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Condenado à morte, cão Scooby vive bem após tratar leishmaniose em MS

7 de junho de 2015
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Sibele e Scooby dois anos depois do tratamento (Foto: Sibele Cação/ Arquivo Pessoal)
Sibele e Scooby dois anos depois do tratamento
(Foto: Sibele Cação/ Arquivo Pessoal)

Três anos depois de ser alvo de debates sobre a leishmaniose e a morte induzida em Campo Grande, o cão Scooby tem uma vida saudável depois de passar pelo tratamento da doença. Atualmente ele está sob a guarda provisória da veterinária Sibele Cação, que defendeu o tratamento do animal na época, quando era cogitada a morte induzida, conforme normas do Ministério da Saúde.
Na sexta-feira (5), Sibele publicou em rede social uma foto em que aparece de rosto colado com Scooby. Na legenda, ela diz que o cão está “feliz com a decisão da Justiça”, que proibiu a morte induzida de animais com leishmaniose, como forma de controlar a doença na capital de Mato Grosso do Sul.
Ao G1, Sibele disse que a decisão abre portas para a discussão sobre o tratamento entre profissionais da área, a sociedade e o poder público.
“Como bem diz o magistrado, nós não podemos viver como na Idade Média. É incabível isso. O mundo inteiro trata e o Brasil quer matar por quê? Porque quer nos rotular como incapazes de tratar e ser responsáveis? A impressão que eu tenho é essa. […] Não podemos ser impedidos de tratarmos nossos cães”, ressaltou.
Em 2012, Sibele era presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) e foi destituída do cargo por ter defendido o tratamento contra a leishmaniose em cães publicamente.
“Eu sabia o risco que eu estava correndo, eu sabia que as pessoas que discordavam do que eu falava iam se mover, me retaliar, mas para mim a perde de um mandato é insignificante diante da possibilidade de salvar uma vida, mesmo que seja a vida de um cão. A minha concepção de vida é ter respeito e carinho enorme pela natureza de uma forma em geral, ainda mais pelos animais. Eu quis ser veterinária um dia pelo meu intenso amor pelos animais”, explicou.
Símbolo de luta
Scooby ficou conhecido após ter sido amarrado em uma moto e arrastado pelo tutor até o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), em julho de 2012. Logo após chegar ao local, um exame atestou que ele tinha leishmaniose.
Internautas fizeram uma campanha para que Scooby não fosse morto, então o mascote foi levado a uma clínica veterinária no dia 30 de julho de 2012, com autorização da prefeitura de Campo Grande, para que recebesse tratamento contra a doença.
Depois de meses de tratamento, a veterinária responsável pelo procedimento entregou relatórios para a prefeitura e o cão voltou para o CCZ, de onde saiu em janeiro de 2013, após decisão judicial que atendeu pedido feito pela ONG Abrigo dos Bichos.
A entidade pedia a guarda provisória do animal e depois conseguiu na Justiça o direito à lar temporário. “Estou com a guarda dele desde início de 2013. O que eu espero é que, tendo essas decisões, finalize logo esse processo que diz respeito a guarda dele. Ele ficou um período curto sob a responsabilidade efetiva do Abrigo dos Bichos, e na sequência, teve uma autorização para ir para lar temporário”, explicou Sibele.
Mais que um exemplo de tratamento que deu certo, Scooby também virou símbolo da luta contra a morte de animais com leishmaniose, segundo Sibele.
“Eu sabia o que o Scooby representava, ele representa a luta para manter a vida de outros milhares de cães, representa também tantos outros que já morreram de maneira injusta, sem nenhuma chance ao tratamento. A incidência da doença nos cães continua, então é importante que as pessoas saibam que podem tratar”, refletiu.
Ela garante que o tratamento contra a doença não é “um bicho de sete cabeças”, mas diz que o acompanhamento da saúde do animal é para o resto da vida. “Existem vários protocolos e alguns bem acessíveis à maioria da população. O mais importante para o sucesso de um tratamento é o diagnóstico precoce, porque o animal vai ter mais chances de se recuperar sem ficar com sequelas”, recomendou.
Fonte: G1

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