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Dois macacos-prego são feridos por descargas elétricas em rede de energia do Rio

29 de setembro de 2022
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Foto: Reprodução | Redes Sociais

A mistura de floresta e ambiente urbano no Rio cria uma convivência nem sempre harmônica entre os animais silvestres e a selva de asfalto, com seu emaranhado de fios elétricos. Apenas na última semana, dois macacos-prego foram vítimas de descarga elétrica no Rio. O primeiro caso aconteceu no último dia 23, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade. No dia seguinte, outro animal foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros no Alto da Boa Vista.

Os dois foram levados para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), do curso de veterinária da Estácio. O macaco resgatado na Barra teve lesões no braço e na boca, mas será liberado para voltar à natureza nos próximos dias. Já o animal ferido no Alto da Boa Vista não resistiu. Ele estava com feridas graves e membros carbonizados.

De acordo com o biólogo e veterinário do Cras Jeferson Pires, os animais mais atingidos por choques elétricos nos fios da cidade são macacos-prego e bichos-preguiça. O aumento de animais resgatados devido à eletrocussão se deve à chegada da primavera, período de reprodução dessa fauna, explica o especialista.

“Geralmente no período da primavera temos mais pais e filhotes circulando na cidade. Os pais passam a procurar mais alimentos e começam a se arriscar em áreas novas. Com isso, acontecem os casos de eletrocussão”, destaca Pires.

Em média, são 80 animais vítimas de descargas elétricas por ano e levados para o centro veterinário. Contudo, Pires ressalta que o número de bichos feridos pode ser ainda maior. O balanço é feito apenas com aqueles atendidos no Cras, mas alguns fogem ou morrem após levarem o choque e não são contabilizados. A maior parte dos casos acontece no entorno do Alto da Boa Vista e nos bairros da Tijuca e da Barra da Tijuca.

Patas, abdômen e face

A maioria dos animais que chegam ao centro veterinário tem duas partes do corpo queimadas, porque a descarga elétrica tem um ponto de entrada e outro de saída da corrente. Geralmente, são afetadas as patas e as laterais do abdômen. Em alguns casos, a face também é atingida.

O biólogo ainda faz um alerta sobre a reintrodução na natureza dos animais tratados no centro. Ele destaca que esses animais sempre precisam voltar para o seu local de origem, principalmente por já conhecerem aquele território:

“Normalmente, esses animais vítimas de descarga elétrica morrem ou ficam impossibilitados de retornar para a vida livre. Eles acabam perdendo patas, e pode ser uma situação incompatível com a sobrevivência na natureza. Quando eles não podem ser soltos, eles são levados para o centro de triagem do Ibama, em Seropédica, para que eles escolham um local adequado para receber os animais”.

A Secretaria municipal de Ambiente e Clima informou que, somente este ano, a Patrulha Ambiental resgatou 3.810 animais silvestres na cidade. O registro já supera o dos dois últimos anos: em 2021, foram 1.725 casos, e em 2021, 1.477. Segundo a pasta, os bairros onde há mais chamados são Barra da Tijuca, Campo Grande, Recreio dos Bandeirantes, Taquara, Botafogo, Freguesia (Jacarepaguá), Anil, Guaratiba, Tijuca e Laranjeiras.

Já em relação aos animais feridos, Jeferson destaca que o centro veterinário recebe por ano, em média, 3.600 animais silvestres machucados de todo o Estado do Rio. A maioria é resgatada por traumas, como atropelamentos, ataques por cachorros e até ferimentos por linhas de pipa. Desses, 1.600 são gambás. O biólogo explica que o animal é muito atacado por cachorros domésticos:

“Nessa época de primavera, os gambás invadem terrenos e quintais em busca de comida. Com isso, são atacados por cachorros. Em alguns casos, a mãe morre com os filhotes na bolsa”.

O veterinário também dá sugestões para quem encontrar animais silvestres em área urbana ou em risco, fora do seu habitat. Na capital fluminense, basta ligar para a patrulha ambiental, pelo número 1746. Em outras regiões do estado, é necessário procurar as secretarias de Meio Ambiente municipais ou a Secretaria estadual do Meio Ambiente. Em todos os casos, a recomendação é não alimentar ou oferecer abrigo aos animais.

Fonte: Extra

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