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PREOCUPAÇÃO COM OS OCEANOS

Estudo alerta: os oceanos vão se tornar cinco vezes mais barulhentos até 2100

A pesquisa apontou que fatores como acidez e a temperatura da água interferem na transmissão do ruído subaquático, e isso traz um impacto negativo para a vida marinha.

4 de janeiro de 2024
Tiago Robles
2 min. de leitura
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Foto: Paul Hilton | Greenpeace

Em 2023, vimos vários recordes climáticos sendo quebrados devido às mudanças climáticas; as temperaturas da superfície do mar (TSM) aumentaram substancialmente, com valores bem acima da média. Também, as emissões contínuas de gases de efeito estufa (GEE) resultaram em uma acidificação das águas oceânicas.

Um estudo publicado na revista Environmental Science, realizado por pesquisadores do Instituto Royal de Pesquisa Marinha dos Países Baixos (NIOZ), na Holanda, apontou que estes dois fatores (temperaturas oceânicas mais quentes e acidez) interferem na transmissão do ruído nos oceanos, causando impactos negativos sobre a vida marinha.

A pesquisa

A transmissão dos sons pela água é importante para comunicação entre alguns animais marinhos, como a baleia, por exemplo.

Nesse sentido, os autores objetivaram analisar a influência da mudança climática sobre a propagação dos sons subaquáticos no oceano Atlântico Norte. Para isso, utilizaram modelagem numérica para analisar os cenários climáticos extremos e moderados (conforme os cenários de emissões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC).

Os resultados mostraram que a mudança climática já está afetando negativamente os animais através do aumento do barulho no oceano, e esse barulho ficará 5 vezes maior até 2100, interferindo no comportamento de muitas espécies de peixes e mamíferos.

Os responsáveis pelo aumento do barulho

No cenário moderado (SSP2-4.5), foi projetado um aumento de 7 decibéis nos níveis de sons subaquáticos até 2100, o que corresponde a quase cinco vezes mais energia sonora. já no cenário extremo (SSP5-8.5), esse aumento será superior a 50 decibéis.

Devido às mudanças nas correntes oceânicas, especificamente na Circulação de Revolvimento Meridional do Atlântico (AMOC, em inglês), e nas temperaturas, o fornecimento de águas superficiais mais quentes ao norte do oceano Atlântico irá provavelmente diminuir; isso levaria à formação de um “canal sonoro” separado na parte superior do Atlântico Norte, uma espécie de túnel, que transportará os sons por distâncias maiores (> 500 Km).

Esse aumento intensifica os sons gerados por armas de ar comprimido usadas em pesquisas sísmicas, por exemplo, e pelo tráfego marítimo – que tende a aumentar com o provável aumento do número de navios em alto-mar.

“Se os peixes não puderem mais ouvir seus predadores ou se as baleias tiverem mais dificuldade para se comunicar umas com as outras, isso afetará todo o ecossistema”, disse Luca Possenti, autor principal do estudo.

Em relação à velocidade de propagação do som, o cenário moderado indica um aumento global em diferentes profundidades (abaixo de 300 m), exceto no Atlântico Norte e no Mar da Noruega, onde nos primeiros 125 metros a velocidade diminuirá em até 40 m/s.

Na verdade, é essa diminuição que resulta no “túnel sonoro”, propagando os sons a grandes distâncias. No cenário extremo, essas variações também foram observadas, levemente superiores.

“Devido aos efeitos potencialmente profundos sobre o ecossistema, esse conhecimento é essencial se quisermos entender o que as mudanças climáticas podem fazer com a vida marinha“, disse Possenti.

Fonte: Tempo

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