EnglishEspañolPortuguês

Especialistas buscam animais em área queimada

16 de outubro de 2014
3 min. de leitura
A-
A+
Analista ambiental mexe em toca de tatu para tentar encontrar animal (Foto: Fernanda Soares/G1)
Analista ambiental mexe em toca de tatu para tentar encontrar animal (Foto: Fernanda Soares/G1)

Uma equipe de especialistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) realizou nesta quarta-feira (15) uma incursão a uma das áreas atingidas pelo fogo no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) em Petrópolis, na Região Serrana do Rio. O incêndio florestal começou no área do parque na última segunda-feira (13), já consumiu 575 hectares de Mata Atlântica e está sendo combatido por 50 brigadistas do parque e do Instituto Estadual do Ambiente (Ibama). O objetivo foi fazer um levantamento do impacto do incêndio sobre a flora e a fauna local, além do possível resgate de animais feridos.

A equipe do G1 acompanhou o trabalho do grupo que caminhou 800 metros pela área de difícil acesso. Nenhum animal foi encontrado, mas o canto dos pássaros, como o pombão, que emite som semelhante a um choro, soava como súplica. Em toda a cidade, de acordo com o comandante dos Bombeiros Área Serrana, coronel Roberto Robadey, 2.400 hectares foram atingidos pelas queimadas nos últimos oito dias.

Os cinco integrantes da equipe entraram no Parnaso pelo terreno de uma das residências do Condomínio Mata Porcos, na Estrada Mata Porcos, no Bonfim, 2º distrito. O incêndio foi controlado na região nesta terça-feira (14) e os indícios do foco mais próximo da casa estavam a apenas 260 metros. A esperança da veterinária do ICMBio, Raquel Junger, do projeto Fauna Viva, era resgatar algum animal com vida, o que não aconteceu. O Parnaso abriga 3.683 espécies da fauna e flora. São 883 animais, 130 deles ameaçados de extinção.

Esta foi a primeira operação deste tipo realizada pelo instituto. “Havia chance de encontrarmos espécies como paca, tamanduá, lagarto e serpentes. Não conseguimos chegar na parte mais crítica, por conta da alta temperatura. Talvez por isso não encontramos os animais”, explicou a especialista. No caminho ainda havia focos de fogo de turfa, ou seja, subterrâneo. “As raízes ainda estão queimado”, disse a bióloga Fabiane Pereira.

Equipe do ICMBio não localizou animais vivos em toda a área (Foto: Fernanda Soares/G1)
Equipe do ICMBio não localizou animais vivos em toda a área (Foto: Fernanda Soares/G1)

Desde o início da queimada, que atingiu a área do Parnaso nesta segunda-feira, os brigadistas relatam que muitos animais são encontrados mortos. Um ouriço foi levado para a sede do parque em Teresópolis na própria segunda-feira. Ele teve intoxicação e as patas queimadas. Até o momento, foi o único resgatado sobrevivente. Além dele, uma paca chegou a ser socorrida, mas morreu no caminho. Segundo a veterinária, os tatus e os filhotes de pássaros estão entre os que mais têm dificuldade para fugir das chamas. “As aves adultas ainda conseguem fugir, o que é difícil para as que ainda estão no ninho”, revelou Raquel.

Ouriço se recupera na sede do Parnaso em Teresópolis (Foto: Divulgação/Parnaso)
Ouriço se recupera na sede do Parnaso em
Teresópolis (Foto: Divulgação/Parnaso)

Segundo o analista ambiental da ICMBio Leonardo Martins Gomes, o tempo de regeneração da área, que tinha mata em estágio médio e avançado, com árvores entre 15 e 20 metros de altura, deve ser de 10 anos. “A área será toda embargada para regeneração. A intenção é possibilitar este processo, evitando que ela seja utilizada para outros fins”, destacou o especialista. Os prejuízos da queimada vão desde a perda de vegetação endêmica (específica do local) e de Mata Atlântica, até o desequilíbrio da fauna, já que os animais que ficaram sem habitat vão disputar espaço com outros em áreas já ocupadas.

Fonte: G1

 

Você viu?

Ir para o topo