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MONITORAMENTO

Entenda como câmeras escondidas têm ajudado na preservação da vida animal na Amazônia

28 de março de 2024
5 min. de leitura
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Foto: Roraima Silvestre/Reprodução

Pesquisadores de Roraima têm usado câmeras escondidas na floresta para observar a vida de animais silvestres e, com essas informações, levar conhecimento sobre a fauna à população explicando a importância da preservação ambiental.

A ideia é entender como os animais vivem para a partir disso desenvolver estratégias que “conservem a vida selvagem” diante dos avanços econômicos. Entenda abaixo como as câmeras escondidas têm ajudado na preservação da vida animal na Amazônia:

Como é feito o monitoramento
Quais são os flagrantes e os resultados
Como a população é educada
Detalhes sobre o ‘Roraima Silvestre’
Como é feito o monitoramento

O trabalho é feito há pouco mais de um ano por 15 professores e alunos do Instituto Federal de Roraima (IFRR), campus Novo Paraíso, no município de Caracaraí, Sul de Roraima, distante cerca de 249 quilômetros da capital Boa Vista.

Por meio de câmeras instaladas em árvores, o grupo, chamado de “Roraima Silvestre”, têm feito registros inéditos da vida animal – o trabalho é um verdadeiro “Big Brother” na floresta.

Mas, para além disso, o monitoramento permite avaliar o grau de sucesso das políticas e ações ambientais, além de “garantir transparência à sociedade sobre as reais condições ambientais em Roraima”, conforme afirma o coordenador do projeto e o doutor em ciências pela Universidade de São Paulo, Rafael de Sousa.

“Os resultados obtidos com o projeto, desde o vasto acervo de registros audiovisuais de animais silvestres, até as ações de conscientização ambiental realizadas, contribuem para a preservação da biodiversidade no sul de Roraima, integrada à produção agropecuária, sendo esta última a principal atividade econômica da região”, explica.

Ao todo, são dez câmeras instaladas no perímetro de 520 hectares da reversa legal do IFRR – o equivalente a mais de 500 campos de futebol. O chefe de campo e monitoramento do projeto, Gabriel Oliveira, de 35 anos, explica que o ponto-chave é a preservação ambiental.

“Pessoal sempre pergunta para a gente: ‘vocês são do curso de agronomia e tão fazendo um estudo de preservação, vocês não deveriam estar estudando produção agrícola?’ Só que a gente tem que conscientizar as pessoas que produção tem que vir com a preservação. Você tem que preservar para você produzir”, disse.

Quais são os flagrantes e os resultados

Entre os registros feitos até agora, tem os de imponentes animais da Amazônia, como a onça-pintada, parda, tatu, jaguatirica, anta e até uma rara irara de pelo branco.

E por que é importante saber como vive uma onça-pintada, por exemplo? De acordo com o professor, saber da existência de onças na região e como elas se comportam auxiliam na convivência harmônica entre a população, tanto de onças quanto de moradores.

“Com os dados obtidos pelas câmeras, é possível fazer estimativas populacionais das onças-pintadas, dados essenciais para verificar o nível de risco de extinção. Além disso, pode-se analisar o modo como os animais ocupam o espaço e, a partir disso, identificar possíveis perigos para a espécie e evitar que a população local entre em confronto com esses animais”, explica.

Como em uma edição do famoso reality show, os bichos são flagrados em situações habituais das espécies. Ao todo, 19 espécies de mamíferos, 20 de aves e 6 de répteis já foram catalogadas por meio dos registros inéditos nos campos de pesquisas.

Por ser uma técnica menos invasiva, as armadilhas fotográficas possibilitam o levantamento, inventário e a análise comportamental desses animais em seu ambiente natural. Outras vantagens são a praticidade. Os resultados, segundo os pesquisadores, já podem ser sentidos na região de atuação do grupo.

“A continuidade do projeto se mostra fundamental para que a longo prazo as atividades agropecuárias desenvolvidas em Roraima possam estar alinhadas à preservação do meio ambiente. Além do que, o intenso engajamento das pessoas com relação ao projeto nas redes sociais, demonstra a relevância deste trabalho diante da sociedade e como a proteção à Amazônia é uma questão de todos”.

👨🏼‍🌾🐾 Como a população é educada

O IFRR campus Novo Paraíso fica localizado na BR-174, próximo à vila de mesmo nome, distante 249 km da capital de Roraima, Boa Vista (cerca de 3h de carro). A instituição atende alunos do municípios do interior, como São Luiz, Caracaraí e Rorainópolis, e oferece cursos técnicos integrados ao ensino médio, além das graduações como o curso de agronomia, responsável pelo “Roraima Silvestre”.

A produção agropecuária é uma das principais formas de renda do Sul do estado. Com isso, os produtores acabam se deparando com animais típicos da fauna amazônica. Com o projeto, são apresentados à população local os costumes destes animais para os produtores a fim de evitar acidentes prejudiciais para os animais e também para a comunidade.

“Os resultados obtidos com o projeto, desde o vasto acervo de registros audiovisuais de animais silvestres, até as ações de conscientização ambiental realizadas, contribuem para a preservação da biodiversidade no sul de Roraima, integrada à produção agropecuária, sendo esta última a principal atividade econômica da região”, explica o professor.

Usar os recursos naturais de forma responsável, especialmente nas atividades de trabalho e comércio no Sul de Roraima, também é um dos pontos que contribuem para a biodiversidade.

“Se a biodiversidade diminuir, será mais difícil para muitas áreas que são importantes para o crescimento econômico e social do estado”, explica o professor.

🌳 Detalhes sobre o ‘Roraima Silvestre’

Atualmente, a base de pesquisa é constituída tanto pela área de reserva legal do sítio de Alexssandra, quanto pela área do campus Novo Paraíso do IFRR, também localizado em Caracaraí, ambas conectadas a corredores ecológicos, permitindo o fluxo de animais silvestres entre diferentes áreas.

O projeto é contínuo e deve seguir registrando imagens de animais. O grupo também divulga as imagens captadas nas redes sociais.

Fonte: G1

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