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Cria de urso morta na Suíça vai servir para ensinar que a “natureza é cruel”

29 de junho de 2014
3 min. de leitura
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Foto: PASCAL PAVANI/AFP/ARQUIVO
Foto: PASCAL PAVANI/AFP/ARQUIVO

O caso é polémico, tão polémico como o abate feito neste ano por um zoo dinamarquês de uma girafa e quatro leões saudáveis. Na Suíça, uma cria de urso foi morta por ser vítima de ataques e negligência pelos pais. Foi agora anunciado que o corpo do animal vai ser empalhado e exibido para ensinar às crianças que a “natureza é cruel”.

A cria de urso e uma outra estavam aos cuidados de um casal de ursos no jardim zoológico de Dahlholzli, em Berna, Suíça. Após cerca de três meses de convivência, uma das crias foi morta pelo macho Misha a 2 de Abril. Após a morte do animal, a outra cria, de cinco meses, começou a sofrer ataques de Misha e a ser negligenciada e ignorada pela fêmea Masha. O comportamento dos dois animais não sofreu alterações nos dias que se seguiram e o zoo decidiu matar a cria a 7 de Abril. “Como um zoo e como cuidadores de animais somos obrigados a agir quando um animal irá sofrer desnecessariamente. Isso era claro no caso de 4 [nome dado à cria abatida]”, explica o espaço num comunicado avançado no seu site.

O jardim zoológico argumenta que Misha nunca foi separado da fêmea e das crias, devido à proximidade entre o casal de ursos e ao stress que uma separação iria provocar em ambos os animais. Esses problemas ocorreram, segundo o zoo, durante tentativas de separação que foram feitas em Abril e que resultaram no afastamento da fêmea das crias e numa procura constante pelo macho.

O zoo rejeitou a hipótese de afastar as crias do casal de ursos, apesar do seu comportamento agressivo e negligente. “Separar as crias não era uma opção porque apenas através da criação por humanos iria funcionar. Isso levaria a ursos falsamente influenciados.”

O corpo da cria 4 foi congelado e esta semana o zoo anunciou que foi entregue a um taxidermista para que fosse empalhado, através da separação da carne do animal da sua pele, que irá ser aproveitada para cobrir um molde de plástico com tamanho real. O objectivo é que depois o animal empalhado seja colocado em exposição. O zoo considera fundamental que adultos e crianças entendam que os animais devem ter uma experiência em cativeiro tão próxima quanto possível da que teriam em liberdade e que devem ter contacto com “materiais de origem animal”, como peles, ossos ou animais empalhados.

“Uma experiência emocional deve ser prioritária, o que aproxima a natureza das crianças com todas as suas facetas – boas ou não – e torna-as tangíveis”, defende o jardim zoológico.

Em declarações ao jornal suíço Berner Zeitung, após o abate da cria de urso, Sara Wehrli, responsável pelo Departamento de Animais Selvagens da Protecção Animal suíça, afirmou que o jardim zoológico agiu de forma “irresponsável” na forma como cuidou dos ursos. “Os ursos são animais solitários e precisam de espaço e em jardins zoológicos já existem muitos ursos castanhos. Deixar que houvesse uma gravidez foi errado. Não se pode deixar animais selvagens em cativeiro entregues à sua natureza”, sustentou a responsável. “Quem cuida deles deve assumir a responsabilidade pelos animais”, concluiu.

Em Fevereiro deste ano, o Jardim Zoológico de Copenhaga, Dinamarca, também eutanasiou uma girafa saudável, provocando reacções de repúdio a nível internacional. O zoo disse na altura que apenas se limitava a cumprir as regras impostas pela Associação Europeia de Jardins Zoológicos, nomeadamente que a reprodução entre animais geneticamente parecidos deve ser evitada. Um mês depois, o mesmo zoo anunciou que abateu quatro leões para receber um novo macho. A presença dos quatro animais era incompatível com a chegada do novo animal.

*Esta notícia foi escrita, originalmente, em português europeu e foi mantida em seus padrões linguísticos e ortográficos, em respeito a nossos leitores.

Fonte: Mundo P

 

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