tethys.

Gitanjali montando o dispositivo Tethys
Foto: Bharati Rao

O dispositivo funciona com sensores de nanotubo de carbono para detectar níveis de chumbo mais rápido que qualquer outra tecnologia, enviando os resultados para um aplicativo de celular.

Já que era uma das 10 finalistas do Desafio Jovem Cientista, Rao passou o seu verão (inverno no Brasil) trabalhando com um cientista da empresa 3M para dar os toques finais à sua invenção, e então apresentou o protótipo a uma bancada de juízes da 3M e a várias escolas dos EUA.

Uma promessa para o futuro

A crise de contaminação em Flint ainda está acontecendo, e a invenção de Rao pode ter um impacto significativo. Em março deste ano, funcionários da cidade alertaram que o problema pode se estender por mais dois anos, até que a água encanada da cidade seja segura o suficiente para beber sem filtrar. O estado do Michigan agora planeja substituir os tubos que levam água a 18 mil famílias até 2020.

Até lá, os residentes que usam filtros de água podem usar um dispositivo como o Tethys para se certificar de que a água que estão bebendo é segura. Rao planeja colocar a maior parte de seu prêmio no projeto com a esperança de disponibilizar o dispositivo comercialmente.

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