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Evento arrecada fundos para castração de animais em Corumbá (MS)

11 de abril de 2016
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Fotos: Caline Galvão/Diário Corumbaense
Fotos: Caline Galvão/Diário Corumbaense

A Associação Corumbaense e Ladarense de Apoio aos Animais (ACLAA) incentivou a adoção responsável e promoveu a conscientização sobre a causa animal através do Lanche Beneficente que ocorreu no domingo (10). O evento teve o objetivo também de arrecadar fundos para a aquisição de equipamento para castração de animais. O lanche aconteceu no Ygarapé, que cedeu espaço gratuitamente. Houve apresentações de danças, sorteios de brindes, leilão, espaço recreativo infantil, muita comida e refrigerante, além do apoio de diversas empresas.

O presidente interino da associação, Augusto Samaniego, afirmou que foram quase três meses de organização do evento junto aos colaboradores. Ele explicou que o aparelho veterinário para castração custa cinco mil reais e esse valor foi dividido entre os três grupos de proteção de animais que existem em Corumbá. “A associação é importante principalmente para oferecer às crianças uma nova visão, para que elas amem os animais desde cedo, mas também para aos adultos poderem ajudar”, afirmou Samaniego.

Dentre os veterinários presentes, Ádina Delben estava com seu filho prestigiando o evento. Ela ajuda a ACLAA financiando cirurgias emergenciais, castrações, vacinas e auxilia na procura de famílias que adotem animais. “A sociedade é geradora de todo o problema que existe no meio animal. Se a sociedade não tiver consciência, haverá um caos em todas as cidades. As famílias precisam fazer orçamento para saber se podem ou não adotar um animal. Quem ajuda financeiramente essas associações não tem dinheiro sobrando, mas deixa de investir no supérfluo para ajudar”, disse a veterinária ao Diário Corumbaense.

Gislene Arruda compareceu com o marido e o filho ao lanche. A empresária, que tem três gatos em casa, apoia a causa animal e ajudou a associação disponibilizando sua empresa para venda de ingressos. “Eu acho que essas associações são importantes em Corumbá porque existem muitos animais abandonados nas ruas e tem muita gente que tem animal e não tem recursos, aí a ACLAA entra ajudando. É muito importante também as empresas se empenharem nessa causa”, disse Gislene.

O ápice do evento foi a palestra do vereador de Três Lagoas, Beto Araújo, que se disponibilizou em estar presente expondo seu trabalho de defesa animal naquele município. Ele explicou como lutou pela condenação do município na Justiça pela morte de 3.470 animais em 2010 no Centro de Controle de Zoonoses daquela cidade. Ele considerou o CCZ de Três Lagoas um “campo de extermínio” que tinha o objetivo de arrecadar dinheiro junto ao Ministério da Saúde afirmando que, supostamente, parte desses animais estaria infectada com leishmaniose. Segundo ele, há 50 anos não se matam cachorros em países desenvolvidos por causa dessa doença e o Supremo Tribunal Federal (STF), através do então ministro Joaquim Barbosa, já permitiu tratamento para a doença.

O vereador conseguiu todas as provas e protocolou as denúncias no Ministério Público Estadual, Federal, Conselho Federal de Medicina Veterinária, Ordem dos Advogados do Brasil e Conselho Regional de Medicina Veterinária. A condenação final saiu em setembro de 2015, o primeiro caso registrado no Brasil que pode servir de jurisprudência para outras cidades. O promotor do meio ambiente, Antonio Carlos de Oliveira, entrou com ação através do Ministério Público de Três Lagoas e a condenação foi assinada pela juíza Aline Beatriz de Oliveira Lacerda, em 28 de setembro de 2015.

Depois de dois anos e meio, Beto Araújo conseguiu fazer com que Três Lagoas fosse condenada, sendo obrigada, pela Justiça, por exemplo, a implantar programa de castração gratuita, oferecer atendimento médico-veterinário para animais de pessoas carentes, proibir morte de animais saudáveis pelo CCZ ou que estejam com doenças tratáveis, obrigação de realizar campanhas na cidade sobre posse responsável de animais, fiscalizar locais de venda de animais para verificar em que estado estão os animais, punir aqueles que maltratarem animais, proibição de recolher animais saudáveis de seus tutores.

Palestrante dá sugestões para resolução do problema que envolve animais

Beto Araújo é presidente da AMEMAIS Três Lagoas (Associação Proteção aos Animais de Três Lagoas), entidade vinculada ao Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (FNPDA). Há 16 anos luta pela causa, tem atualmente 30 animais em sua casa e já resgatou cerca de 500 das ruas. Luta pelo fechamento de todos os abrigos de animais porque acredita não ser a solução para o problema de animais abandonados.

Ele sugere quatro pilares para acabar com o problema dos animais abandonados no Brasil, inclusive em Corumbá. O primeiro deles é a educação da população, principalmente das crianças. Para Três Lagoas ele levou, através do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, curso para os professores sobre educação ambiental humanitária em bem-estar animal, através da palestrante dinamarquesa Elizabeth MacGregor, gerente de educação do Fórum. Ela ministrou curso de oito horas aos professores que trabalham com crianças, a fim de transformar os pequeninos em cidadãos conscientes.

O segundo pilar é a conscientização. “Campanha de conscientização é obrigação do poder público. Conscientizar a população de que os animais têm direitos adquiridos na Constituição brasileira, você não faz o que quiser com seu animal. É crime abandono e assassinato de animal. Cuidar dos animais é questão de saúde pública”, disse Beto Araújo ao Diário Corumbaense.

O terceiro pilar que ele sugere para acabar com o problema dos animais é o controle reprodutivo por parte do município, e que fosse gratuito e permanente, o que já ocorre no CCZ de Três Lagoas, depois da decisão judicial. Por último, Beto sugere que a punição seja efetivamente concretizada contra pessoas que insistem em maltratar e abandonar animais.

“Quem maltrata um animal, já está provado cientificamente, boa pessoa não é. Pesquisa do FBI, Teoria do Link, livro ‘Maus tratos aos animais’ do major Marcelo Robis, da Polícia Militar Ambiental de São Paulo comprovam isso. O major escreveu o livro e fez a mesma pesquisa que o FBI fez. O FBI, junto com um médico, entrevistou a família de quem maltratava qualquer animal e descobriu que a pessoa que maltratava fazia a mesma coisa com a família dele, principalmente contra a mulher. Serial killer nos Estados Unidos, a pesquisa comprovou que quase a totalidade deles maltratava animais quando criança. A pessoa que maltrata os animais tem o perfil de quem vai cometer crime contra humanos mais tarde. Se a polícia combater o criminoso que maltrata os animais, ela vai evitar crimes hediondos contra humanos amanhã”, concluiu Beto Araújo.

Fonte: Diário Online

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