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ARTIGO

Lanches veganos em grandes redes fast food não é a solução

4 de outubro de 2023
Vegano Periférico
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

O movimento vegano é famoso por se opor a empresas que ainda realizam testes em animais e também por boicotar grandes redes que exploram animais, e por bons motivos.

Evitar consumir nestes estabelecimentos, manifestar-se contrário a esses espaços, mexe diretamente nos caixas desses lugares, até porque são mais de 30 milhões de pessoas que deixaram de consumir carne por opção, só no Brasil. Não são algumas pessoas indignadas, são milhões.

O boicote é uma forma muito eficaz para expressar como nos sentimos diante de uma situação da qual discordamos veementemente.

Quando nos posicionamos contrários ao consumo nesses estabelecimentos damos um recado claro de que não concordamos com o que eles comercializam.

No entanto, grandes redes de fast foods estão colocando opções para vegetarianos e veganos e fazendo um marketing direcionado a esse nicho de mercado, com publicidade em cores verdes, com uma mensagem de sustentabilidade e de preocupação com causas socioambientais.

Num primeiro momento, pode parecer muito revolucionário e um caminho positivo para o fim da exploração, seja ela humana ou não humana, para a proteção ambiental e uma série de questões de justiça social.

Ações como essas são, na verdade, estratégias de marketing para reconquistar milhões de consumidores que estão deixando de comprar nesses lugares.

A PETA, uma organização sem fins lucrativos que luta pelos direitos animais, principalmente nos Estados Unidos, acredita que hambúrgueres veganos em grandes redes de fast foods podem reduzir a demanda por produtos à base de carne. Essa organização deu um empurrão para empresas como o McDonald’s colocarem opções veganas e comemorem tal feito.

No entanto, mesmo que reduzissem o sofrimento animal, ainda continuariam explorando seres humanos vulneráveis que enfrentam a desigualdade social mundo afora.

Recentemente o TST (Tribunal Superior do Trabalho) condenou o McDonald’s a pagar 2 milhões de reais por colocar funcionários adolescentes em funções perigosas. A decisão também ordena que a empresa deixe de exigir de menores de idade serviços de limpeza e coleta de lixo.

Olhamos apenas para fachadas, lindas publicidades e não fazemos a mínima ideia do que ocorre atrás das cortinas, nos bastidores dessas grandes corporações.

Pensando em um indivíduo que quer consumir um lanche num aeroporto ou rodoviária, é bom ter essa opção, mas esse não é e não pode ser o centro do debate.

O mais importante, o mais central para o veganismo, não é lutar para ter mais opções de empresas que exploram animais, mas sim focar na educação popular sobre o que é o veganismo, visando a nossa relação com os animais na sociedade ocidental, e os impactos do consumo de origem animal na saúde da população.

O McDonald’s, por exemplo, recebe hambúrgueres da Marfrig, e recentemente essa mesma empresa investiu milhões de reais em uma nova instalação com capacidade de produzir até 20 mil toneladas por ano, com capacidade de abater 1.250 animais e produzir 4.400 toneladas de carne bovina.

Com tantos investimentos, pensando em aumentar a produção e expandir cada vez mais o negócio animal no Brasil e no mundo, não é uma opção sem carne, leite e ovos que vai nos convencer de que eles estão preocupados com o essencial, o respeito com os seres humanos e não humanos, que dirá em relação ao meio ambiente.

Ao nosso ver, consumir um hambúrguer sem nada de origem animal em uma mega corporação que explora bilhões de animais e humanos por ano, e fornece apenas 1% de opções veganas é o mesmo que consumir um pedaço de carne. Porque a ação política em busca de uma mudança não está no paladar, no mastigar, não é uma ação individual.

Não existe mudança radical, da noite para o dia, então que essa mudança seja feita de forma coerente, sem dependermos de migalhas de mega empresas e muito menos atuarmos financiando esses lugares.

Justamente por a mudança ser lenta, gradual e a longo prazo, não precisamos nos apegar a pequenas opções de grandes corporações que não estão nem um pouco preocupadas com as questões mais urgentes que enfrentamos atualmente.

O que realmente importa são as atitudes coletivas, como o boicote em massa e uma mudança de paradigma que envolve diversas instâncias.

Se liga:

Não estamos nos referindo a absolutamente todas as redes de fast food, existem algumas que estão fornecendo opções de forma coerente.

Recentemente o automobilista britânico Lewis Hamilton abriu uma rede de fast food vegana, a ‘Neat Burger’, neste caso é uma empresa 100% vegana e preocupada com as questões animais mais profundas.

Não podemos afirmar que seja responsável com a questão humana, pois não temos nenhum conhecimento específico.

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