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DENÚNCIA

Equipe do Ibama tenta identificar pescadores que aparecem em vídeo comemorando morte de jacaré gigante no Acre

17 de maio de 2023
3 min. de leitura
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Foto: Reprodução

Uma equipe do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Acre esteve na região do Rio Iquiri, localizado na cidade de Senador Guiomard, no interior do estado, na quinta (11) e sexta-feira (12) para tentar identificar os pescadores que aparecem em um vídeo comemorando a morte de um jacaré de cerca de 4 metros.

Contudo, os servidores não conseguiram encontrar o grupo.

Moradores confirmaram a situação, mas não contaram quem seria os pescadores filmados. O vídeo viralizou na quarta-feira (10) e chegou até o Ibama.

“Estamos fazendo a investigação do caso, o pessoal foi lá, mas é muito difícil você conseguir localizar alguém. Foram na sexta à tarde, conversei com o chefe da fiscalização e explicou que iriam lá novamente”, explicou a superintendente substituta do Ibama no Acre, Melissa Machado.

A equipe ouviu dos moradores também que o animal estava rasgando as malhadeiras dos pescadores e comendo criações dos fazendeiros. Porém, a comunidade não quis revelar quem são os pescadores envolvidos na captura e abate do animal. “Estamos investigando”, confirmou a superintendente.

Vídeo

Nas imagens, aparecem dois homens ao lado do animal, que já está morto e virado de peito para cima. Um dos pescadores chega a bater na barriga do jacaré e depois monta no animal ao comemorar a morte.

Os pescadores relatam no vídeo que a captura foi feita no Rio Iquiri. “A gente pega assim jacaré, a gente pesca assim. Olha o que a gente faz. Só o pequeno, o neném, o grande nós vamos pegar mais tarde. Olha aqui o pé dele. Olha meu parceiro, olha a boca dele, do pequeno. Isso aqui é o trabalho que eu faço no Iquiri para não rasgar a malhadeira”, disse um dos homens.

Espécie

A bióloga Joseline Guimarães identificou a espécie. Conhecida popularmente como jacaré-açu (Melanosuchus niger), o animal é endêmica da Amazônia e é o maior de todas as espécies. Os machos podem ultrapassar 5 metros. Essa espécie ocorre, em geral, nas áreas de várzea, nos paranãs (pequenos rios que ligam rios maiores) e nas matas alagadas.

“Animal adulto, tem sua distribuição geográfica na bacia amazônica em 7 países da América do Sul, no momento, segundo levantamento da IUCN [União Internacional para Conservação da Natureza] tem baixo risco de extinção. Cenas como essa nos entristecem pela total falta de respeito pela espécie que é topo de cadeia alimentar, responsável pelo equilíbrio do ecossistema aquático”, disse a bióloga.

Alguns jacarés dessa espécie, quando adultos, podem ser predadores de qualquer animal de seu habitat, inclusive outros predadores de topo, como pumas, onças, jiboias e sucuris, se forem surpreendidos por esses répteis. Normalmente, se alimenta de pequenos animais, como tartarugas, peixes, capivaras e veados.

Crime ambiental

Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, é crime, segundo o artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais.

Segundo a legislação, a pena é de detenção de seis meses a um ano, além de multa. Incorre ainda, nas mesmas sanções, quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural ou vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre.

Fonte: G1 

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