Defensores dos direitos dos animais exigem a demissão do veterinário do canil municipal de Évora, que recentemente abateu sete cães saudáveis alegando ter um “orçamento limitado”. Uma manifestação está marcada para segunda-feira em frente à autarquia.
O apelo surgiu através do Facebook depois de ter se tornado público o abate de sete animais, cinco dos quais com processos de adoção já em curso.
Ontem, à medida que centenas de utilizadores confirmavam a presença na manifestação, subiam também de tom as críticas à atuação do veterinário. Palavras como “assassino” e “talhante” repetiram-se vezes sem conta em vários comentários.
Os organizadores do protesto garantem que o objetivo é “manifestar a revolta e a indignação pelos atos desumanos e cruéis” que dizem terem sido cometidos por António Flor Ferreira. Acusações que o veterinário rejeita.
O abate foi inicialmente denunciado à Câmara Municipal pelas duas veterinárias que trabalham no canil sob as ordens de Flor Ferreira. Queixavam-se de sofrer “pressões” do superior hierárquico para eutanasiar animais “devido aos custos associados à sua manutenção”. Dos sete abatidos, três estavam com processos de adoção em fase final, com tutores já definidos, e dois em fase inicial. As veterinárias garantem ter alertado Flor Ferreira. “Quando confrontado com a situação, disse apenas que os animais não poderiam ficar mais de um mês no canil e que por isso seriam abatidos. “Muito embora o canil não se encontrasse cheio”, pode ler-se no documento que circula na Internet.
Alexandra Moreira, advogada e sócia de várias associações de defesa dos animais, diz que a atitude é “abusiva e ilegal. Os cães, que lá estavam há apenas cerca de dois meses, já pertenciam a outras pessoas”. Rejeita a morte “por questões financeiras”, uma vez que, diz, “um abate ronda os 60 euros”. “Foram gastos 420 euros para matar, dinheiro que dava para alimentar muitos animais”.
Veterinário nega acusações
O veterinário municipal de Évora refutou ontem todas as acusações, garantindo que agiu em conformidade com a lei. Sublinhou ainda estar sendo vítima de “calunias”.
“Estes animais já estavam há 60 dias no centro de recolha oficial (…) e não estavam dados para adoção, porque quem decide a adoção sou eu e ninguém me deu conhecimento de que havia pessoas interessadas”, afirmou António Flor Ferreira, em declarações à Agência Lusa.
“As adoções são extremamente difíceis, porque receber um animal requer condições para o ter. A legislação determina que nós vamos verificar e nem toda a gente as tem”, alegou. Adiantou ainda que o centro de recolha oficial de Évora possui “muitas fichas de inscrição para adoção”, mas garantiu que “as pessoas quando são contatadas para irem buscar os animais, muitas vezes já não os querem”. Como o centro “tem espaços limitados e orçamentos limitados, os animais não podem permanecer por tempo indeterminado”, concluiu.
Fonte: Jornal de Notícias