Para este ano, a ONU destacou o tema “Florestas e Biodiversidade: Preciosas demais para serem perdidas” que é, justamente, o que o planeta mais perdeu nas últimas décadas
A data de 21 de março foi estipulada como o Dia Internacional das Florestas pela Assembleia Geral da ONU em 2012. A cada ano a ONU escolhe também um tema que julga mais importante destacar. Para 2020 o tema escolhido é “Florestas e Biodiversidade: Preciosas demais para ser perdidas”.
“Mas como a ONU pode destacar isso quando suas principais políticas relacionadas a florestas e biodiversidade permitem desmatamento e destruição da biodiversidade em grande escala?” – é o que pergunta um comunicado do Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais enviado essa semana à imprensa internacional. De fato, nas últimas décadas, o planeta tem ficado cada vez menos verde e sem vida.
A explicação vem a seguir no mesmo comunicado: “A Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CDB), tem como um de seus objetivos de longo prazo alcançar perda líquida zero até 2030 e integridade dos ecossistemas de água doce, marinhos e terrestre. A palavra “líquida” é fundamental e está no centro de um mecanismo chamado `compensação de biodiversidade`. Significa que uma mineradora, por exemplo, pode destruir florestas, terras férteis e biodiversidade, desde que essa destruição possa ser compensada ao se restaurar ou proteger outra área comparável. Esse mecanismo promove a expansão empresarial mesmo em áreas que antes não estavam abertas a negócios. Por isso, afeta em muito as comunidades onde a destruição está ocorrendo e onde se está estabelecendo a compensação”.
Outra crítica do Movimento é com relação à Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) que promoveu o mecanismo de comércio de carbono: “Embora tenha sido promovida como a principal política internacional de conservação florestal da ONU em 65 países, não conseguiu proteger as florestas e a biodiversidade. Um dos principais motivos é que o objetivo nunca foi proteger florestas nem reduzir o desmatamento, e sim permitir que empresas e países industrializados continuassem queimando combustíveis fósseis. Pior ainda, aponta falsamente a pequena agricultura e o cultivo itinerante como causa principal do desmatamento”.
“As comunidades estão cada vez mais ameaçadas por empresas extrativistas, projetos de compensação, plantações industriais, empresas madeireiras supostamente sustentáveis e esquemas de “restauração florestal. Para levar a sério seu slogan para o Dia Internacional das Florestas deste ano, a ONU deve interromper suas próprias políticas de desmatamento e perda de biodiversidade em grande escala!”, finaliza o comunicado.