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PARCERIA

Estudantes da Universidade de Brasília (UnB) e ativistas da proteção animal se unem contra maus-tratos aos gatos que vivem na instituição

Ativistas e estudantes da UnB estão preocupados com a ameaça de caça aos animais que circulam pela instituição, após a suspeita de que um deles tenha contaminado o jovem que morreu por raiva humana

10 de agosto de 2022
4 min. de leitura
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Foto: Arthur de Souza | CB

Ativistas de proteção aos animais alertam para a ameaça contra a vida dos gatos em situação de rua, devido ao medo dos gatos estarem com vírus da raiva. Quase duas semanas depois da morte de um rapaz de 18 anos pela doença, no Distrito Federal, há a suspeita de que a vítima teria sido infectada após sofrer uma arranhadura de um dos gatos que transitam pela Universidade de Brasília (UnB).

A possibilidade foi cogitada pela advogada da família do estudante, por meio de uma nota divulgada em 3 de agosto. No entanto, o Núcleo de Estudos sobre os Direitos dos Animais da UnB lançou um documento, contestando a versão dada pela advogada da família do jovem. É o primeiro caso de raiva humana em 44 anos, no DF.

O texto, que tem a data de 4 de agosto, ressalta que os gatos que circulam pela UnB são animais comunitários e estão identificados individualmente, para o controle populacional e sanitário necessário. “Todos os gatos do campus (Darcy Ribeiro), que aceitam contato humano, foram vacinados contra a raiva”, afirma o núcleo.

A nota detalha que a raiva tem um período de incubação, de acordo com a literatura médica, entre duas semanas a três meses após a agressão, afastando a suspeita de contaminação no campus. “O estudante começou a frequentar a universidade em 6 de junho e manifestou os primeiros sintomas em 15 de junho, ou seja, em um período de nove dias”, explica o documento. “Uma notícia dessa natureza precisa de respaldo científico, para não provocar pânico na população com consequências sérias aos animais residentes no campus”, alerta.

A Secretaria de Meio Ambiente (SeMA) da UnB assegura que os gatos do campus encontrados mortos são recolhidos e periciados pelo Hospital Veterinário da instituição. “Os laudos estão relacionados ao ataque de cães e atropelamento. Os testes de raiva e a possibilidade de envenenamento foram negativos”, frisa a nota da secretaria.

Crime

A nota enviada pelo núcleo da UnB tem o aval da diretora da ONG ProAnima, Mara Moscoso. Para ela, não há comprovação de que o vírus da raiva, que matou o jovem, tenha partido de algum gato que circula pela instituição. “Então, essa possível caça aos gatos, que tem sido comentada, é extremamente perigosa. É um absurdo, a gente não pode maltratar os animais por achar que eles estão doentes”, critica a ativista.

Mara lembra que esse tipo de ação é crime. “A pessoa que é flagrada maltratando animais pode pegar de 1 a 6 anos de prisão, de acordo com a lei”, diz a diretora da ProAnima. A Secretaria de Saúde do DF, reforça a fala da ativista, ressaltando que eliminar cães, gatos ou outros animais em situação de rua é um crime federal, disposto nas leis nº 9.605/98 e nº 14.228/21. A gestora da ONG conclui afirmando que o governo precisa fazer campanhas de conscientização. “Informando como essa doença é transmitida e como os tutores devem cuidar dos animais, além de incentivar a vacinação”, aconselha.

Estudante de biotecnologia na UnB Ágatha Jardim, 20 anos, sente-se revoltada por saber que podem estar perseguindo os gatos que circulam pelo campus, devido a uma suspeita de contaminação. “Parte meu coração. É muito fácil apontar o dedo e jogar a culpa nos gatos, sem saber da real situação. Sei que a UnB castra e vacina os animais que circulam por aqui, e botam eles de volta, pois já estão acostumados com o ambiente e o fluxo de estudantes”, comenta a jovem. Com a blusa coberta por pelos, a estudante encerra afirmando que ama os gatos.

Reunida com o grupo de amigos, no ICC Sul, a discente em ciências contábeis Danielle da Silva Souza, 18, repudia qualquer tipo de ação contra os animais da UnB. “Os gatos daqui são muito tranquilos. É bem difícil ver algum deles nervoso. O pessoal alimenta, cuida, e eu nunca ouvi falar sobre algum ataque partindo de algum deles”, defende Danielle.

Todos cuidam

Um animal que não tem um lar fixo, mas estabelece laços com a população de onde mora. Entende-se que ele pertence à comunidade. Por mais que não tenha um tutor, é necessário ter um acompanhamento com esse tipo de animal, para que não apresente qualquer risco de doenças para àqueles que o cuidam.

Fonte: Correio Braziliense

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