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DESSERVIÇO

Evento distorce direito à vida e realiza "rodeio beneficiente" em Barretos (SP)

20 de maio de 2022
Magnolia Gomez | Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Verde de Dentro

 Contraditoriamente, um evento de maus-tratos animais carrega no nome o peso de lutar “pela vida”. Vida de quem? Com 100% de arrecadação em prol do Hospital de Amor, a verdadeira compaixão pela vida passa longe.

Quando falamos de vida, são todas as vidas, todos os seres vivos, todas as espécies, humanas ou não. Chega a ser vergonhoso eventos que exploram, escravizam e maltratam animais em nome da suposta diversão humana.

Já é absurdo a prática dos rodeios ser considerada uma cultura e ganhar o nome de “esporte”. Só se for um esporte criminoso e cruel, já que nenhum animal explorado e machucado nos eventos gostaria de estar ali.

Para marcar a retomada do projeto “Rodeio Pela Vida”, animais da espécie humana que se julgam superiores e são considerados erroneamente como profissionais e campeões, estarão mais uma vez torturando animais de outras espécies em nome de um prazer cruel e uma diversão tola.

Foto: R7

Em 2019, Asa Branca, considerado o maior locutor da história dos rodeios do Brasil, revelou os maus-tratos que presenciou durante os eventos ao longo de sua carreira, mostrando arrependimento por fazer parte de um mundo tão cruel.

Conheça a realidade dos rodeios

Segundo Asa Branca, dos rodeios grandes aos pequenos, a festa era de alegria para o público, mas de dor e sofrimento para os animais.

Revelou ainda que os competidores usavam um aparelho para emitir choques de 12 volts com o objetivo de fazer com que os bois saltassem de forma mais frenética, para garantir boas notas diante dos juízes, além de outras formas de tortura.

Foto: Reprodução / Youtube / Vista-se

Martins (2009, p. 369-372), em seu parecer sobre utilização de animais em rodeios, afirma que entre os instrumentos mais utilizados em rodeios para fazerem os animais corcovearem, podem ser apontados:

“Sedém: é uma espécie de cinta de crina e pelo que se amarra na virilha do animal e que faz com que ele pule. O sedém provoca muita dor, pois comprime a região dos vazios dos animais, na qual se encontram parte dos intestinos e ‘a região do prepúcio, onde se aloja o pênis.’”

“Esporas: as esporas são objetos pontiagudos ou não, acoplados às botas dos peões, servindo para golpear o animal (na cabeça, pescoço e baixo-ventre), fazendo, em conjunto com o sedém e outros instrumentos, com que o animal corcoveie de forma intensa. Além disso, quanto maior o número de golpes com as esporas, mais pontos são contados na montaria. Cabe frisar que, com ou sem pontas, as esporas machucam o animal, normalmente provocando cortes na região cutânea e perfuração no globo ocular.”

 

Fotos: Facebook | Geração de Defensores dos Animais 

“Peiteira: consiste em uma corda ou faixa de couro amarrada e retesada ao redor do corpo do animal, logo atrás da axila. A forte pressão que este instrumento exerce no animal acaba causando-lhe ferimentos e muita dor também. E ainda na peiteira são colocados sinos, os quais produzem um barulho altamente irritante ao animal.”

“E, por fim, quando o animal já está velho ou cansado, golpes e marretadas na cabeça, seguido de choque elétrico, costumam produzir convulsões e são os métodos mais usados com a finalidade de provocar sua morte.”

É injustificável que um “espetáculo” de atrocidades tão bizarras possa ter amparo legal, com apoio de tantos animais da espécie humana que não conseguem enxergar que toda vida importa.

Foto: Mundo Animal Maceió

Referências

MARTINS, Renata de Freitas. Parecer: utilização de animais em rodeios. Revista Brasileira de Direito Animal, Salvador, ano 4, n. 5, p. 367-394, 2009. Disponível aqui. Acesso em: 5 out.. 2019.

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