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Investigação denuncia as práticas cruéis de uma das maiores processadoras de frango do Reino Unido

3 de outubro de 2017
4 min. de leitura
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Todas as semanas, os 23 mil funcionários (de 36 nacionalidades diferentes) da empresa  – produzem seis milhões de frangos, parte de uma operação que resulta em um terço de todos os produtos derivados de aves que são consumidos no Reino Unido.

Frango da 2 Sisters Food
Foto: Nick Ansell/PA

Eles estão nas prateleiras dos principais grupos de supermercados e, durante o verão, jornalistas infiltrados do The Guardian e da ITV News estavam entre os funcionários da corporação. Um deles passou 12 dias trabalhando na fábrica da 2 Sisters Food Group em West Bromwich, enquanto o outro passou três dias em um matadouro em Willand.

Em Willand, galinhas vivas, mas aparentemente catatônicas, chegam embaladas em caixas de plástico verdes e amarelas em caminhões, onde são frequentemente consoladas por ativistas pelos direitos  animais, que dizem adeus a “cinco mil almas de galinha perdidas”.

Os animais condenados são levados para o complexo e gaseados em massa antes de serem pendurados pelas pernas em suportes metálicos e conectados a uma trilha mecânica elevada. As aves são levadas com sangue escorrendo de seus bicos abertos para a próxima etapa do processo e colocadas dentro de uma máquina.

Elas ficam em um túnel de alumínio de possivelmente 30 metros de comprimento e sentem jatos de água quente nas penas. Em seguida, elas se parecem com o que é exposto em uma prateleira de supermercado – apenas com os pés intactos, com dedos inchados e esticados.

Conforme as galinhas são depenadas, as penas e as cabeças descartadas caem abaixo para uma correia transportadora, na direção contrária à de um funcionário responsável por detectar montículos incomuns nas camadas de penas. Enquanto isso, as cabeças dos animais também caem da máquina para o chão, de onde são retiradas e colocadas em um recipiente de descarte.

A linha de produção

A 2 Sisters Food Group possui inúmeros matadouros que se localizam desde Coupar Angus, em Perth e Kinross, até Willand. Todos possuem linhas de produção que preparam frangos para os supermercados britânicos. As caixas de aves mortas são enviadas para as instalações de processamento para serem dividas em porções, embaladas e transportadas.

Um trabalhador agarra os animais da pilha e os empurra para as sondas verticais. A ave é então transportada para uma série de funcionários que incluem cortadores – uma mão segurando uma faca, a outra com uma luva. Alguns conseguem chicotear a pele de uma galinha quase tão facilmente quanto tirar a meia de um pé. Os transportadores nunca parecem parar.

Foto: Guardian/ITV

Esses funcionários manipulam em torno de  seis mil galinhas diariamente em um turno de 10 horas. O resultado, pelo menos para os iniciantes, é o ferimento grave dos pulsos e das mãos, além de dores intensas nos antebraços. É um trabalho extenuante.

Na linha de produção do grupo em West Bromwich, um repórter encontrou evidências de que o carregamento de carne fresca estava coberto por um estoque mais antigo, com as aves amontoadas em cestas de plástico. Uma filmagem mostra os rótulos dessas caixas, afirmando que os animais morreram cinco dias antes.

Há alteração na documentação dizendo que o “produto” é mais fresco do que realmente é e que as aves foram assassinadas em uma data diferente da verdadeira. “O frango volta à fábrica e nos pede para abrir os pacotes, remover as porções e colocá-las nas grandes bandejas plásticas que são usadas para mover frango pela fábrica”, diz um trabalhador.

Enquanto isso, um frango embalado para o supermercado é reaberto ao lado da linha de produção e jogado novamente na correia transportadora fresca. Ele pode ter sido enviado de volta pela equipe de qualidade interna da empresa ou por um centro de distribuição de supermercados, mas para um funcionário isso parece ser o mesmo.

A 2 Sisters alegou que leva “essas alegações extremamente a sério” e que iniciou uma investigação. A empresa alegou que a instalação de West Bromwich recebeu nove auditorias entre Julho e Agosto, revelou o The Guardian.

Há provas que mostram que o frango já embalado para um supermercado é reaberto e misturado com partes embaladas para outra rede. As filmagens secretas mostram esses momentos, sendo que as embalagens informam que os frangos são originários da Willow Farms.

A Willow Farms é uma invenção bucólica do departamento de promoção da Tesco. O frango da Willow Farms é  anunciado como “criado exclusivamente para a Tesco”, o que sugere que o grupo de supermercados não possui conhecimento da prática.

A 2 Sisters declara: “A marca Willow Farms é exclusiva da Tesco, mas a matéria-prima não é. A 2SFG atende às especificações de matérias-primas da marca Willow Farms”.

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