A Associação para a Conservação do Lince-ibérico e desenvolvimento dos seus territórios (IBERLINX) conta agora com a parceria da Estradas de Portugal (EP), que pretende “contribuir para a reintrodução e conservação do lince ibérico e dos territórios onde se incluem os seus habitats e populações”, explicou ao Ciência Hoje Ana Cristina Martins, directora do Gabinete de Ambiente da empresa.
Segundo esta responsável, a integração da EP na IBERLINX vai dar oportunidade para o desenvolvimento de medidas que contribuam para a minimização da probabilidade de atropelamento de linces nas estradas e do efeito-barreira causado por estas infraestruturas.
Ana Cristina Martins admite que as estradas constituem uma barreira à mobilidade dos animais e que o atropelamento é um fator de mortalidade. No entanto, acredita que o estado de pré-extinção em que a espécie se encontra está relacionado principalmente com a perda de habitat e indisponibilidade de alimento devido à regressão, nas últimas décadas, das populações de coelho, a principal presa do lince, e não à presença da estrada.
A implementação de medidas de minimização e compensação de impactos provocados pelas estradas na fauna está contemplada na legislação e, de acordo com Ana Cristina Martins, “a EP tem vindo a cumpri-la nos seus projetos”. Contudo, com a integração na Associação IBERLINX, esta empresa pretende “ir mais além das medidas usualmente implementadas, participando em ações que visam à conservação da espécie em território nacional”.
“Não se trata de pôr a mão na consciência’”, diz a responsável, acrescentando que na sua atuação a EP sempre desenvolveu estudos de impacto ambiental, onde a componente biológica é uma das vertentes estudadas. Estes estudos permitem projetar as estradas em respeito pelos valores em presença ou, no caso de não ser possível evitar afetação de habitats e espécies em particular, implementar as medidas de minimização e compensação que são entendidas como necessárias pelos especialistas.
“A mobilidade é em si mesmo um valor a garantir, preservar e promover como garantia da própria sustentabilidade do território e preservação de valores ambientais, pois é garante de atividade econômica e sem esta não haverá recursos, por exemplo, para a reintrodução do lince”, frisou Ana Cristina Martins.
No âmbito da conservação da biodiversidade, a EP também já estabeleceu protocolos com universidades e fundações, para estudos de investigação e ações de conservação, tal como aconteceu com a Faculdade de Ciências de Lisboa, que realizou um estudo da mortalidade de vertebrados nas estradas para que se implementem medidas que permitam reduzir este fator.
Ana Cristina Martins destacou também a participação da EP na Fundação Floresta Unida com o objetivo de contribuir para a reflorestação de áreas afetadas por incêndios ou outras fontes de degradação.
Fonte: Ciência Hoje