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Governo planeja distribuir coleira contra leishmaniose

19 de outubro de 2010
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Cão é reservatório do parasita causador da doença e, quando contaminado, tem de ser levado para eutanásia; projeto aguarda previsão orçamentária

Uma nova estratégia para combater o avanço da leishmaniose no País passa a ser avaliada pelo Ministério da Saúde: a distribuição de coleiras caninas com repelente para o mosquito transmissor da doença. A ideia é fazer um estudo-piloto e, se a medida for de fato eficiente, uma ação de maiores proporções poderia ser desencadeada.

Anunciado por representantes do ministério durante o 16.º Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinária, na semana passada, o projeto aguarda previsão orçamentária. Mesmo sem recursos definidos, a empresa produtora da coleira disse ter sido sondada por representantes da pasta para verificar se há condições de atender um aumento repentino na demanda.

Transmitida por meio da picada de um inseto conhecido como mosquito-palha contaminado, a leishmaniose, que até alguns anos tinha como cenário principal ambientes rurais, passou a atingir também centros urbanos. De 2000 a 2009 foram registrados 34.583 casos no País, com 1.771 mortes.

O combate a esse avanço apresenta um grande complicador. Cães são reservatórios do parasita causador da doença. Quando o animal está infectado e é picado, ele pode contaminar o mosquito. Quando a infecção do animal é confirmada, o Ministério da Saúde afirma que a única alternativa é encaminhar o animal para eutanásia. Recomendação que não é acatada por boa parte dos tutores. Muitos até importam medicamentos para fazer tratamento nos cães, prática condenada pelo governo.

“A eutanásia se mostrou uma medida ineficaz. As pessoas acabam transferindo seus bichos para outras cidades, para outros bairros, o que aumenta ainda mais o risco de expansão do problema”, diz a presidente da União Internacional Protetora dos Animais, Vanice Orlandi.

Em Brasília, a leishmaniose em cães começou a aumentar a partir de 2008. Um inquérito feito no Lago Norte, área nobre da capital, mostrou que 18% dos 5 mil cães analisados estavam doentes. Na época, moradores que não queriam entregar seus animais para a Vigilância procuraram advogados, levaram seus bichos para outros lugares ou mentiram sobre suas mortes.

Outra estratégia é borrifar inseticida em áreas infestadas. O problema é que a identificação dos criadouros não é tarefa fácil. “As coleiras impedem que o cachorro seja picado, o que ajuda a interromper o ciclo da transmissão da doença”, diz o gerente da empresa fabricante, Marco Castro. Mas o produto é caro, tem de ser trocado a cada seis meses e não há nenhum estudo no Brasil que comprove a eficácia da distribuição em massa. Segundo Castro, um trabalho para avaliar o impacto da distribuição de coleiras foi desenvolvido em Campo Grande. Os resultados, porém, ainda não estão disponíveis.

Fonte: Estadão


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