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"Ele é um psicopata, disse que ia me matar", desabafa tutora de cachorro morto por PM

18 de junho de 2015
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Advogada nega que animal tenha feito xixi na grama da casa do PM Reprodução/Facebook
Advogada nega que animal tenha feito xixi na grama da casa do PM
Reprodução/Facebook

O último sábado (13) começou normalmente para a soteropolitana Bruna Holtz Carvalho, de 26 anos. Pouco mais de um mês após se mudar a trabalho com a família do Rio de Janeiro para Teixeira de Freitas, a advogada criou uma rotina diária com os seus dois cachorrinhos – Apollo e Bella.
“Antes de tomar café ou fazer qualquer outra coisa eu sempre vou passear com meus filhos”, relatou Bruna em entrevista ao Correio24horas. Tudo mudou quando Apollo, um buldogue francês de quatro anos, foi morto a tiros pelo vizinho da advogada, um tenente da Polícia Militar, identificado como Wilson Pedro dos Santos Júnior, de 40 anos.
A atitude do militar chocou o Brasil e ganhou repercussão nacional. A advogada disse que está com muito medo após o crime.
“Ele é um louco, um psicopata. Disse que ia me matar. Estou temendo pela minha própria vida. E ele está na casa dele, como se nada acontecido, com a arma dentro de casa”, desabafa Bruna, que morava com o marido e os animais no condomínio desde o retorno para a Bahia.
“Compramos ele [Apollo] aos dois meses. Ele era um cão de pedigree, dócil, adestrado. Manso demais. Todo mundo no condomínio conhecia os meus cachorros, as crianças e os idosos brincavam com ele. Nunca houve problema com ninguém aqui”, garante a advogada.
O desentendimento com o tenente começou na sexta-feira (12), Dia dos Namorados. “Neste dia, a minha cachorra cheirou o jardim dele durante um passeio de rotina. Quando eu voltei pra casa do passeio tinha uma carta embaixo da minha porta me ameaçando”, disse Bruna.
Na carta o militar teria acusado um dos cachorros de Bruna de invadir o jardim da casa dele e escavado a grama, e a ameaçou caso o comportamento se repetisse.
“Só que isso não aconteceu. Ela [Bella] não cavou nada. Eu fui lá [na casa do tenente] conversar e entender o que tinha acontecido, mas ele me disse ‘eu não tenho nada para falar com você’ e chutou a porta na minha cara”, relata.
A advogada conta que procurou o porteiro e a síndica do condomínio Atlântico Ville para registrar uma ocorrência contra o tenente. “Quando eu fui falar com a síndica, ela me disse que ele era descontrolado, que já tinha agredido o porteiro e se envolvido em outras brigas na condomínio. Que já haviam outras queixas contra ele. Foi aí que soube que ele era tenente da polícia, e resolvi deixar o caso para lá”.
Na manhã do dia seguinte, Bruna disse ter seguido a rotina diária de passear com os cachorros – ou os filhos, como se refere aos animais. “Perto da casa dele, umas duas casas antes, a minha cadela foi fazer as necessidades dela. Ele estava na varanda com o filho no colo. O menino sorriu para os animais, mas ele ficou me encarando com o olhar de ódio”, relata a advogada.
“Eu catei o cocô e fui embora. Só que aí ele veio atrás de mim com uma arma, perguntou ‘você me conhece de onde?’ e sacou a arma. Ele [o tenente] disse que ia matar e só não conseguiu porque eu consegui pegar um dos meus filhos e fugi. Ele disse que ia matar todo mundo”.
Momento em que o PM atira em um dos animais foi registrado por uma câmera de segurança do condomínio onde eles moram. “Eu ouvi os tiros e percebi que ele estava executando o meu filho. Pulei o muro, e os vizinhos estavam chorando, todo mundo chocado”, comenta Bruna.
Assista abaixo o vídeo que mostra o momento em que o cachorro é baleado e morto pelo policial:

Segundo a soteropolitana, ela teve dificuldades em fazer com que a polícia chegasse ao local do crime. “Eles estavam dificultando o trabalho, não queriam ir. Ele fugiu. A polícia não me deu amparo nenhum, só me ouviu e disse que ia buscar ele para fazer o flagrante. Só que alguns vizinhos, um juiz e outros advogados que moram aqui e viram tudo, ficaram chocados e conseguiram mobilizar as autoridades”.
A intenção da advogada agora é procurar o Ministério Público para pedir que o tenente da PM seja denunciado por tentativa de homicídio. “Quero comprovar isso. Ele tentou me matar. No vídeo dá pra ver que ele atira no meu cachorro e vai atrás de mim. Ele só não me mata e não mata o meu outro cachorro porque viu que eu pulei o muro”, garante Bruna Holtz.
Apollo, que foi baleado três vezes, morreu no local. Ainda de acordo com a advogada, ele foi enterrado no sábado (13), na faculdade onde o marido dela trabalha em Teixeira de Freitas. A Polícia Militar afirmou que o tenente Wilson Pedro dos Santos Júnior, lotado na Colégio de Polícia Militar (CPM) de Teixeira de Freitas há três anos, foi afastado das funções enquanto durar a investigação do caso.
De acordo com o tenente-coronel Valci Serpa, diretor do CPM, Wilson Pedro já respondia a outro processo disciplinar da corporação, que estava em fase final, e tramitava na cidade de Medeiros Neto. A polícia não informou o motivo da abertura do processo. Uma sindicância foi instaurada para analisar o caso, e o militar poderá ser expulso da corporação.
Ele foi ouvido na delegacia de Polícia Civil e liberado em seguida. A advogada Bruna Holtz Carvalho também já foi ouvida.
Fonte: Correio da Bahia 

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