A Fundação SOS Mata Atlântica concluiu recentemente um relatório completo da expedição Paraopeba, que percorreu 2 mil km e passou por 21 cidades analisando a qualidade da água em 305 km do rio afetado pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG).
A expedição teve como objetivo levantar dados independentes sobre a condição da qualidade da água na região e avaliar o dano na paisagem e na cobertura florestal nativa da Mata Atlântica.
Segundo a Resolução Conama 357, as concentrações máximas de cobre na água para rios como o Paraopeba (classe 2) é de 0,009 mg/L, mas em alguns pontos o resultado chegou a mais de 4 mg/L. O consumo de quantidades relativamente pequenas de cobre livre pode provocar náuseas e vômitos. Já o manganês, cujo limite é de 0,1 mg/L, chegou a até 3 mg/L em alguns locais.
Existe o risco de pessoas apresentarem sintomas como rigidez muscular, tremores das mãos e fraqueza a partir da ingestão de manganês, que assim como o ferro podem ser os responsáveis pela coloração avermelhada do rio. Em diversos pontos, o ferro esteve acima de 6 mg/L.
“Os metais presentes na água nessas quantidades são nocivos ao ambiente, à saúde humana, à fauna, aos peixes e aos organismos vivos. São reconhecidamente poluentes severos e podem causar diversos danos aos organismos, desde interferências no metabolismo e doenças, até efeitos mutagênicos e morte”, afirma a coordenadora do Laboratório de Análise Ambiental do Projeto Índice de Poluentes Hídricos (IPH), da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), Marta Marcondes.
Segundo o estudo, a condição de contaminação do rio exige monitoramento sistemático, permanente e por longo prazo para acompanhar a recuperação ambiental e a qualidade da água. As características dos rejeitos podem se modificar ao longo do tempo conforme as condições climáticas. Assim, a instabilidade nos indicadores de qualidade da água pode durar décadas.
“O Rio Paraopeba perdeu a condição de importante manancial de abastecimento público e usos múltiplos da água. O dano ambiental tornou aquelas águas impróprias e indisponíveis para qualquer uso, pelo menos, por onde passamos“, destaca Malu.