(da Redação)
Na ilha havaiana de Kauai, um número perturbador e crescente de desaparecimentos e mortes de gatos em situação de rua, de abandono ou mesmo de liberdade tem preocupado os defensores de direitos animais. As informações são do Huffington Post, do The Garden Island e do Hawaii News Now.
Entre os meses de abril e maio deste ano, de acordo com Basil Basil Scott, presidente da ONG Kauai Community Cat Project, mais de 50 gatos foram mortos ou desapareceram em Kauai.
“Houve tiroteios, envenenamentos, e uma execução intencional”, disse Scott ao The Garden Island. “Há cinco lugares onde temos quase certeza de que as pessoas estejam matando gatos. E o que acontece é absurdo”.
A organização recebeu vários relatos de tiroteios “do tipo esportivo” a gatos que ocorreram tarde da noite em áreas públicas. Pessoas têm visto gatos mortos e morrendo”, de acordo com um comunicado. “Esta não é apenas uma violação às leis contra a crueldade animal, mas também uma desobediência às leis de armas de fogo e segurança pública”.
Segundo Scott, um guarda de segurança testemunhou um dos tiroteios, que envolveu vários homens em um carro apontando um holofote para um gato antes de atirar nele. “Nós estamos falando de homens alcoolizados carregando armas de fogo no carro, o que é ilegal”, disse Scott.
A Polícia de Kauai informou ao The Garden Island que não tem conhecimento dos crimes, mas a Humane Society está oferecendo 5 mil dólares como recompensa por informações que levem à prisão dos responsáveis pelas mortes.
Uma ilha habitada por muitos gatos
Kauai é a ilha geologicamente mais antiga do arquipélago do Havaí, sendo a quarta maior, com cerca de 1.455 km² de extensão.
Também chamada de Garden Island, a ilha é lar de um vasto número de gatos em situação de rua ou abandono, ou simplesmente chamados “feral cats”, termo dado a gatos que vivem em liberdade ou semi selvagens, número que foi estimado em 20 mil, segundo a Kauai Humane Society.
Há uma diferença importante entre gatos abandonados ou sem lar e os “feral cats”. Esses últimos preferem a liberdade, não são domesticáveis e nem têm habilidade de socialização com humanos. Preferem viver em bandos, soltos, e são comuns em alguns países como os Estados Unidos, mesmo em cidades desenvolvidas, mas lutam contra a atual cultura da crueldade, da falta de tolerância para com os felinos e os perigos da vida em liberdade no mundo atual.
Com relação aos gatos de Kauai, muitos nasceram na natureza, enquanto outros foram abandonados pelos tutores ou são do tipo “feral”, e a quantidade desses animais soltos na ilha passou a ser considerada por muitas pessoas como uma ameaça aos pássaros que vivem na região.
Particularmente nessa ilha, metade dos cães perdidos são reunidos novamente com os seus tutores, mas somente 6 % dos gatos que se perdem conseguem retornar para seus lares, fato confirmado pela Humane Society: “Nós recebemos mais gatos em situação de rua que cães. No ano passado, recebemos 900 gatos a mais do que cães”, disse Penny Cistaro, diretora executiva da Kauai Humane Society.
Conforme reportagem da Hawaii News Now, isso pode ser devido ao fato de que, até pouco tempo atrás, havia obrigatoriedade de licença para os cães na ilha, mas não para os gatos. A prefeitura aprovou recentemente uma lei exigindo licença e registro também para os felinos, e está tentando implementar outras ações que minimizem esse problema, porém a principal delas remete à palavra “extermínio”.
Foi criado um controverso grupo chamado “Feral Cat Task Force”, formado por nove membros. O grupo declarou que o seu objetivo final é “zero gatos abandonados ou em situação de rua na ilha até o ano de 2025”, de acordo com um relatório de 113 páginas. No entanto, como a prefeitura pretende “zerar” os 20 mil gatos que vivem soltos na ilha é algo que permanece obscuro.
“Todos na Feral Cat Task Force concordam que não deverá haver gatos abandonados na ilha”, declarou Hob Osterlund, um dos membros da força tarefa, no relatório. “Mas nem todos têm a mesma ideia quanto aos melhores meios para se atingir esse objetivo”.
Uma das formas discutidas atualmente é o patrocínio de campanhas de castração pela prefeitura, mas as sugestões mencionadas no relatório incluem a morte induzida.
Para obter mais informações sobre o caso, acompanhar atualizações ou ajudar, visite a página da Kauai Community Cat Project no Facebook.