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AFOGAMENTO

Mais de 10 tartarugas são encontradas mortas após se prenderem em rede de pesca em Barra Velha (SC)

17 de maio de 2023
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Foto: Thamires Pires/Divulgação/ND

Mais de 10 tartarugas-marinhas foram encontradas mortas após ficarem presas em uma rede de pesca. Elas foram encontradas nessa terça-feira (16) na Praia da Barrinha, em Barra Velha, Norte de Santa Catarina. Elas foram encontradas e retiradas do petrecho por pessoas que passavam no local.

Ao todo, 12 tartarugas foram encontradas mortas e uma delas com vida. Os animais eram juvenis da espécie Chelonia mydas, a tartaruga-verde, comum nas praias de Santa Catarina. Conforme a Prefeitura de Barra Velha, os animais estavam aparentemente saudáveis e a causa da morte pode ser afogamento, causado após se prenderem na rede.

Segundo a prefeitura municipal, o apetrecho onde os animais foram encontrados era uma rede de pesca irregular, armada próximo à praia, tornando suscetível a captura acidental de espécies que não são alvo da pescaria.

Após o resgate, feito pela PMP-BS (Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos) a tartaruga encontrada com vida foi levada ao veterinário da Unidade de Estabilização de Animais Marinhos da Univali, em Penha. Em exame, apesar do bom escore corporal, foram apontados sinais clínicos no sistema respiratório evidenciaram as complicações geradas pelo afogamento devido ao aprisionamento no petrecho.

Outro exame apontou algumas marcas lineares e constritivas compatíveis com rede de pesca na área dorsal do pescoço e na nadadeira peitoral.

A tartaruga recebeu medicação adequada ao quadro clínico e passará pelos cuidados da fase de estabilização, até que suas condições de saúde permitam o deslocamento para a instituição responsável pela reabilitação e soltura na natureza.

Todas as carcaças das tartarugas mortas passaram por coleta de dados biométricos para identificação da espécie. Elas passarão por exame de necropsia, uma análise minuciosa dos órgãos para identificação de lesões viscerais que podem comprovar a morte por afogamento.

Dependendo do estado de integridade interna das carcaças, a equipe realiza a coleta de amostras biológicas para exames complementares, como análises histopatológicas, para confirmar possíveis alterações a nível celular.

Os resultados dos exames anatomopatológico, com considerações sobre as condições externa e interna da carcaça, assim como os achados histopatológicos serão divulgados após o processamento das análises, que pode levar em torno de 30 dias.

Foto: Thamires Pires/Divulgação/ND

Pesca e afogamento de animais

As redes de pesca armadas fora das normas regulamentadas pelos órgãos ambientais fiscalizadores são consideradas irregulares. Entre as principais regras está o distanciamento adequado entre o petrecho e as áreas costeiras. Isso porque muitos animais, assim como as tartarugas-verde, habitam essas zonas durante fases específicas da vida.

Redes de pesca podem causar a morte de inúmeros animais que não são o alvo da pescaria. As tartarugas são altamente ameaças pela inconsciência no uso do petrecho.

Por serem seres vivos pulmonados, animais como as tartarugas, as aves e os mamíferos marinhos precisam retornar à superfície da água para respirar, assim como os seres humanos – e diferente dos peixes, que possuem capacidade biológica para respirar embaixo d’água.

Ao ficarem presos em redes de pesca, esses animais gastam suas energias na tentativa de se desemalhar, ingerem água que chega aos pulmões e iniciam um quadro de debilidade. Quando não encontrados em tempo hábil, morrem afogados ou por complicações relacionadas ao aprisionamento.

O afogamento gera um líquido espumoso nos pulmões, lesão observada a olho nu a partir de um exame de necropsia. Na carcaça, o emalhe gera ferimentos pela fricção do fio pressionado à pele, principalmente nas nadadeiras e na região do pescoço. São essas as principais buscas que a equipe técnica fará nos dias seguintes à ocorrência.

Foto: ND Mais

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