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Grafiteiro ganha fama em Mogi das Cruzes (SP) homenageando sua cadela em muros

30 de outubro de 2013
4 min. de leitura
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Alice Morais com o 100º La La La Dog (Foto: Wellington Morais/Arquivo Pessoal)
Alice Morais com o 100º La La La Dog (Foto: Wellington Morais/Arquivo Pessoal)

Desenhos de um cachorro têm estampado as paredes de Mogi das Cruzes. Eles estão em comércios, terrenos e até em obras. O nome dessa personagem, que encanta principalmente as crianças, é La La La Dog. A ideia começou com uma homenagem do criador a uma cadela já falecida. Atualmente são cem, de várias cores, com diversas roupas. A iniciativa, porém, divide opiniões. Alguns desenhos foram feitos sem autorização dos donos dos imóveis.

O primeiro grafite do La La La Dog foi feito na casa do grafiteiro (Foto: João Ricardo Vieira Santos/Arquivo Pessoal)
O primeiro grafite do La La La Dog foi feito na casa
do grafiteiro
(Foto: João Ricardo Vieira Santos/Arquivo Pessoal)

A popularidade do cachorro pelas ruas é tão grande que até uma promoção foi lançada em uma rede social para achar o 100º. A vencedora foi a pequena Alice Prestes Morais, de 3 anos.

Em um passeio de carro, a criança desfez o mistério de onde estava escondida a última versão do mais famoso cão de Mogi das Cruzes. De quebra, uma das paredes da casa de Alice vai ganhar uma versão exclusiva do La La La Dog. “Aquele dia nós buscamos nossa filha na escola no distrito de Brás Cubas e fomos para o Centro Cívico. Quando chegamos em frente à Câmara vimos do outro lado da rua o 100º La La La Dog. Então, tiramos a foto. A minha filha gosta do cachorro. Sempre que estamos no carro ela aponta o cachorro pelas ruas. Já virou brincadeira procurá-lo na fachada dos imóveis”, conta o pai, o empresário Wellington Morais.

No trânsito essa também é a brincadeira preferida dos irmãos Guilherme, de 9 anos, e Isabella Lautenschlager, de 5 anos. A ‘caça’ pelo La La La Dog mobiliza toda a família no carro. Quando encontram um novo desenho, os gritos e pulos no banco traseiro aumentam. “É difícil dirigir e ainda prestar atenção no desenho. Já chegamos a fazer um caminho especial para encontrar um La La La Dog que as crianças ainda não tinham visto na Rua Senador Dantas em um tapume”, conta o pai das crianças, Willian Wagner Lautenschlager.

“Eu acho que o La La La Dog ajuda a deixar a cidade mais bonita. O meu preferido é um que fica na Rua Flaviano de Melo e é branco. Dá até para ver os pelos do cachorro”, explica Guilherme.

Coloridos e espalhados pelas fachadas de vários imóveis da cidade, os La La La Dogs começaram a aparecer timidamente em abril, mas agora o cachorro ganhou status de “celebridade”. Mas nem todos concordam que o grafite embeleza a paisagem urbana da cidade.

Criador

Dalila, cadela da raça dog alemão com João no sofá (Foto: João Ricardo Santos/ Arquivo Pessoal)
Dalila, cadela da raça dog alemão com João
no sofá (Foto: João Ricardo Santos/
Arquivo Pessoal)

O grafiteiro João Ricardo Vieira Santos, de 30 anos, é o autor das pinturas.“No começo minha preocupação com a polícia era maior. Eu tinha medo de ser mal interpretado, por isso eu sempre escolhi locais abandonados, que estivessem para alugar ou tapumes. Eu também optei por grafitar durante o dia para que se a abordagem ocorresse fosse de uma maneira tranquila”, explica João.

Ele diz que atualmente a preocupação diminuiu por causa da repercussão que o desenho tem alcançado. No entanto, afirma que já foi abordado por policiais. “Eles pediram apenas que eu parasse com o desenho e fosse embora, sempre de maneira tranquila.”

A inspiração para os desenhos foi uma cachorra doméstica. “Começou com uma coisa pessoal com a Dalila, minha cadela da raça dog alemão, que morreu. É uma homenagem que decidi fazer para ela.”

João  mantém um blog que tinha cerca de 500 acessos diários e agora tem cerca de 7 mil, segundo ele. Na rua, as intervenções são rápidas. O 100º cachorro não levou nem cinco minutos para ser feito, explica o grafiteiro.

Prédios deteriorados foram os primeiros a receber os grafites (Foto: João Ricardo Santos/Arquivo Pessoal)
Prédios deteriorados foram os primeiros a receber os grafites (Foto: João Ricardo Santos/Arquivo Pessoal)

O que começou como uma homenagem e uma transgressão se tornou um negócio. Vários comerciantes estão contratando o grafiteiro para estampar o cachorrinho em suas fachadas. “Quando faço o grafite comercialmente tenho mais cuidado com o acabamento. Assim, a execução do desenho leva em torno de uma hora. Também uso mais cores.”

A popularidade do desenho deixa o artista espantado. Ele conta que uma vez grafitava um imóvel e foi surpreendido pelo dono. “Quando ele viu que era o La La La Dog me deixou terminar o desenho. É surpreendente a reação das pessoas.”

Fonte: G1

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