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Veja a dor que vende na farmácia

2 de novembro de 2013
4 min. de leitura
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Revista que circula pelas salas de espera de consultórios, muito lida e ‘vista’ pelos que formam suas opiniões a partir de textos tendenciosos, publicou capa debochando dos contrários ao uso de animais em experimentos científicos. A revista afirma que, se amamos, temos que viver sem remédios. Ou seja, ou amamos ou buscamos a cura. Essa é uma mentira fácil de se desmascarar.

O conhecimento pode vir do amor, pode vir do sentimentalismo e também pode vir, e deve, da ética. O fato de você ‘não conhecer ninguém que não tenha se beneficiado do conhecimento científico’ não significa que essas pessoas não existam, nem que o método esteja correto. A medicina usa até hoje o conhecimento que adquiriu nos campos nazistas, por exemplo. O que se sabe segue sendo utilizado, mas os métodos podem mudar. A lenga-lenga de que todo mundo reclama dos maus-tratos mas usa xampu testado é outra falácia, pois existem produtos não testados. E existem alternativas ao uso do modelo animal. A homeopatia é aplicada e autorizada – até com reserva de mercado – pela medicina. A homeopatia para animais é ‘testada’ em humanos. Mas quem lucra com uma cura reconhecidamente tão barata?

Aliás, de falácia em falácia, os que apoiam o uso de cobaias seguem com agressividade e suposta ‘isenção de sentimentalismo’. O que na verdade é bem evidente quando transborda a raiva que sentem por não terem mais argumentos em favor do que defendem. Os testes feitos em animais de espécies diferentes não livraram as substâncias de serem potencialmente perigosas ou mortais. Muitas dessas drogas são retiradas do mercado por causar males – testadas em toda a cadeia animal, voltaram rebatizadas. Ou seja, vende na farmácia… continua com os efeitos escritos na bula… O caso mais recente foi o anticoncepcional Diane 35.

“Ray Greek e Jean Greek listam as drogas retiradas dos mercados britânico e estadunidense, entre 1980 e 1986. Apesar de serem resultado de testes em milhões e milhões de animais, revelaram-se tóxicas e, em alguns casos, letais, em seres humanos”. A autora de ‘Ética e Experimentação animal – Fundamentos Abolicionistas’, Sônia T. Felipe, lista medicamentos, efeitos desejados, adversos ou letais e a data de sua retirada do mercado. “Nos Estados Unidos da América do Norte, ainda de acordo com as revelações contidas no livro desses dois autores, a Food and Drug Administration (FDA) retirou do comércio drogas vendidas como medicação humana, por sua toxicidade ou letalidade, após terem sido largamente testadas em animais”.

A filósofa revela exemplos bem conhecidos de todos, mas vou citar somente o caso da sumatriptana, analgésico forte contra a enxaqueca. “Sumatriptan – para dor de cabeça. Ataque cardíaco e morte por constrição das artérias coronárias em pessoas saudáveis, e outras doenças cardíacas, rebatizado”. Esses medicamentos vão e voltam ao mercado, sob novo nome. A indústria farmacêutica, a indústria da vivisecção, que fornecem as gaiolas, apetrechos e animais vivos ou mortos para pesquisadores pouco interessados em pesquisar as alternativas a esse mercado, vai lucrando com as farmácias cheias de gente. Gente que nada sabe mas tudo opina sobre os testes em animais. Por meio da curiosidade científica, pode-se descobrir novas formas e alternativas. As alternativas ao modelo animal já existem, porém elas ainda não são usadas porque há interesses outros e há muita acomodação por parte de cientistas dogmáticos. Há universidades, escolas, hospitais veterinários e humanos, países inteiros, enfim, que aboliram o uso de animais nos laboratórios. Mas os ‘entendidos’ no assunto desconhecem esses lugares.

Já fui de um comitê de ética no uso de animais em pesquisa e posso afirmar que são uma farsa gerada pela Lei Arouca. Já trabalhei com pesquisadores e sei que, quando dogmáticos, não importa o resultado, mas sua publicação. Essa vai para os que vivem da farsa do ‘fazer ciência’ às custas de animais… vocês só serão pesquisadores no dia em que descobrirem um método para conhecer sem explorar. Até então, serão repetidores do senso comum, reprodutores de preconceitos e de conhecimento inútil.

No site pcrm.org é possível conhecer médicos, pesquisadores, pesquisas e alternativas ao uso de animais no ensino e pesquisa, e pelo veganismo. No blog coelhofelizpoa.blogspot.com, maquiagem e produtos de beleza cruelty-free são testados por uma vegana. E no livro ‘Ética e Experimentação Animal – Fundamentos Abolicionistas’, Sônia T. Felipe derruba os mitos da necessidade de testes.

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