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Mamíferos têm a sobrevivência ameaçada em reserva ambiental de Manaus

17 de julho de 2013
3 min. de leitura
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A pressão populacional que se aproxima da Reserva Ducke, na Zona Norte de Manaus, é uma ameaça séria à sobrevivência de pelo menos 19 espécies de mamíferos de pequeno, médio e grande que vivem na área de mais de 10 mil hectares. O alerta foi feito pelo pesquisador Wilson Roberto Spironello, 59, da Coordenação de Biodiversidade do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Ao chamar a atenção para a raridade de ter nesse ambiente tão próximo da cidade animais como onças, tamanduás, veados e cutias, entre outros, Wilson afirma ser importante medir o custo e o benefício de fazer construções de estradas próximas ao parque.

Em palestra dada no Museu da Amazônia (Musa), Wilson respondeu afirmativamente ao questionamento proposto pelo evento “Reservas florestais em bordas de centros urbanos podem manter populações de mamíferos de maior porte?” O exemplo é a Reserva Ducke que, no entendimento dele, deve ser preservada por ser uma área ímpar no que se refere à riqueza que serve de habitat não só aos animais, como preserva grande quantidade de espécies vegetais.

Fotografias

Armadilhas fotográficas instaladas no terreno da Reserva Ducke, na Zona Norte, flagraram animais maiores de 15 quilos, como onças, tamanduás-bandeira e veados (Foto: Divulgação/Inpa)
Armadilhas fotográficas instaladas no terreno da Reserva Ducke, na Zona Norte, flagraram animais maiores de 15 quilos, como onças, tamanduás-bandeira e veados (Foto: Divulgação/Inpa)

Ao mostrar fotografias dos animais realizadas em vários momentos e pelo período de dois meses, Wilson, que é doutor em Biologia pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, disse ter sido surpreendido com os resultados porque o crescimento da cidade avançou enormemente em direção à reserva. “A pressão humana, o desmatamento e até a caça são ameaças para a sobrevivência desses animais”, disse ele, ao apresentar os primeiros resultados das armadilhas fotográficas realizadas na floresta de terra firme.

Animais com peso acima de 15 quilos como onça, tamanduá-bandeira, veados e outros foram flagrados como parte da fauna sobrevivendo ali, mas a preocupação dele é que a presença deles ali ainda é possível porque têm alimento. Quando não tiverem, vão se afastar. “É importante chamar a atenção para a importância de manter a Reserva Ducke como está não para atrair caçadores, mas para se admirar de ter isso num centro urbano como Manaus”, assegurou o pesquisador, destacando também a necessidade de ligação dessa área de floresta com outras semelhantes.

A proximidade com assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Exército, bairros como Jorge Teixeira e Distrito Industrial não pode ser mais ameaçadora para as espécies. O pior, segundo ele, é a possibilidade de abertura de mais estradas ou vias próximas da reserva. “Se isso acontecer, faremos da Ducke apenas um fragmento e vamos perder os animais que podem ser atrativos para a cidade”, afirmou Wilson.

Preservação ameniza altas temperaturas

Para Wilson Roberto Spironello, a manutenção florestal daquela área da cidade cumpre um papel importante também no clima da cidade, favorecendo temperaturas mais amenas.  “Precisamos mostrar para a sociedade que aquele local serve para visitação, como Jardim Botânico”, disse ele, explicando o uso de câmeras automáticas instaladas em vários pontos da floresta para conseguir captar as imagens dos animais.

Ao explicar que os animais na Reserva Ducke têm papéis diversos na natureza, como dispersores e predadores de sementes, além de carnívoros, o que é fundamental para o ambiente, o pesquisador afirma que não podemos contribuir para isolar mais a Reserva Ducke porque será mais interessante mantê-la. Para Wilson, não se pode aceitar a postura administrativa que afirma priorizar o desenvolvimento que, na verdade vai trazer só destruição. “Pode-se buscar modelos de ocupação menos agressivo à natureza”, sugere.

Fonte: A Crítica

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