EnglishEspañolPortuguês

DESMATAMENTO

Elefantes indianos estão sofrendo com a falta de habitat e conflitos com seres humanos

5 de julho de 2021
Beatriz Paoletti | Redação ANDA
4 min. de leitura
A-
A+
Foto: Unsplash

De acordo com a CNN, os elefantes na Índia estão perdendo cada vez mais o habitat, o que faz com que sejam expelidos destas regiões e atraídos para plantações em busca de alimentos. Os elefantes estão entrando em maior conflito com humanos nestas áreas, o que vem desencadeando a morte de cerca de 500 indianos todos os anos.

A Índia tem a maior população de elefantes asiáticos do mundo, uma espécie que é considerada estar ameaçada de extinção, sendo que em 13 países foi verificado o declínio populacional deles.

A agricultura e infraestrutura estão tomando os espaços antes considerados selvagens na Índia sendo eles habitats naturais de elefantes por exemplo, devido ao ainda constante crescimento da população indiana, um país com quase 1,4 bilhão de pessoas.

“Um dos maiores desafios na Índia é o fato de que temos menos de 5% das terras reservadas para a vida selvagem, e há milhões de pessoas que vivem nas proximidades ou dentro de nossas áreas protegidas”, fala Krithi Karanth, cientista-chefe de conservação e diretor executivo do Center for Wildlife Studies, com sede em Bangalore, sul da Índia.

Apesar do país ter mais de 100 parques nacionais e cerca de 30 reservas de elefantes, muitos vivem fora das áreas protegidas com cada vez menos habitat, o que faz com que vaguem atrás de alimento e inevitavelmente entram em contato com áreas ocupadas por humanos.

Os elefantes estão atacando colheitas durante a noite, e por pesarem até cinco toneladas comem cerca de 150 kg de comida por dia. Eles se alimentam principalmente, grama, folhas e cascas, mas safras mais nutritivas como cana-de-açúcar, arroz e banana podem ser especialmente atraentes a eles.

“Muitos encontros com elefantes acontecem por acaso”, diz Karanth, que foi recentemente nomeada como “Wild Innovator” pela organização não-governamental (ONG) Fundação Wild Elements, em um novo programa que apoia projetos ambientais globais com lideranças femininas.

Ainda segundo Karanth, agricultores podem morrer acidentalmente quando tentam proteger suas plantações o que, ao tentarem os retirar do local, podem ser mortos por elefantes. “Também documentamos muitas mortes em que as pessoas voltaram para casa à noite e acabaram se deparando com elefantes.”

De acordo com Sandeep Kumar Tiwari, do Wildlife Trust of India e do IUCN SSC Asian Elephant Specialist Group, a Índia é o local que mais ocorre mortes humanas por elefantes na Ásia, sendo os registros indianos representativos entre 70% a 80% desses óbitos.

Tiwari diz que o conflito entre humanos e elefantes impacta cerca de 500 mil famílias em todo o país, principalmente por causa dos danos causados pelo animal nas plantações. Além disso, todo ano morrem entre 80 e 100 elefantes por ação humana, que morrem envenenados, eletrocutados e envenenados.

Tiwari complementa que resolver a situação das relações conflituosas entre humanos e elefantes será complicado e por isso exigira esforço governamental, de civis e de protetores de animais, que devem se unir para resolverem o problema tanto a curto quanto a longo prazo.

Algumas medidas para se espantar os elefantes é o uso de luz e barulho para assustar os animais, apesar que isso pode ter efeito curto porque podem se acostumar. Além disso, plantar safras que não interessam os elefantes pode ajudar a manter os elefantes longe das plantações. Os grupos comunitários também podem ser treinados para guiar os elefantes de volta à floresta e longe das plantações.

Comunidades rurais também poderiam receber ajuda do governo além das compensações para famílias que sofreram perdas a partir da relação entre elefantes, mas que muitas vezes se mostram insuficientes por demorarem demais para as pessoas a receberem.

A fim de ajudar as comunidades rurais a ter acesso à compensação, Karanth desenvolveu um programa, Wild Seve, que, a partir dele podem ligar para um número gratuito e sua equipe avaliará os danos e os ajudará a enviar a papelada necessária para fazer uma reclamação. O programa já realizou 18 mil pedidos de indenização e recebeu quase US$ 800 mil de indenização nos últimos cinco anos e meio.

Tiwari acredita que a forma mais eficaz de resolver a questão dos elefantes perdidos e que invadem áreas ocupadas por humanas é restaurar e proteger áreas florestais e corredores de migração, já que esses últimos integram áreas de habitat natural. Os preservar significa que os animais têm menos motivos para se perder nas fazendas. 101 destas faixas foram identificadas pela Wildlife Trust of India, junto com o Ministério do Meio Ambiente, que segundo eles, precisam ser protegidas. Projetar infraestrutura para a vida selvagem também pode ajudar a manter a conectividade para esses corredores.

Considerando que o elefante é um animal sagrado para a cultura hindu em grande parte, visto como a encarnação do deus Ganesh, tanto Tiwari quanto Karanth acreditam que por esta questão da religiosidade os indianos respeitam os elefantes e apresentam alta tolerância a eles. Karanth alerta contra a complacência, mas está otimista de que a situação vai melhorar.

“Há uma profunda afinidade religiosa e cultural com esse animal”, diz Karanth. “Tenho esperança de que as pessoas façam mais pelos elefantes por causa dessa afinidade.”

 

 

Você viu?

Ir para o topo