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Fazenda denunciada por tortura de porcos continua em atividade

1 de dezembro de 2013
6 min. de leitura
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(da Redação)

Foto: Care2
Foto: Care2

Um investigador da Mercy for Animals passou três semanas infiltrado na West Coast Farm, no condado de Okfuskee, em Oklahoma, entre meados de Setembro e Outubro deste ano. A brutalidade que ele documentou durante esse breve período é dolorosa e terrível: porcos sendo barbaramente torturados. As informações são da Care2.

Uma câmera escondida capturou as seguintes cenas:
– Funcionários batendo as cabeças de porcos conscientes contra o chão e pisando-as como se fossem bolas de futebol;
– Porcos tendo suas caudas e testículos arrancados sem anestesia;
– Funcionários repetidamente socando, chutando, batendo e sacudindo violentamente os animais, e puxando seus pelos;
– Porcas prenhas confinadas em celas de gestação minúsculas e cheias de larvas, incapazes de se mover;
– Funcionários empurrando os dedos dentro dos olhos dos porcos;
– Funcionários batendo nos porcos com tábuas de madeira;
– Porcos feridos jogados, ainda vivos, em “pilhas” de corpos mortos e deixados para morrer sem nenhum cuidado;
– Porcas grávidas confinadas em pequenas gaiolas que as impossibilitam de se mover;
– Um funcionário jogando uma pesada bola de boliche contra a cabeça de um porco.

Difícil de acreditar? Assista às imagens cedidas pela Mercy for Animals no fim da matéria.

Aqueles que ainda comem carne de porcos certamente não verão com os mesmos olhos aquele sanduíche de presunto. O bacon é realmente tão saboroso a ponto de valer a pena esse preço horrível?

Há aqueles que acreditam que esse tipo de abuso ocorre apenas em algumas fazendas, mas Nathan Runkle, fundador da Mercy for Animals, disse recentemente à revista Harper: “Nós nunca encontramos uma fazenda onde não existisse abuso. Encontrar não é a questão. Nosso desafio é ter uma câmera que possa filmar no momento em que acontece”.

Esta fazenda já foi denunciada e continua operando. Ela é uma das fornecedoras do Walmart, que não se declarou a respeito do caso.

Leis “Ag Gag” e o ocultamento da crueldade

A indústria de criação de animais para consumo humano despreza o furor público causado cada vez que vídeos como este são divulgados. Inevitavelmente, revelar os horrores enfrentados pelos animais em suas instalações custa-lhes dinheiro e clientes. É certo que a divulgação desses vídeos faz com que muitas pessoas finalmente decidam que é hora de parar totalmente de consumir carne e laticínios completamente. Muitas pessoas também passam a boicotar as empresas em questão.

É por esse motivo que todas estas empresas são absolutamente defensoras das leis estaduas “ag gag”. Tais leis americanas consideram crime documentar e revelar abusos animais, a partir de investigação secreta, em empresas que exploram animais para consumo humano.

Acontece que, em muitos locais, não é crime abusar de animais criados para consumo, mas é crime filmar ou fotografar, secreta ou abertamente. Denunciantes de quem faz isso são normalmente protegidos; quem faz é processado. A reportagem da Care2 questiona: “Como os valores da América tornaram-se tão irremediavelmente distorcidos?”.

Mas para haver uma esperança de se corrigir essas atrocidades, deve ser permitido ao público ver o que acontece de fato. As leis “ag gag” (“leis da mordaça”) evitam que se saiba o que as fazendas querem que continue oculto.

Abusos reconhecidos, como não podia deixar de ser

A indústria está correndo para se distanciar deste incidente. O Conselho Nacional de Produtores de Porcos (NPPC) emitiu uma declaração em que diz: “O NPPC e os fazendeiros de porcos da América não aprovam e, de fato, condenam fortemente práticas que não estão de acordo com as melhores práticas da indústria de porcos americana”.

Um painel convocado pelo Center for Food Integrity (CFI) analisa denúncias de abuso de animais como os que foram atestados neste vídeo. Os palestrantes revisaram as filmagens da Mercy for Animals e concordaram com o fato de que ocorreram abusos – mesmo porque as imagens não deixam outra alternativa.

“Há abuso e mau comportamento notório pelos empregados no manejo dos animais neste vídeo”, disse o Dr. John Deen, membro do painel, da Universidade de Minnesota. “O que é particularmente preocupante é que esta parece ser uma cultura, e não algo restrito ao comportamento de alguns indivíduos”.

Deen acrescentou que o vídeo mostra também as “práticas de produção comuns e aceitáveis, que igualmente não seriam agradáveis ​​de ver mas que existem razões válidas para usá-las na fazenda”.

Esta é, talvez, uma referência às celas de gestação mostradas no vídeo. Celas de gestação são esses espaços extremamente pequenos em que fêmeas passam toda as sua vida, produzindo leitões para atender ao consumo de bacon pela América. A reportagem diz que, “em termos humanos, é como viver em um assento de avião ou uma cabine telefônica por toda a sua vida”. Mas essa é uma comparação muito suave e deve ser corrigida: as celas de gestação não chegam nem perto do conforto de um assento de avião ou uma cabine telefônica. Trata-se de viver em um cubículo sujo, sem possibilidade de movimentos, recebendo inseminação artificial, gestando e procriando filhotes, repetidamente.

Leitão machucado, na West Coast Farm. De alguma forma, sua doce disposição ainda brilha. Foto: Care2
Leitão machucado, na West Coast Farm. De alguma forma, sua doce disposição ainda brilha. (Foto: Care2)

Porcos são seres sencientes e conscientes

Os porcos são seres amigáveis, sociais e inteligentes. Eles provaram por várias vezes serem mais espertos do que qualquer animal doméstico. Como campeões em soluções de problemas, especialistas em comportamento animal dizem que os porcos são infinitamente mais espertos que cães ou gatos.

Mais que isso, porcos são seres sencientes e conscientes, e ainda assim nós os confinamos, maltratamos, matamos e comemos a sua carne. É a própria definição do mal. As futuras gerações certamente irão nos condenar por isso.

Abaixo o vídeo com as imagens cedido pelo Mercy for Animal. Aviso: as imagens são chocantes.

Nota da Redação

Infelizmente as imagens são terríveis, mas a notícia é algo recorrente e comum nas fazendas que criam animais para atender ao consumo humano. Não há crueldade pela metade, assim como não a afirmação de que é possível criar animais com esta finalidade sem ser cruel é uma falácia. A única forma de se eliminar essa prática em todo o mundo é pela adesão ao veganismo.

Pois os funcionários de fazendas que criam animais para serem mortos simplesmente não se importarão. Para eles, e para todos os que consomem carne, animais existem para serem mortos e para que suas carnes sirvam de alimento. Todos os componentes dessa cadeia da morte: indústrias, fornecedores, funcionários, transportadoras e consumidores, todos são responsáveis pelo que acontece de atroz com os animais nesses locais sangrentos.

E não há meio termo: mesmo que fossem criados em ambientes amplos, com camas individuais e ar condicionado e carinho – o que nunca acontecerá – ainda assim teriam suas vidas subtraídas em curto espaço de tempo para servir à refeição dos que se dizem humanos. E a subtração da vida é uma crueldade por si só, é infração da lei básica de direito à vida de todo ser. Se o consumo continuar, a diferença é que essa crueldade vem e continuará vindo amplificada – como isso que se vê no vídeo, e como os gritos dos animais. 

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