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SOLIDÃO

Entenda como vive a baleia mais solitária do mundo

31 de outubro de 2021
Yasmin Casal I Redação ANDA
4 min. de leitura
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Blue Whale (Balaenoptera musculus), Sri Lanka, Marissa, Indian Ocean/Pixabay

Descoberta em 1992, através de uma iniciativa da Marinha Americana durante a guerra fria, a baleia Blue é considerada a mais solitária do planeta. Isso acontece porque ela emite sons irreconhecíveis quando tenta se comunicar com outros animais, em uma velocidade até dez vezes maiores do que a naturalmente manifestada pela espécie. Ainda, conforme publicado na matéria do Mega Curioso, é essa adaptação vocal que sacrifica a sociabilidade do animal que até hoje segue sem ser notada pelas outras.

Segundo a matéria, as baleias são conhecidas por serem extremamente sociáveis e utilizam sons similares a cantos para se comunicarem entre os membros do gênero, com os mais diversos intuitos. Elas emitem ruídos em padrões de frequência determinados, que é um dos mecanismos mais importantes para a sobrevivência desses  grupos, já que as limitações da vida submersa acabam reduzindo a efetividade de sentidos como a visão e olfato.

“As baleias e os golfinhos são animais sociáveis. Algumas espécies se organizam em grupos coesos e produzem sons complexos se comparados a línguas e dialetos diferentes. Também apresentam comportamento eloparentamental – cuidam de jovens que não são os seus filhos”, disse a bióloga marinha Kátia Silva, em entrevista ao Mega Curioso, destacando o altruísmo da espécie.

Além do apontado pela bióloga, conforme a matéria, já foi comprovado o comportamento de luto vivido pelas mamães baleias quando seus filhotes morrem. Além de carregarem o corpo deles consigo durante dias, elas também deixam de se alimentar e outros indivíduos do grupo também carregam o corpo falecido.

“A dor pela perda de um membro do grupo é vivenciada não somente na espécie humana”, disse a especialista.”

Conforme o texto, diferente de outras espécies, que conseguem chegar a frequências sonoras entro 40 Hz e 325 KHz, as baleias-de-barbatanas, ou misticetas, emitem e compreendem sons na casa dos 20 Hz, muito abaixo do que aquelas capazes de serem ouvidos pelos humanos. Assim, só é possível identificar o canto delas por meio de aparelhos especializados na captação de ruídos, como aconteceu com o caso da rede de hidrofones instaladas durante a Guerra Fria por militares norte-americanos. Foi esse mecanismo que, por muito tempo, conseguiu identificar muitos canais de baleia-azul e baleia-de-barbatanas, todas localizadas entre as frequências médias de 15 Hz a 30 Hz.

Foi uma faixa de som que se destacou em meio ao rugido oceânico que possibilitou que os cientistas conseguissem identificar a mistérios frequência de Blue, que é de 52 Hz, que é grave para os humanos, mas agudo e indecifrável para outras baleias.

Muito pouco se sabe sobre ela, mesmo após três décadas de estudos, ainda não se sabe se ela é macho ou fêmea, ou até mesmo de que espécie ela é. Segundo a matéria, o mapeamento de sua rota, aparentemente opera com comportamentos migratórios no Oceano Pacifico, o que sugere ser uma baleia-azul, mas as assinaturas físicas já registradas indicam ser uma baleia-de-barbatana. Conforme a bióloga Kátia, poderia ser um animal híbrido, já que existem casos comprovados de hibridismo entre as espécies, mas não se pode afirmar nada, já que Blue nunca foi vista de fato. Ela apenas é ouvida no mesmo local e na mesma época do ano.

Sem respostas sobre a espécie, a ciência também não foi capaz de encontrá-la com facilidade, já que os sons emitidos pela Blue podem chegar a até 3 mil quilômetros. Conforme o texto, a falta de frequência localizada no espectro auditivo das baleias sugere que ela tenha dificuldade extra em se socializar, o que faz com que muitos estudiosos classifiquem sua dificuldade como “deficiência”, que causa um duradouro estado de solidão.

Com dificuldade de se comunicar, ela encontrou nos humanos as melhores chances de estabelecer vínculos de compreensão, já que os cientistas são capazes de geolocalizar os sons do animal e utilizar ferramentas para projetar possíveis formas de entendimento sobre as emoções e comportamentos da baleia. Hoje, equipes de resgate e biólogos seguem tentando encontrar a fonte dos 52 Hz enquanto aprimoram as técnicas para um dia, quem sabe, terem a chance de examinar Blue e verificar se a solidão lhe afeta de forma negativa ou não.

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